Liderança é para quem tem, e não para quem quer
Tempos de crise revelam quem são os líderes natos e os influenciadores reais
Muitos profissionais, seja em qual segmento for, têm como meta se tornar um líder e para isso não medem esforços. Pode ser possível, sim, alcançar a liderança por meio de determinação e extrema dedicação ou mesmo sorte. Num contexto favorável e, digamos, normal, pode ser até que pessoas não tão preparadas ocupem um lugar de liderança, mas não numa crise. Numa pandemia como a que estamos atravessando, lideranças construídas sobre frágeis alicerces desmoronam enquanto verdadeiros líderes, que são os que assumem a responsabilidade e o fardo de iluminar e guiar as pessoas rumo à solução e à esperança, se revelam.
Esta semana, a revista Marie Claire México & Latinoamérica mostrou em sua capa quem são reais líderes e influenciadores que surgem (e que importam) num momento como este, mostrando o trabalho incessante nos hospitais, nos supermercados e até mesmo dentro das próprias casas.
O ego e o poder até podem estar associados à liderança, mas esta só resiste em um contexto normatizado. Quando o parquinho pega fogo, o que importa é estar a serviço de todos e se tornar uma luz-guia – e esta luz é para quem tem e não para quem quer. Jesus, considerado um dos maiores líderes da História, ensinou: “Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo”.
A crise revela os que realmente têm a coragem de enfrentar as adversidades e até mesmo suas velhas certezas em busca de um caminho novo, inspirador e seguro. Como disse Andrew Cuomo, governador de Nova York, citando Franklin Roosevelt, para homenagear os médicos que estão na linha de frente contra a Covid-19: “Coragem não é a ausência de medo, mas a constatação de que há algo mais importante do que ele”.
Um momento de adversidade extrema como o que estamos vivendo faz com que influenciadores de redes sociais sem vocação para serem verdadeiros líderes evaporem como uma bolha de internet, vazia e irresponsável. Nesta pandemia, é fácil identificar quais são os influenciadores das redes sociais que não conseguem disfarçar a falta de empatia e o egocentrismo e quais os que são verdadeiramente consistentes e responsáveis. Mostram a diferença entre a blogueira que faz uma festa em pleno isolamento social, sendo imediatamente cancelada por patrocinadores e seguidores, e a atriz que doa integralmente seu cachê de publicidade para comunidades carentes, o que faz com o que o contratante decida colaborar também com a campanha, e reforça sua imagem como líder nata, inspirando outros artistas e marcas a fazerem o mesmo.
O mesmo tem acontecido no mundo empresarial. Estamos vendo grandes empresas serem aplaudidas e ganharem a adesão de novos consumidores ao assumirem compromissos de responsabilidade social e de saúde pública enquanto outros empresários, tidos antes como líderes, não conseguem disfarçar sua ganância e passam a ser odiados por antigos admiradores.
Ser um líder pode parecer sedutor, mas exige muitas outras habilidades além de determinação e o desejo de liderar. É preciso empatia, responsabilidade e a compreensão de quando é preciso agir em prol de todos, muitas vezes oferecendo até a própria cabeça. Médico não abandona paciente, como disse Luiz Henrique Mandetta, lembrando o juramento dos formandos em Medicina. E um líder nato não abandona os seus, nem os decepciona – muito pelo contrário.