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Bienal de Arquitetura de Veneza 2025: tudo o que você precisa saber

O evento acontece a partir de maio e vem com um tema que redefine o conceito de inteligência, além de abordar questões fundamentais do mundo contemporâneo

Por Nádia Simonelli/CASACOR
5 Maio 2025, 10h00
Confira detalhes sobre a curadoria, pavilhões e principais destaques da Bienal de Arquitetura de Veneza 2025!
Confira detalhes sobre a curadoria, pavilhões e principais destaques da Bienal de Arquitetura de Veneza 2025! (Cortesia La Bienalle di Venezia/Divulgação)
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Entre os dias 20 de maio de 23 de novembro de 2025 acontece a 19ª Bienal de Arquitetura de Veneza, com curadoria do arquiteto e engenheiro Carlo Ratti. “Para enfrentar um mundo em chamas, a arquitetura precisa aproveitar toda a inteligência que nos cerca. Sinto-me honrado e honrado por ter a oportunidade de ser curador da Bienal de Arquitetura de 2025”, destaca o profissional.

Com o tema Intelligens. Natural. Artificial. Collective, esta edição redefine o conceito de inteligência e apresenta uma abordagem sobre inclusão, adaptabilidade e colaboração. O título sugere um futuro onde a inteligência transcende fronteiras artificiais, tornando-se uma força coletiva de transformação. As exposições exploram as interseções da arquitetura com outras disciplinas, como biologia, ciência de dados, engenharia e ciências planetárias, ao mesmo tempo em que se concentra na materialidade dos espaços urbanos.

Sob o olhar de Carlo Ratti

Bienal de Arquitetura de Veneza: tudo o que você precisa saber
(Sara Magni/Divulgação)

A Bienal de Arquitetura de 2025 investiga o papel do ambiente no enfrentamento dos desafios globais contemporâneos, principalmente a crise climática. De acordo com Carlo Ratti, o ambiente construído não é só um grande contribuinte para a degradação, mas sim um catalisador para mudanças. “A arquitetura está no centro, mas não sozinha”, afirma o curador. +

Desse modo, a exposição apresenta uma ampla variedade de projetos que ilustram como soluções inteligentes, fruto da colaboração interdisciplinar, podem remodelar nossas cidades e sua infraestrutura. As obras exploram formas naturais, artificiais e coletivas de inteligência, oferecendo um novo olhar sobre como a arquitetura pode responder a questões urgentes, como a escassez de recursos naturais.

Principais participantes

Capela do Elefante, por Boonserm Premthada
Capela do Elefante, por Boonserm Premthada (Boonserm Premthada/Divulgação)

A Bienal de Arquitetura de Veneza 2025 vai contar com contribuições de mais de 750 participantes de diversas áreas. Entre eles, estão arquitetos e engenheiros, matemáticos e cientistas do clima, filósofos e artistas, chefs e programadores, escritores e escultores em madeira, fazendeiros e designers de moda. Os expositores incluem nomes emblemáticos como Bjarke Ingels Group, MAD Architects, Alejandro Aravena, Patricia Urquiola e Mass Design Group, além de tantos outros. Como o icônico Pavilhão Central Giardini, que tradicionalmente abriga parte da exposição do curador, está fechado para reforma, parte da exposição principal será distribuída por Veneza, ocupando espaços diversos e interagindo criativamente com a cidade.

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“Veneza se tornará um laboratório vivo. A própria cidade — uma das mais ameaçadas do planeta diante das mudanças climáticas — servirá de pano de fundo para um novo tipo de exposição, onde instalações, protótipos e experimentos serão espalhados pelos Giardini, Arsenale e outros bairros”, explica Ratti.

Projetos especiais

Este ano dois projetos especiais vão acompanhar a exposição principal e as participações nacionais. Um deles, intitulado Margherissima, será exibido dentro do Arsenal Austríaco, Forte Marghera, em Mestre. Entre os colaboradores estão a Architectural Association e Nigel Coates, além de Michael Kevern, Guan Lee, John Maybury e Jan Bunge. O projeto colaborativo, realizado por alunos da AA, propõe a transformação dessa área industrial de Veneza em uma cidade do futuro, levando em consideração a sustentabilidade.

O segundo projeto é a nona colaboração da Bienal com o Victoria and Albert Museum, em Londres, no Projeto Especial do Pavilhão de Artes Aplicadas. Este ano, o projeto se chamará On Storage. Com curadoria de Brendan Cormier em colaboração com Diller, Scofidio + Renfro (DS+R), o projeto explorará a arquitetura global do armazenamento.

Leões de Ouro

Em 2025, o Leão de Ouro pelo conjunto da obra foi concedido conjuntamente ao arquiteto italiano Italo Rota (falecido recentemente, em 6 de abril de 2024) e à filósofa americana Donna Haraway. Homenagem concedida por recomendação do curador Carlo Ratti pelo pensamento inovador e influência dos contemplados. Haraway foi descrita por Ratti como uma voz seminal “no pensamento contemporâneo, abrangendo as ciências sociais, a antropologia, a crítica feminista e a filosofia da tecnologia”, enquanto Rota “é um homem de cultura sem limites, um colecionador e pesquisador apaixonado tanto de objetos Wunderkammer quanto de dispositivos tecnológicos, e um professor generoso”.

