Dezembro Laranja: Mais de 17 mil casos de câncer de pele sem diagnóstico
O mês da campanha de prevenção a melanomas e carcinomas é o momento oportuno para lembrar: prevenir é melhor que remediar
Os números relativos ao câncer de pele no Brasil são preocupantes, e durante a pandemia o diagnóstico foi comprometido. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), mais de 17 mil casos de câncer de pele deixaram de ser diagnosticados em 2020, no auge da pandemia da Covid-19, e os dados mostram que a situação afetou sobretudo a população que tem mais de 60 anos. O Dezembro Laranja, mês que marca a campanha nacional de prevenção ao câncer de pele, é um momento oportuno para lembrarmos o uso correto do filtro solar e, principalmente, a importância do acompanhamento médico e dos exames específicos nos casos recomendados.
Esta pesquisa da SBD, realizada com a consultoria 360º CI, significa, em linhas gerais, que o número absoluto de casos foi 24,7% menor do que no período anterior ao avanço do coronavírus. Em 2021, nos seis primeiros meses do ano (de janeiro a junho), percebeu-se um movimento de retomada gradual do volume de atendimentos, contudo, os números ainda são inferiores aos registrados na etapa pré-pandemia. De acordo com a pesquisa, milhares de casos de câncer de pele potencialmente devem iniciar seus tratamentos com atraso ou ainda nem foram descobertos pelos médicos, o que tem impacto direto nas chances de recuperação e cura dos pacientes.
Criada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a campanha Dezembro Laranja tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos do câncer de pele – melanomas, carcinomas basocelular e carcinomas espinocelular. Falar disso todos os anos é de enorme importância porque o Brasil, um país tropical, registra quase 180 mil novos casos de câncer de pele todos os anos. A doença é considerada a de maior incidência no país!!! Há quem se orgulhe de cuidar bem da pele, mas nunca é demais questionar: você está mesmo se prevenindo da maneira correta para evitar melanomas e carcinomas?
1. Todo dia é dia de filtro solar: A proteção é a forma mais eficiente de se prevenir. Porém, não adianta se for feita apenas nos dias de praia e sol – e pela minha prática médica, é o maior erro dos pacientes. Para ser eficiente, a aplicação do filtro solar deve ser diária, faça chuva ou faça sol, ao acordar.
2. Use corretamente o filtro solar: O protetor solar, de FPS igual ou superior a 30, deve ser aplicado no rosto e no corpo. É necessário aplicar 49 min antes da exposição ao sol e reaplicar até a cada duas horas quando houver exposição direta ao sol, como num dia de praia ou piscina, ou quando houver suor, como durante a prática de exercícios. Não esquecer das orelhas e couro cabeludo.
3. Invista nos acessórios de proteção: Quando exposto diretamente ao sol, use chapéus, bonés, óculos escuros e, se possível, camisas com proteção UV. Eles também contribuem para a prevenção.
4. Cuidem das crianças: Em geral, os pais só aplicam filtro solar nos filhos em dias de sol, piscina e praia. Mas a prevenção ao câncer de pele deve começar cedo, especialmente em famílias com histórico familiar ou de pele, olhos e cabelos claros. Os efeitos maléficos do sol são cumulativos, portanto, começam a contar desde a primeira infância. A exposição solar exagerada e acumulada ao longo da vida é o principal fator de risco.
5. Hidratação para uma pele saudável: Atenção redobrada à hidratação da pele no verão para protegê-la dos malefícios externos. Beba pelo menos 2 litros de água por dia e aplique diariamente hidratante corporal para aumentar a hidratação da pele e preservar a barreira cutânea. Como estes hábitos ajudam a manter uma pele íntegra, indiretamente, isso ajuda a diminuir os efeitos maléficos dos raios ultravioletas.
6. Alimentação inteligente: Priorize alimentos ricos em betacaroteno, como os de cor alaranjada, entre eles, cenoura, para contribuir com a produção de melanina, pigmento que é o protetor natural da pele.
7. Autoexame é válido: É interessante estar sempre observando o próprio corpo, para perceber surgimento de novas pintas, se as pintas que já existem estão crescendo, se estão com coloração diferente e se as bordas estão irregulares. Qualquer suspeita, deve-se procurar um dermatologista. Esta prática pode e deve ser feita também entre familiares, em que um observa a pele do outro à procura de pintas “patinho feio”, ou seja, suspeitas.
8. Acompanhamento médico é fundamental: A consulta anual ao dermatologista é fundamental para o acompanhamento de mudanças e surgimento de pintas. No caso de pessoas com histórico familiar de câncer de pele, este acompanhamento deve ser até com periodicidade menor, com consultas a cada seis meses, por exemplo. Quando detectado na fase inicial, o câncer de pele tem 90% de chance de cura.
9. Tecnologia a serviço da prevenção com exames específicos: Existem exames bastante assertivos na análise da pele e das pintas, como a dermatoscopia, a dermatoscopia digital (Leia mais: Mapeamento das pintas) e a microscopia confocal. Este último é uma bem-vinda evolução da tecnologia a serviço do diagnóstico. Trata-se de um exame não invasivo que permite visualizar estruturas microscópicas da pele sem a necessidade de biópsia através de um aparelho que emite um laser de baixa potência. Tais exames específicos são indicados especialmente para pessoas com maior propensão, como as que já tiveram câncer de pele, quem tem múltiplas pintas, quem tem histórico familiar e pacientes imunossuprimidos e/ou transplantados.
Então, não perca tempo! Previna-se corretamente e procure um dermatologista! A prevenção é o melhor remédio!