Os sonhos de Sophia Loren: lição de vida e beleza aos 85 anos
Neste semestre, a atriz, que segue estrelando campanhas de moda, estreia novo filme no Netflix
Se Madonna e Sharon Stone devem ser celebradas por terem ressignificado a beleza da mulher sexagenária, mantendo-se sob os holofotes durante todas estas décadas sem abrir mão do lugar de mulheres lindas, pioneiras e sexies, o que falar de Sophia Loren? Prestes a estrear um novo filme no Netflix aos 85 anos e uma das maiores divas do cinema da década de 1960, ela mostra ao mundo que beleza não tem idade.
No seu livro de memórias, “Ontem, hoje e amanhã – A minha vida”, a atriz escreveu que “envelhecer pode ser agradável e até divertido, se você souber usar o tempo, se está satisfeito com o que conseguiu e se continua sonhando”. Este talvez seja o melhor conselho de beleza dado por uma atriz que eu já li. Continue a sonhar! Manter-se planejando e realizando coisas novas, seja viagens, festas, trabalhos, amores, me parece ser realmente o melhor remédio antimonotonia, como diria Cazuza.
Para começar, Sophia deslumbrou o mundo nos anos 50 e 60 com seu talento e beleza sem se adequar a padrões, exaltando sua beleza como ela é – o que realmente não é pouca coisa. O corpo mais arredondado, que hoje poderia ser considerado acima do peso pela indústria cinematográfica, foi exibido sedutoramente num strip-tease que marcou o cinema no filme “Ontem, hoje e amanhã” (1963). Sua imagem de lingerie, muito diferente das atrizes magérrimas ou musculosas dos anos 2000, voltou a circular nas redes sociais como referência de beleza real.
Depois que completou 80 anos, Sophia também continuou a ser requisitada pelo mercado publicitário. Estrelou campanhas de perfume e batom – produtos quase sempre atrelados a garotas-propaganda mais jovens – da Dolce & Gabbana, marca italiana que enaltece suas origens e celebra a figura da mamma poderosa e linda, cercada por sua família.
Neste semestre, Sophia Loren estreia seu novo filme, “La vita devanti a sé”, dirigido pelo filho Edoardo Ponti, no Netflix. No longa, um remake a partir da adaptação do romance do escritor francês Romain Gary, a atriz interpreta Madame Rosa, uma sobrevivente do Holocausto que cuida de filhos de prostitutas em seu modesto apartamento em Bari, no sul da Itália. Entre eles está Momo, um adolescente senegalês de 12 anos que a roubou. Segundo Ted Sarandos, diretor de conteúdo da plataforma de streaming, o filme é uma história “bonita e corajosa, assim como Sophia Loren”.
Alguns poderão dizer que a atriz foi vítima da própria beleza, se submetendo a procedimentos e cirurgias para tentar adiar o passar do tempo. Durante um período, ela foi muito criticada por isso. Mas agora, prestes a completar 86 anos no dia 20 de setembro, podemos perceber que o conceito de beleza inaugurado por Sophia Loren neste início do século XXI vai muito além de pele, cabelo e maquiagem. A coragem com que ela segue realizando novos feitos – seja uma campanha de moda ou um novo filme –, exibindo-se em todas as suas idades, atendendo aos padrões de uma época ou não, é o que a mantém bela, é o que a mantém em sua melhor versão em cada fase da vida. É o que mantém seu brilho no olhar! Viva Sophia!