Coronavírus: a luta dos médicos contra a Covid-19 está marcada na pele
Equipamentos de proteção e necessário excesso de higienização ferem rosto e mãos dos profissionais de saúde que estão na linha de frente
A luta contra a Covid-19 vai marcar para sempre a memória dos médicos. Estamos diante de uma crise mundial na saúde com uma gravidade que a minha geração nunca experimentou. Entramos no mercado de trabalho no fim dos anos 90, quando já havia algum controle e conhecimento sobre o vírus HIV, que matou, desde a sua descoberta em 1981 até hoje, mais de 35 milhões de pessoas no mundo todo. Nunca havíamos enfrentado uma pandemia desta proporção. E a profunda dedicação dos médicos, que, incansáveis, atuam dia e noite nos hospitais, está marcada também na pele deles.
A exaustão e o comprometimento em salvar vidas estão estampados nos rostos desses profissionais, feridos pelas máscaras, óculos, luvas e todos os materiais de proteção que precisam usar. Vimos isso nas dezenas de selfies tiradas por médicos na China, na Itália e em vários lugares do mundo. Essas imagens serão lembradas sempre que, no futuro, se falar dessa terrível crise que estamos enfrentado globalmente. Os itens de proteção de médicos e enfermeiros são como o uniforme desta guerra contra um inimigo invisível, poderoso, silencioso e veloz que ataca a saúde e a vida e ainda compromete vários outros setores da nossa sociedade, como economia, infraestrutura, segurança.
Agora que estamos vivendo a crise do coronavírus de perto no Brasil, vendo adoecer amigos e familiares, amedrontados e assustados com a rapidez com que a pandemia avança, impossível não pensar, com um misto de angústia e admiração, em quem está no front, se expondo para salvar vidas. Recebi ontem a foto de uma amiga, que trabalha em um grande hospital, e já tem pacientes internados com síndrome respiratória grave decorrente da Covid-19. Em pouco mais de duas semanas, desde o início da crise no Rio de Janeiro, suas mãos perderam a camada de gordura e começaram a escamar. Será a luva, o álcool gel e a higienização infinita com água e sabão? Ou uma disidrose desencadeada ou exacerbada pelo estresse? O mais provável é que seja uma combinação de todos esses fatores.
Médica, mãe de dois filhos pequenos e vizinha de um casal de idosos, ela lava as mãos repetidas vezes ao longo do dia, por precaução e medo. Sabe que, por estar na linha de frente, pode ser infectada e correr o risco de transmitir a doença aos que estão perto dela. Médicos também têm medo, por eles, por suas famílias, por seus pacientes. Médicos também ficam exaustos. Médicos também estão sem ajuda em casa. Médicos também estão ensinando o dever da escola aos filhos e cozinhando. Médicos também se preocupam em fechar a conta no final do mês. Médicos também estão sendo afetados financeiramente pela crise, como tantos brasileiros.
Médicos não escolhem a profissão pensando em ser super-heróis. Médicos são humanos. Como todo mundo, também sentem a pressão e a ansiedade, sofrem de estresse e correm risco de baixar a imunidade por tudo isso. E o mais duro, médicos precisam saber lidar com a frustração pois sabem que apesar de todo o esforço e dedicação podem perder o paciente.
E a pele dos que estão se dedicando a combater a Covid-19 está nos dizendo tudo isso. Nos rostos e nas mãos estão as marcas da difícil guerra que eles estão enfrentando contra o vírus e contra o medo.
Enquanto escrevia esta coluna, pensando neles, resolvi desenvolver uma fórmula exclusiva e bastante atual em parceria com uma farmácia de manipulação, sem conflito de interesses, com ativos que atuam em vários mecanismos: hidratação, cicatrização, recuperação e regeneração das mãos, proporcionando conforto, maciez, luminosidade e tentando impedir que essa descamação evolua com fissuras e infecção secundária. Os profissionais de saúde terão desconto (postarei o cupom no meu Instagram) e quem quiser receber a receita e não tiver meu contato direto pode escrever para o e-mail: danielaalvarenga.vejario@gmail.com.
Encerro a coluna com um agradecimento a todos os colegas que estão lutando bravamente contra esse vírus e brigando por tantas vidas. Nossa profissão me enche de orgulho. Como disse Guimarães Rosa, “o que a vida quer da gente é coragem”. Nós vamos lutar. Podemos perder algumas batalhas mas não perderemos essa guerra. Vai passar. Mas será que seremos os mesmos?