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Bruno Chateaubriand

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Lu Lacerda celebra o treze da sorte e gera repercussão na Internet

Margareth Dalcolmo, Lenny Niemeyer, Lilibeth Monteiro de Carvalho vestem camiseta em campanha para celebrar a jornalista

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Atualizado em 8 nov 2021, 12h21 - Publicado em 8 nov 2021, 11h55
Cariocas celebram os 13 anos de colunismo on-line da jornalista Lu Lacerda
De Margareth Dalcomo à Lenny Niemeyer, cariocas celebram os treze anos de colunismo on-line da jornalista Lu Lacerda. (Reprodução/Instagram)
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Ela é um jornalista que, há duas décadas, dedica-se a publicar notícias sobre o Rio, uma expert quando o assunto é vida carioca. Lu Lacerda celebra, este mês, os 13 anos do seu blog, um dos primeiros a migrar do analógico para o digital.  Para a efeméride, o publicitário Washington Olivetto criou uma campanha comemorativa, o “13 da Sorte”, executada pelo artista visual Luciano Cian. Hoje, Lu Lacerda é a nossa convidada para contar um pouco da sua trajetória.

1- São 13 anos somente no online, mas, antes, teve a sua famosa coluna no Jornal O Dia, em um época que o jornal vendia mais de 600 mil exemplares por dia nas bancas da cidade. Como foi sua entrada no colunismo?

Sempre gostei de colunas, fui aluna de Ricardo Boechat na Faculdade da Cidade, a quem eu achava o máximo, ético, corajoso, inteligente; queria me espelhar nele. Às vezes, achava Boechat um professor bastante duro, mas depois lhe agradeci por isso. A outra razão era achar que eu ficaria amiga de muita gente que admirava. E não estava errada. Sei dizer que gosto de escrever coluna, considerado por muitos um jornalismo desimportante, mas que todos querem ler.

2- Como aconteceu a sua transição para o on-line?

Tive coluna por cinco anos no O Dia, onde fui convidada pela Ruth de Aquino, então diretora de Redação, com a ideia de trazer leitor jovem e levar o jornal às classes mais altas. Foi muito sucesso, além de todas as expectativas. E muita gente pedia para anunciar no caderno onde saía a minha coluna. Foi assim que descobri a importância de ter um trabalho reconhecido.

3- No auge do colunismo, a vida social da cidade girava em torno do que os colunistas publicavam; de certa forma, eles ditavam o funcionamento da sociedade.

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Penso que isso rola um pouco, mas nós já não pegamos esse auge. Calculo que tenha tido maior vigor até o Ibrahim. Mesmo com o Zózimo, isso já estava ficando meio no passado, não? Acho que era muito forte com os que vieram antes deles. E, ainda, Danuza (Leão), que virou um nome muito importante nessa área de atuação. Algumas mulheres incríveis dessa época, nós, eu e você, ainda chegamos a conhecer, como Evinha Monteiro de Carvalho, Carmem Mayrink Veiga, Heleninha Petraglia, Lourdes Catão.

4- Como você analisa a trajetória do seu blog ao longo desses anos?

É o canal do morador do Rio. Se ajuda, de alguma forma, a assuntos do dia a dia da cidade, já fico feliz. Tenho muito prazer ao saber que uma nota desenrolou (sem pretensão, maneira de falar) a vida de alguém, por exemplo. Assim como falo sobre pessoas que levam uma vida quase trancada à chave, digamos, acho bacana jogar luz sobre aqueles que influenciam a vida em volta de si, o dia a dia da cidade, como uma gari dedicada, um garçom competente, uma garota de programa autêntica ou um dono de quiosque de espírito.

5- Quais os maiores “furos” que você se lembra de ter publicado?

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No jornal, foram muitos, eu dava nota política todos os dias. Às vezes, uma notícia é importante naquele momento; depois é como se fosse perdendo o valor. Trouxe algumas modestas mudanças também, por exemplo, ninguém chamava gente do mesmo sexo de casal, não era comum ver dois homens casados abraçados numa foto; mulheres, como acontece hoje com Maria Geyer e Thaís Araújo, nem existia às claras; eu chamava mulher de gostosa; levei também para a coluna expressões da minha vida como “chiqueria” e outras mais, que acabaram fixando-se. Quanto a furo, é sempre bom, claro, mas aqui a gente fala mais de comportamento, opinião, cultura, assuntos que acho importantes para a cidade, que é o que mais amo. Nem sei se isso é furo, mas lembro, por exemplo, que à época daquele escândalo do Sérgio Cabral na Bahia, dei na sequência sobre o governador ter ido parar no divã, com fotos dele saindo da psicanalista. E ele falou: “Lu Lacerda, você não vai publicar isso, por favor!” E eu respondi: “Governador, você não vai me pedir isso, por favor!”.

