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Daniela Alvarenga

Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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Oscar 2021: Diversidade celebrou a beleza real

Entre os principais vencedores, profissionais de mais de 80 anos, mulheres e negros. O caminho da inclusão é longo, mas o cinema deu mais um passo

Por Daniela Alvarenga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 abr 2021, 14h35
Oscar 2021
 (Instagram/Reprodução)
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Para muitos, noite de Oscar tem sempre aquele ritual de  ver TV como se fosse um programão de domingo. É mesmo bom acompanhar se seus filmes favoritos foram premiados. Confesso que não consigo deixar de lado meu “olho clínico” e gosto de observar peles, cabelos, maquiagens e roupas de homens e mulheres – quem não? Muita gente criticou a cerimônia desta edição 2021 nas redes sociais, mas preciso discordar. Ao contrário, esta talvez tenha sido a edição mais inspiradora dos últimos anos porque pudemos ver profissionais com mais de 80 anos sendo premiados, mulheres sendo celebradas nas principais categorias, belezas asiáticas e um número relevante de apresentadores e profissionais indicados e premiados negros. Foi um Oscar da diversidade que enalteceu a beleza real. 

Para começo de conversa, dois dos premiados têm mais de 80 anos. Sabem o que isso significa num mundo que julga que pessoas da terceira idade dizendo que devem parar de trabalhar ou que já não têm muita “utilidade” no mercado de trabalho? A figurinista Ana Roth, de “A voz suprema do blues”, de 89 anos, e o ator Anthony Hopkins, de 83 anos, não só continuam na ativa como foram votados pela Academia como os melhores em suas categorias. Ela levou a estatueta de Melhor Figurinista e ele, de Melhor Ator. Foi uma pena que os dois não puderam estar presentes – muito provavelmente para se proteger do coronavírus –, mas ainda assim foi muito inspirador.

Em sua oitava indicação ao Oscar, sem nunca ter sido premiada, Glenn Close, aos 73 anos, deu um show de fair play e bom humor no melhor estilo carpe diem. A atriz, que concorria pelo filme “Era uma vez um sonho”, foi responsável por uma das cenas icônicas desta edição. Mesmo depois de ter perdido o prêmio para a atriz sul-coreana Yoon Yeo-jeong, que também tem 73 anos, Close se levantou da cadeira e dançou sozinha a música “Da Butt” mexendo o bumbum e mostrando que o mais importante é aproveitar cada momento com muito bom humor. A atriz americana estava linda, com seus cabelos  brancos e curtos, super bem cortados e cuidados – reforçando este movimento de quebra do chamado “padrão de beleza”, que tem inspirado mulheres no mundo inteiro.

Por falar em mulheres, a presença feminina na disputa aumentou significativamente. Foi possível ver pela primeira vez mulheres com a estatueta em três das principais categorias: Roteiro Original, Melhor Direção e Melhor Filme. A atriz, produtora, diretora e roteirista britânica Emerald Fennel foi premiada pelo roteiro de seu filme, “Bela vingança”. Sua história de vida é inspiradora para muitas mães, já que Fennel estava grávida de sete meses do primeiro filho durante as filmagens do longa, ou seja, ela não só trabalhou muito na gravidez, como conseguiu um dos principais reconhecimentos da Academia com as indicações de Melhor Filme e Direção – e ainda subiu a palco grávida do segundo filho. E como não admirar a chinesa Chloé Zhao,  diretora de “Nomadland”, que recebeu os dois principais prêmios do Oscar, Melhor Filme e Direção. Sem um pingo de maquiagem e um par de tênis branco, ela mostrou que sua roupa, joias e sapatos não te definem. É como quem diz: “não vim aqui para desfilar, mas, sim, para ser reconhecida pelo meu trabalho. Podem me aplaudir”. 

O caminho para inclusão no Oscar é longo, mas parece ter avançado um pouco no combate ao racismo nesta nesta edição. E quando falamos sobre inclusão no Oscar, estamos falando também sobre celebração da beleza negra e, mais uma vez, quebra do chamado “padrão”– já que a premiação é vista por milhares de pessoas no mundo inteiro. A cerimônia teve um número maior de indicados negros entre os concorrentes. Já na abertura, vimos a belíssima Regina King caminhando ao vivo em direção ao salão da Union Station para anunciar os vencedores de Roteiro. Pouco depois, Halle Barry, a primeira mulher negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz (em 2002), anunciou outra categoria. Daniel Kaluuya foi premiado como Melhor Ator Coadjuvante por “Judas e o messias negro”. E na categoria Melhor Maquiagem e Cabelo, Mia Neal e Jamika Wilson, ao lado de Sergio Lopez-Rivera, se tornaram as primeiras negras vencedoras pela caracterização de Viola Davis no filme “A voz suprema do blues”. Aliás, Viola, apesar de não ter levado nenhum Oscar (desta vez!), era uma das mulheres mais bonitas da noite, em seu vestido Alexander McQueen.

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Foi ou não foi uma noite linda? Apesar de ter sido realizada numa versão pocket, com poucos convidados em função dos protocolos de prevenção da Covid-19, foi uma cerimônia belíssima em que pudemos celebrar, ver e nos inspirar na beleza real.  

 

 

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