Pavilhão do Brasil

Plataforma-jardim” - Jardim de Sequeiro – ICC, realizado por Julio Pastore e Oscar Niemeyer, 2021.
Plataforma-jardim” – Jardim de Sequeiro – ICC, realizado por Julio Pastore e Oscar Niemeyer, 2021. (Joana França/Divulgação)
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A arquiteta Luciana Saboia e os arquitetos Eder Alencar e Matheus Seco, do grupo Plano Coletivo, são os curadores da exposição “(RE)INVENÇÃO”, que ocupará o pavilhão do Brasil durante a Bienal de Arquitetura de Veneza. O projeto foi inspirado nas recentes descobertas arqueológicas de infraestruturas ancestrais no território amazônico e pretende promover uma reflexão crítica sobre as contradições e os desafios socioambientais da atualidade.

Com o objetivo de criar uma narrativa que atravessa os tempos, a exposição será apresentada em dois atos. No primeiro, mostra como, há mais de 10 mil anos, os povos indígenas transformaram as paisagens ao seu redor ao desenvolver infraestruturas sofisticadas que combinavam saberes técnicos e estratégias de adaptação ao ambiente natural. Já o segundo dá destaque ao Brasil contemporâneo por meio das relações entre arquitetura e infraestrutura, assim como as possibilidades de ressignificação da cidade a partir de uma curadoria de pesquisas, processos e práticas. Um dos destaques é a Plataforma-jardim: estrutura linear que, originalmente dependente de irrigação contínua, foi reinventada ao incorporar plantas nativas e adaptadas ao clima do Brasil Central.

Outros pavilhões nacionais

Dinamarca

Pihlmann Architects.
(Pihlmann Architects./Divulgação)

Sob a curadoria do arquiteto Søren Pihlmann, o pavilhão dinamarquês apresenta sua proposta como um canteiro de obras. Em colaboração com especialistas da Academia Real Dinamarquesa, da Universidade de Copenhague, da Universidade Técnica da Dinamarca e da ETH Zurique, o arquiteto pretende criar construções individuais, discutindo e exibindo métodos e materiais de construção hiperlocais. “Já criamos tudo o que precisamos. É por isso que precisamos ser melhores em compreender e encontrar valor no que já existe”, afirma.

Luxemburgo

Bienal de Arquitetura de Veneza: tudo o que você precisa saber
(Divulgação/Divulgação)
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Com o objetivo de deslocar o foco do visual para o sonoro, a Sonic Investigation, de Luxemburgo, criou um pavilhão que remete à canção silenciosa 4’33”, de John Cage. A curadoria ficou a cargo de uma equipe composta por Valentin Bansac, Mike Fritsch e Alice Loumeau, que juntos celebram, por meio de suas exposições, os aspectos multissensoriais da arquitetura.

Emirados Árabes Unidos

Ola Allouz
(Ola Allouz/Divulgação)

O pavilhão dos Emirados Árabes Unidos intitula-se Pressure Cooker (Panela de Pressão) e tem curadoria da arquiteta local e professora assistente da Faculdade de Artes e Empreendimentos Criativos da Universidade Zayed e cofundadora do Holesum Studio, Azza Aboualam. A profissional analisa a infraestrutura de cultivo de alimentos do país. A partir de comunidades locais e de muitas pesquisas em arquivos, a contribuição explora os desafios decorrentes de questões de segurança alimentar.

Alemanha

Gustav Goetze
(Gustav Goetze/Divulgação)

O pavilhão da Alemanha foi encarado como um chamado à ação urgente. A instalação, com curadoria de Nicola Borgmann, Elisabeth Endres, Gabriele G. Kiefer e Daniele Santucci, fala sobre o impacto das mudanças climáticas na vida urbana e nos ecossistemas de uma cidade. Intitulada Stresstes, a exposição foca no aumento dos níveis de calor nos espaços urbanos. “Isso coloca em risco não apenas a vida social e a produtividade da cidade, mas também a saúde e a sobrevivência de seus moradores. Atualmente, a população urbana já está exposta a maiores riscos de desidratação e doenças cardiovasculares. O número de mortes por calor está aumentando”, avisa a equipe.

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Locais e ingressos

A Bienal de Arquitetura de Veneza 2025 estará aberta ao público entre 10 de maio e 23 de novembro — incluindo dois dias de vernissage nos dias 8 e 9 de maio. As mostras serão, como sempre, divididas entre os famosos locais de Veneza — Arsenale e Giardini — com o primeiro focado na mostra principal de Ratti e o segundo contendo as participações nacionais em seus respectivos pavilhões.

Os ingressos para os principais locais estão disponíveis na entrada e também online pelo site da Bienal de Arquitetura e o horário de funcionamento é das 11h às 19h (última entrada às 18h45), com o local fechado às segundas-feiras (exceto nos dias 12 de maio e 17 de novembro).

A Bienal College Architettura, lançada em 2023, também retorna em 2025 para sua segunda edição como parte do braço educacional do festival. Carlo Ratti convidou estudantes, pós-graduandos e profissionais emergentes com menos de 30 anos para participar e apresentar projetos que utilizem inteligência natural, artificial e coletiva para combater a crise climática.

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