Corrida a favor do tempo: menos pressa e mais pausas na rotina
Cada vez mais pessoas descobrem a importância de esquecer o relógio e abrir espaço no dia a dia para o relaxamento e o cuidado consciente
Vivemos na era da velocidade, da hiperconectividade, como se tudo pudesse acontecer na rapidez de um clique. Pressionados por produtividade, prazos curtos e um apelo para incluir cada vez mais atividades em 24 horas, a sensação é de que o tempo voou e, quando nos damos conta, levou com ele a nossa saúde e a nossa felicidade.
De uns tempos para cá, cada vez mais pessoas – incluindo artistas pop e profissionais de comunicação que viviam em ritmo frenético de trabalho – estão tirando o pé do acelerador e descobrindo o valor de uma vida com menos pressa e mais pausas. Tempo livre virou o novo luxo.
Anitta é uma das novas adeptas desse estilo de vida. A cantora tem falado em entrevistas sobre mudanças de hábito em sua rotina, em busca de qualidade de vida, autoconhecimento e reconexão. Numa entrevista para a Vogue, ela explicou esse novo momento: “Eu sempre me dediquei muito à minha carreira. Muito do meu tempo, muito da minha energia e muito de mim. Não tirava férias, não parava nunca e quase não estava na minha casa com a minha família e amigos”. Já William Bonner, ao explicar sua decisão de deixar o Jornal Nacional após 29 anos, também mencionou a necessidade de uma rotina mais suave: “O meu sonho é ter uma atividade bacana, relevante, que não demande tanto de mim, para que sobre o quê? Uma coisa chamada tempo. Eu preciso de tempo”, disse.
Quem se identificou com Bonner e Anitta? Aposto que muita gente. Muitas vezes, só percebemos o quanto a falta de tempo livre prejudica nossa saúde — física e emocional — quando começam os sintomas de burnout: cansaço extremo, insônia, ansiedade, irritabilidade, lapsos de memória e outros sinais de exaustão. A neurociência já mostrou que o sistema nervoso precisa de pausas reais para reorganizar emoções, memória e hormônios. Sem isso, o corpo entra em modo de sobrevivência — e cobra a conta.
Anitta disse, recentemente, que tem se permitido ouvir sua intuição e reservar mais tempo para si mesma. “Não deixo mais me levar pelo imediato ou pelo que os outros estão esperando de mim. Não tenho mais aquela fixação quase exclusiva que eu tinha pela minha carreira. Hoje, eu administro todas as áreas da minha vida de maneira bem melhor e mais equilibrada”, disse. Há sabedoria nisso: desacelerar não diminui ninguém, pelo contrário.
No meu caso, a decisão de pisar no freio veio depois de anos e anos numa rotina intensa de trabalho, estudos e cuidados com filhos pequenos. A medicina é uma paixão profunda. Mas, no meio desse redemoinho, percebi que estava vivendo para cumprir horários. Foi então que entendi que não precisava ser tão difícil assim. Decidi tirar um tempo da semana só para mim — sem jaleco, sem relógio, sem pressa. Uma pausa consciente, quase um ato de rebeldia contra a exaustão.
Falei sobre isso, recentemente, em uma entrevista para a revista EntreRios, voltada para brasileiros que vivem em Portugal. A matéria, assinada pela jornalista Fernanda Baldioti, tratava exatamente dessa mudança de percepção: cada vez mais pessoas descobrem que tempo é um bem precioso — e que desacelerar faz bem para a saúde e, surpreendentemente, também para a beleza. Muita gente encara o descanso como perda de tempo. Mas é justamente nesses intervalos que o corpo e a mente se reorganizam. O descanso reduz o estresse, alivia tensões e devolve a energia mental necessária para que possamos, inclusive, trabalhar melhor. O estresse constante afeta o sono, a imunidade, a tensão muscular, o humor, a criatividade e a produtividade. A pausa não atrasa a vida. A pausa salva.
No consultório, converso muito com minhas pacientes sobre a importância de colocar o cuidado consciente entre as prioridades: seja por meio de hobbies, atividades físicas, contato com a natureza ou, simplesmente, o direito de não fazer nada. Para algumas, desacelerar é prescrição médica mesmo! Porque recuperar o próprio ritmo é recuperar a própria vida.
Sei que, para muita gente, parar parece impossível. Mas comece com pequenas pausas na rotina: dez minutos, uma caminhada, um café tomado sem culpa. Quando escolhemos existir para além das demandas do mundo, o tempo volta a ser nosso. E, nesse espaço, a vida floresce de novo. Entre todas as prescrições possíveis, a pausa está sendo uma das mais transformadoras.
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