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Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Arquibancada já ecoa grandes estrelas desta Copa singular

Iranianas e ministras alemã e belga tornam-se símbolos da resistência contra a discriminação, a censura e demais formas de opressão

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Atualizado em 25 nov 2022, 13h14 - Publicado em 25 nov 2022, 12h56

Dourada de popularidade e simbolismo, a Copa atrai diversos palanques. Políticos, econômicos, ambientais, humanitários. Convém distinguir os oportunos dos oportunistas, e decidir em que lado da História se deseja ficar.

O desabafo libertário das iranianas, impedidas de frequentar estádios na terra natal, enquadra-se no primeiro tipo. Dificilmente as arquibancadas ecoarão neste Mundial coro mais significativo. Perseguem a distante igualdade.

À mesma categoria pertence a braçadeira colorida (One Love) que seria usada pelos capitães de Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Suíça, Dinamarca. Solidarizariam-se com a comunidade LGBTQIA+, violentada no anfitrião e noutros tantos países, e com as demais vítimas de preconceitos estruturais.

Ao proibi-la, a Fifa alega fidelidade ao Catar, onde homossexualidade é crime, e à neutralidade estatutária. Derrete, assim, o teatro da diversidade encenado na cerimônia de abertura.

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O veto constitui o avesso da proclamada isenção. Posiciona-se contra as emergências humanitárias às quais se incorporam esforços para banir do esporte, e da sociedade em geral, discriminações seculares.

Não falta coerência à mandatária do futebol. A posição replica a complacência com desumanidades denunciadas por organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch.

A vista grossa insere a Copa atual na segunda categoria de palanque. O torneio converte-se em polimento para regimes de reputações opacas.

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A jogada é recorrente. Fora aplicada, por exemplo, na Rússia, quatro anos atrás, e na Argentina, em 1978.

A tática se repete em 2022. Financiado por uma bolada sem precedentes, o embarque nos ventos totalitários pretende-se dissimulado por discursos oficiais de dicção pluralista. Frágeis como mensagens na areia, não resistem à arrebentação dos fatos.

Ancorada em sanções esportivas e financeiras, a censura à braçadeira alcança só o recuo circunstancial de atletas e seleções. Tiro no pé. Em vez de sufocar os manifestos contra a opressão, desperta mais vozes dispostas a vencer a retranca obscurantista.

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Muitas e muitas delas não podem ser caladas com multas, cartões amarelos, inversamente endereçados a quem combate a discriminação. Vozes como a de Richarlison, cuja vitalidade estende-se à militância contra o preconceito.

Com a precisão de um voleio perfeito, o atacante ensina: o direito universal à expressão não se curva a cartilhas próximas da mordaça. Especialmente quando clama pelos oprimidos.

Nancy Faeser emitiu o mesmo recado. Ao estampar a braçadeira proibida nas barbas da Fifa, a ministra alemã contra-atacou brilhantemente. Nenhuma pompa, fortuna, arbítrio institucional há de asfixiar a batalha por mundo mais igualitário, justo, fraterno.

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A ministra belga Hadja Lahbib acompanhou a colega. Ponderou: “A proibição não se aplica à arquibancada”. Dela evocava seu mais precioso canto: o fervor democrático.

Hadja, Nancy e as torcedoras iranianas nem precisaram entrar em campo. Já são grandes estrelas da Copa. Brilharam infinitamente ao lembrarem o lado certo da História.

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Reserva misteriosa

As redes estão certíssimas. Arrascaeta no banco uruguaio equivale quase a Natal sem Noel. O planeta Terra terá de renascer para encontrarmos uma explicação.

 

Alexandre Carauta é doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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