Carnaval: porta-bandeira histórica da Mangueira anuncia aposentadoria
Squel Jorgea, um dos maiores nomes do Carnaval Carioca, anuncia que pendurou seu talabarte

Responsável pela condução de um dos pavilhões mais importantes do carnaval do Rio de Janeiro, a porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira, Squel Jorgea, pegou o mundo do samba de surpresa, e ontem anunciou que iria pendurar seu talabarte.
Squel Jorgea Ferreira Vieira nasceu no dia 4 de outubro de 1982, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Sua ligação com o carnaval vem de berço. Sua mãe desfilava na Estação Primeira de Mangueira. Seu pai, na Acadêmicos do Grande Rio. É neta de Xangô da Mangueira, histórico sambista do carnaval carioca. Desde pequena frequentava a quadra da Grande Rio, escola de Duque de Caxias. Começou a desfilar na escola aos nove anos, primeiro como baianinha, depois como passista-mirim e na sequência foi porta-bandeira mirim. Em 1998, ganhou um concurso para segunda porta-bandeira da escola no Carnaval de 1999. Em 2002, aos 18 anos, assumiu o primeiro posto. “A maioria do meu tempo de vida me dediquei ao carnaval e deixei muitas vezes a minha família de lado e hoje quero me dedicar a outros projetos”, disse.
Como primeira porta-bandeira da Grande Rio, conquistou três vice-campeonatos (2006, 2007 e 2010). Em 2011, um incêndio destruiu o barracão da escola na Cidade do Samba. A agremiação não foi julgada. Após o desfile de 2012, se desligou da Grande Rio. Em 2013, desfilou pela Mocidade Independente de Padre Miguel. Para o carnaval de 2014, foi contratada pela Mangueira para substituir Marcella Alves, formando par com o mestre-sala Raphael Rodrigues. Em 2014, foi uma das personalidades homenageadas no desfile da Unidos do Porto da Pedra, em homenagem aos casais de mestre-sala e porta-bandeira. No carnaval de 2015, dançando na chuva, Squel e Raphael conquistaram a nota máxima de todos os jurados. Squel também recebeu seu primeiro Estandarte de Ouro, prêmio disputado é muito respeitado pelos sambistas. No desfile, em homenagens às mulheres brasileiras, Squel incluiu em sua coreografia o gesto do “V de vitória”, eternizado pela porta-bandeira mangueirense Neide.
Em 2016, Squel conquistou seu primeiro título no carnaval carioca. Mais uma vez, ela e Raphael receberam a nota máxima de todos os jurados. No desfile em homenagem à cantora Maria Bethânia, Squel se destacou pelo seu figurino, representando uma iaô iniciada no candomblé. A porta-bandeira cortou o cabelo para utilizar uma touca que fizesse ela parecer careca. Com a saída de Raphael Rodrigues da Mangueira, a escola subiu de posto Matheus Olivério, seu segundo mestre-sala. Matheus é filho de Xangô da Mangueira e tio de Squel. Em 2019, Squel conquistou seu segundo título de campeã pela Mangueira. Pelo terceiro ano seguido, Squel e Matheus receberam nota máxima de todos os jurados, passando à ser a porta-bandeira que se manteve por cinco anos consecutivos obtendo as notas máximas dos jurados. Quebrando um recorde, que até então, era de quatro carnavais de Lucinha Nobre. Há nove anos era a responsável pela condução do Pavilhão Mangueirense e em 2022, a porta-bandeira completou vinte anos de carreira exercendo o ofício que demonstra o bailado de uma arte essencialmente nossa.