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Por Tati Lund e Felipe Villela
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O outro lado do novo coronavírus

Para celebrar o Dia da Terra, algumas reflexões e notícias boas sobre os tempos de quarentena

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Atualizado em 22 abr 2020, 18h41 - Publicado em 22 abr 2020, 18h16

Já virou rotina ligar a televisão e escutar o número de mortes diárias ou de casos crescentes pelo mundo. Nenhum de nós nunca pensou em viver uma situação tão extrema e temida. Caos, desemprego, fome, isolamento e angústia em não saber o que irá acontecer.

Somos otimistas por aqui e acreditamos que em todo colapso há uma oportunidade para mudança. Quem sabe não teremos essa chance? Vivemos na sociedade da falta de tempo, será que agora essa pausa necessária nos dará o tempo para refletir? Construir uma humanidade mais igualitária e solidária, uma economia circular e colaborativa, um modo de viver em parceria com o planeta?

Hoje no Dia da Terra, queremos trazer algumas reflexões e notícias boas nesses novos tempos de quarentena e COVID-19. Essa data foi criada pela ONU para promover a consciência sobre a importância do desenvolvimento sustentável e preservação do meio-ambiente. Ela é importante para refletirmos a respeito de como nossas ações impactam a vida no planeta. É também momento para cobrarmos medidas mais eficientes de preservação da natureza e principalmente mudar de comportamento para que consigamos deixar um futuro próspero para as próximas gerações.

O melhor lado da história da pandemia: uma onda de ações solidárias invadiu o mundo todo. Finalmente fomos capazes de nos dar as mãos. Temos grandes guerreiros na linha de frente dos hospitais, campanhas de doações por toda parte, financiamentos coletivos para ajudar pequenos negócios a sobreviver e por aí segue um tsunami de boas atitudes que nos mostram a nossa imensa capacidade de mobilização. O melhor a fazer nesse momento é focar no pensamento coletivo e se dedicar ao próximo. Essa já é uma virada para nossa sociedade individualista e um grande motivo para celebrar. Com tantas iniciativas legais surgindo, quem sabe isso não fica como um aprendizado pra gente construir uma sociedade colaborativa?

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Colaboração
(Arquivo Unsplash/Divulgação)

O planeta também agradece a nossa pausa. Estão correndo diversos vídeos nas mídias com céus mais azuis e águas mais limpas. Quem não viu os canais de Veneza cristalinos novamente? Ou ainda a Baia de Guanabara com peixes e tartarugas à vista? Ou, mais impressionante, a queda de índices de poluição no ar da China captadas pelas imagens da NASA? Nunca tivemos uma oportunidade tão boa de vermos claramente nosso impacto no meio ambiente.

Na China e Itália cientistas já confirmam: os níveis de dióxido de carbono e dióxido de nitrogênio no ar diminuíram drasticamente – graças ao cancelamento do tráfego aéreo, à proibição de trânsito de carros pelas ruas e à redução de atividades industriais. Imagens da Nasa mostram a diminuição de gases do efeito estufa no ar da China ao longo de dois períodos: primeiro, antes da quarentena, de 01.01 a 20.01 e, depois, durante a quarentena, de 10.02 a 25.02.

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Imagens de satélite da China (Foto: Twitter Nasa/ Reprodução)
(Arquivo Nasa/Divulgação)

Já em São Francisco, que também está com sua população toda dentro de casa, a concentração média de partículas finas de poluição no ar, nos últimos cinco dias, diminuiu 40%. Em Nova York, por sua vez, a queda deste índice foi de 28% e, em Seattle, de 32%.

A poluição do ar causa, em média, 1,1 milhão de mortes por ano na China e custa à economia chinesa US$ 38 bilhões. No início deste mês, o professor, Marshall Burke, das Ciências da Terra de Stanford projetou que dois meses de bloqueio por coronavírus haviam salvado a vida de 77.000 crianças e idosos chineses apenas da poluição do ar. E ainda, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 91% da população mundial vive em locais em que a qualidade do ar está abaixo do recomendado – globalmente esta condição levaria a cerca de 4,2 milhões de mortes prematuras por ano, em uma estatística de 2016.

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Especialistas, porém, afirmam que as reduções são passageiras: quando os países voltarem às suas rotinas normais, os números voltarão a subir. A questão é: quando a crise passar, será que voltaremos iguais às ruas e às nossas rotinas? Será que estaremos dispostos a enfrentar as mesmas medidas restritivas para mitigar as mudanças climáticas? Os dados referentes à diminuição da poluição atmosférica nos lembram das consequências que o nosso modelo de vida tem na saúde das pessoas, no alto custo ambiental, social e humano.

Outro ponto relevante diz respeito à biodiversidade. Animais silvestres são vistos em pontos turísticos do Rio de Janeiro depois de medidas de isolamento. Abelhas, aves, lagartos, peixes e tartarugas circularam pelo Bondinho Pão de Açúcar e pela Baía de Guanabara. Especialistas acreditam que o isolamento social gerou uma “liberdade” para os bichos circularem. Cenas como essas também foram registradas em diversos países.

Estamos intimamente interconectados com a natureza, gostemos ou não. Se não cuidamos da natureza, não podemos cuidar de nós mesmos. E, à medida que avançamos em direção a uma população de 10 bilhões de pessoas neste planeta, precisamos entrar nesse futuro com a natureza como nosso maior aliado.

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Vale ainda ressaltar que 75% de todas as doenças infecciosas emergentes vêm da vida selvagem. Sendo de extrema importância o fim dos mercados de animais vivos e ao comércio ilegal mundial de animais silvestres, bem como a destruição de espaços naturais e avanço das áreas urbanas. Andersen, diretor executivo do Programa Ambiental da ONU, disse que a prioridade imediata é proteger as pessoas contra o coronavírus e impedir sua propagação. “Mas nossa resposta a longo prazo deve enfrentar a perda de habitat e biodiversidade”.

Apesar de todo sofrimento e consequências negativas para a economia e desenvolvimento social, existem algumas lições gerais que podem ser muito úteis com a pandemia e podem ajudar a prevenir crises no futuro, se estivermos preparados.

Nossa sociedade já estava em crise e falida, com as mudanças climáticas tudo vai se agravar e a chance de ocorrer novas pandemias e catástrofes é ainda maior. A separação entre políticas de saúde e meio ambiente é uma ilusão perigosa. Nossa saúde e bem estar dependem inteiramente do clima e de outros organismos com os quais compartilhamos o planeta.

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(Arquivo Unsplash/Divulgação)

Esperamos apenas que quando tudo isso passar – e vai! – que a gente se mantenha unido e com a mesma força para fazer acontecer. A humanidade depende da ação agora para um futuro resiliente e sustentável.

Seria incrível ouvir falar nos noticiários sobre temas tão relevantes da atualidade como sustentabilidade, regeneração, economia circular e igualdade social, com a mesma visibilidade que o COVID-19. E ainda mais incrível se a humanidade se solidarizasse da mesma maneira e agisse para encontrar soluções. Nós queremos viver para ver a mudança acontecer. E você, acredita em um futuro próspero pós o coronavírus?

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