Terrible Two: como superar os desafios da temida fase dos 2 anos?
Confira nove dicas da Academia Americana de Pediatria com soluções práticas para enfrentar o problema

Sem dúvida uma das transições mais marcantes da primeira infância é o Terrible Two, termo que ficou popularizado por definir a desafiadora fase dos dois anos. Choros ininterruptos, gritos, birras e até mesmo aumento do comportamento agressivo, como o impulso de morder são relatos conhecidos dentro e fora do consultório. Mas doutora, por que isso acontece?
Aos dois anos, as crianças começam a perceber que são indivíduos separados dos pais e exploram essa ideia. Para elas, o objetivo é tomar suas próprias decisões e exercer controle sobre o ambiente ao seu redor. É um período de grande crescimento cognitivo, mas também de intensas emoções.
Uma das características dessa fase é o aumento da frustração. Como as crianças ainda não têm habilidades completas para se comunicar e expressar seus desejos de forma clara, podem se sentir incapazes de lidar com a realidade ao seu redor, o que leva a explosões emocionais. O período dos 24 aos 36 meses também pode ser definido como a “adolescência da infância”. Nossa, que forte! Mas o que explica isso, doutora?
O principal fator que contribui para a irritabilidade das crianças durante o Terrible Two é a falta de habilidades emocionais e de comunicação adequadas para lidar com as frustrações. Os pequenos se sentem prontos para realizar atividades sozinhos, embora não consigam, o que gera decepção. Além disso, o vocabulário nessa idade ainda é limitado, o que impede de se expressar de maneira eficaz. Em vez de verbalizar o que sente, a criança pode reagir com birras ou agressividade.
Grande parte dos pais entra em desespero quando episódios de mordidas acontecem. Por mais assustadores que sejam, é essencial cuidar desses acontecimentos com outros olhos, pois faz parte do processo de aprendizagem da socialização. As crianças nessa idade estão descobrindo como interagir com os outros, mas isso não significa que elas já tenham aprendido a compartilhar ou a lidar com conflitos. As habilidades emocionais e sociais, como esperar a vez ou lidar com a frustração ao não conseguir algo, ainda estão em desenvolvimento.
E aí, doutora, o que fazer?
A primeira atitude dos pais e educadores deve ser a de manter a calma e agir com paciência. Não é o momento de gritar ou punir a criança de forma severa, o que pode piorar o quadro comportamental.
Destaquei nove dicas da Academia Americana de Pediatria que buscam orientar com soluções práticas para os pais nesta fase:
1.Mantenha horários regulares de refeição e sono. Isso auxilia a diminuir os episódios de irritabilidade.
2.Elogie comportamentos que você aprova e converse sobre os que deseja desencorajar.
3.Em hipótese alguma use de comportamentos violentos para correção.
4.Seja criativo e aponte algo engraçado ou interessante quando seu filho começar a choramingar ou se comportar mal.
5.Mantenha as regras simples e ofereça explicações breves. Por exemplo, diga ao seu filho que ele tem que segurar sua mão quando atravessar a rua porque você não quer que um carro o machuque.
6.Deixe que seu filho tenha algum controle oferecendo uma escolha entre duas coisas, como: “Você gostaria de usar seu casaco azul ou jaqueta amarela hoje?”
7.Mantenha o ambiente doméstico seguro. Se você não quer que ele mexa em algo, coloque-o fora de vista, se puder.
8.Persista! Estabeleça limites e seja consistente. Se isso significa que seu filho terá um acesso de raiva completo no mercado porque você não quer comprar uma barra de chocolate, simplesmente remova seu filho da situação e espere até que as coisas se acalmem. Você não será o primeiro pai a deixar um carrinho cheio em um corredor aleatório.
9.Fique calmo. Seu filho vai se alimentar do seu estresse. Conte até 10 ou respire fundo, o que quer que ajude você a manter a calma.