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Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Maio: mês mundial da prevenção do câncer de pele

No Brasil, 30% dos tumores malignos correspondem ao câncer de pele

Por Daniela Alvarenga
Atualizado em 19 Maio 2020, 18h12 - Publicado em 19 Maio 2020, 17h55

Maio é o mês mundial de conscientização e prevenção do câncer de pele. A precisão do diagnóstico, se possível precoce, é fundamental para o tratamento. E o dermatologista, especialidade conferida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que é o profissional que cuida do maior órgão do corpo, é o médico a quem devemos confiar o cuidado de nossa pele. Ele deve ser consultado diante de qualquer lesão duvidosa nova ou que esteja crescendo ou mesmo sangrando.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 30% de todos os tumores malignos do Brasil correspondem ao câncer da pele. Em 2019, foram diagnosticados 180 mil casos  novos da doença no país, o que significa que 1 em cada 4 novos casos de câncer no Brasil é de pele. A dermatologia cresceu muito nas duas últimas décadas, ganhando “subespecialidades”.  Hoje, muitas das vezes, o dermatologista trabalha em parceria com outro dermatologista especializado na Dermatologia Oncológica, reconhecida pela SBD, campo de atuação dedicado a diagnosticar mais precisamente o câncer de pele, para conseguir oferecer o melhor nessa área ao paciente. 

TIPOS DE CÂNCER DE PELE

Nenhum câncer de pele deve ser chamado de “cancerzinho”. Para o diagnóstico ser o mais precoce possível, principalmente porque existem também lesões assintomáticas, um exame dermatológico completo deve ser realizado idealmente ao menos uma vez por ano. Há vários tipos de câncer de pele, sendo os mais comuns o Carcinoma Basocelular, o Carcinoma Epidermóide e o Melanoma. Este mês, o Carcinoma Basocelular (CBC) virou assunto nas redes sociais depois que a cantora Kelly Key contou aos seus mais de oito milhões de seguidores que acabara de passar por uma cirurgia para retirada deste tipo de câncer de pele. 

Mais frequente no mundo e de incidência crescente, o CBC é o de menor letalidade entre todos os cânceres cutâneos. Mesmo assim, pode haver subtipos histológicos mais agressivos localmente, com necessidade de abordagens cirúrgicas mais complexas, além de tratamentos complementares. Sol acumulado e também exposições intermitentes (pouco frequentes, mas intensas ao sol, com queimaduras solares) são os fatores causais mais comuns. Há também síndromes genéticas mais raras, porém de predisposição a esse câncer de pele já a partir da infância. O Carcinoma Epidermóide está mais relacionado a sol crônico acumulado, imunossupressão e pode ter um comportamento mais agressivo que o CBC. 

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Já o melanoma, apesar de menos frequente que os anteriores e representar apenas cerca de 5% de todos os cânceres de pele, apresenta incidência crescente, pode acometer também indivíduos jovens e é um dos mais temidos por seu potencial de gerar metástases. Ele se manifesta de maneira geral como um sinal ou pinta, especialmente nova e modificando. É potencialmente fatal se diagnosticado tardiamente, mas felizmente, com o diagnóstico cada vez mais precoce pelo dermatologista, muitos têm chance de cura já com a cirurgia e ampliação de margens.

FATORES DE RISCO

Dentre os principais fatores de risco para o câncer de pele, devemos observar:

– O tipo de pele (as mais clara com incapacidade de bronzeamento são mais propícias)

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– O histórico de queimaduras solares mesmo que intermitentes e desde a infância

– O histórico de uso de câmeras de bronzeamento (que comprovadamente representam risco devido à emissão de radiação ultravioleta e foram proibidas para fins estéticos pela Anvisa em 2009)

– A imunossupressão, as mutações genéticas

– O histórico familiar

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– Os múltiplos sinais pigmentados pelo corpo (no caso do melanoma).

– O sol exagerado e com episódios de queimadura solar (vermelhidão, descamação e até bolhas) antes dos 18 anos já pode marcar a pele dos jovens de um risco de desenvolvimento do câncer de pele no futuro, e essa incidência pode ser em idades ainda jovens, na dependência do tipo de pele, da frequência e intensidade do sol acumulado. 

 

INFORMAÇÃO, A PRINCIPAL MANEIRA DE SE PREVENIR

Mais protegidos pela maior quantidade de melanina, que atua como um anteparo à queimadura solar, os pacientes negros também não são isentos de risco de câncer de pele, apesar de menos frequente. Há outros cânceres de pele não relacionados a sol acumulado, mas sim à algumas mutações genéticas. Um exemplo clássico é o cantor Bob Marley, que faleceu de melanoma originado em seu pé. Portanto, nem todo paciente com fatores de risco terá câncer de pele, mas por outro lado, há pacientes sem fatores de risco conhecidos que também podem desenvolver alguma lesão suspeita.

O tratamento do câncer de pele na maioria dos casos é cirúrgico, mas deve ser baseado no diagnóstico, no tipo de tumor de pele, na extensão e na localização. Cada tipo e cada paciente receberá as orientações baseadas em seu caso conduzido pelos profissionais credenciados em suas especialidades, dermatológica e cirúrgica.

As medidas de prevenção incluem, em primeiro lugar, a informação correta. Então, não devemos pegar sol? Sol é vida – e digo como dermatologista e atleta amadora de Beach Tennis –, mas não se deve abusar dele, especialmente se a pele é mais sensível, sabendo de seu efeito cumulativo e seu potencial de dano cutâneo no futuro, tanto para o câncer de pele quanto para o envelhecimento. A prevenção primária engloba as orientações quanto à fotoproteção de acordo com o tipo de pele.

Já a prevenção secundária inclui o diagnóstico precoce do câncer de pele. O exame dermatológico completo já pode revelar lesões suspeitas. O especialista conta também, além do olho treinado, com outras ferramentas como lupas, dermatoscópios e até microscópios para o auxílio no diagnóstico in vivo, mas a biópsia cutânea continua sendo o padrão ouro no diagnóstico do câncer de pele.

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“A dermatoscopia digital e o Mapeamento Corporal Total consistem em exames especializados para determinados pacientes de risco para melanoma cutâneo, especialmente os com muitos sinais disformes e histórico pessoal e familiar de melanoma. Seu benefício é a documentação para exames regulares e comparativos, buscando lesões que se modificam ou novas suspeitas de câncer de pele, além de ser um exame bem minucioso e utilizando lentes especiais com aumentos que podem auxiliar no diagnóstico mais acurado do câncer de pele. O intervalo do exame varia de caso a caso”, explica Gabriella Campos, dermatologista especialista pela SBD e PhD em Oncologia pelo INCA, com quem escrevi a quatro mãos esta coluna e com quem divido a responsabilidade do acompanhamento de muitos dos meus pacientes, além do meu próprio. Com esse exame conseguimos detectar pequenas alterações nas lesões e intervir precocemente.

Hoje os pacientes conseguem ter uma indicação mais precisa do que é suspeito e precisa ser operado e podem ficar com menos cicatrizes desnecessárias para lesões benignas. Então, sempre faça um autoexame, conheça a sua pele, e se algo incomodar você ou chamar sua atenção, procure imediatamente seu dermatologista. Não se apavore! Cuide-se!

 

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