Dei também sobre aquele helicóptero alvejado na favela, que, com razão, virou um alvoroço. Mais recentemente, teve aquela pedra de inúmeras toneladas que ameaçava destruir prédios na Lagoa. Enfim, é a nossa vidinha, principalmente assunto do Rio que me interessa. Sobretudo.

6- Acredita que as redes sociais vieram para substituir as colunas?

Na sua rede social, você está falando de si mesma (o by myself) numa coluna, o outro está falando de você – já há uma grande diferença. É alguém credenciado para tal fazendo o seu papel, reconhecendo seu trabalho, o que tem muito mais valor.

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7- Os jornais eram uma vitrine, né? Você “lançou” muita gente. Lembra-se de alguém?

De alguns me lembro, eles não gostariam de ser nomeados, preferem que a gente pense que já nasceram lançados – rs. Em conversa recente com um amigo nosso, por exemplo, comentei: as primeiras vezes que te publiquei, jamais imaginei que você seria tal sucesso. Percebi que ele quis desconversar. Rimos e tive vontade de dizer algo do tipo: “meu uber chegou” que, aliás, é uma das minhas sugestões para situações de saia-justa. Por exemplo, quando você dá de cara com algum conhecido que tenha sido preso, e a gente não tem intimidade, fica sem saber o que dizer ou fazer. Sugeri isso no auge da Lava Jato.

8- Quando as colunas acabaram, as festas em casa diminuíram, porque, de certa forma, as pessoas recebiam para aparecer nas colunas. Já recebeu alguma proposta de pagamento para aparecer na sua? Como funcionava isso?

Certa vez, quando eu ainda escrevia no O Dia, recebi uma joia caríssima e, por óbvio, achei que era o caso de devolver. Se fosse de um amigo íntimo meu, zero problema pra mim, mas era alguém a quem eu conhecia de obas e olás. Liguei, agradeci e pedi que seu motorista viesse pegar de volta, por favor. Ela achava, suponho, que eu estava me fazendo de difícil, ou que era brincadeira, sei lá, dizia: “Imagina, imagina!” e não mandava. Acabou que eu tive de ir pessoalmente devolver. Outra, foi chegar à minha casa uma obra de arte valiosa. Quando fui abrir o cartão, caíram umas fotos com pedido para publicá-las. Devolvi, mas depois descobri que existe muita falta de noção quanto a isso. Já perguntaram mais de uma vez: “Quanto custa pra sair na sua coluna?” Que tal? Até esses publieditoriais, conteúdo patrocinado, custei a me render. O que acontece bastante hoje é muita gente querer maquiar a publicidade, no meu caso, tirar o PubliLu (aquele selo verde), pra fazer o post passar por mídia espontânea.

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9- Até que ponto você deixava de publicar uma história para não perder uma grande amizade? Isso ainda existe?

Pra mim, existe e sempre vai existir. Deixo quantas vezes for preciso. Jamais vou querer publicar nada que violente meus princípios, defendo o que acredito ser o certo.

10- Você é uma referência em notícias sobre o Rio e o jeito carioca, tanto para quem é daqui quanto para quem é de fora e tem interesse na cidade. Como você analisa o estilo carioca?

Quando começou a pandemia, eu falei que nós, cariocas, seríamos duplamente atingidos: além da doença em si, talvez ainda mais afetados por ter de controlar nosso jeito afetuoso, dar dois beijinhos, falar de perto, abraçar. Penso que estamos entre os mais amorosos de todos os estados brasileiros. O estilo talvez eu não saiba definir, mas é claro pra mim que esse descompromisso pega muito bem em quase todos os momentos. A quase ausência de deslumbramento acho muito atraente também, mais um pouco e prefiro chamar de charme. Sem falar na paisagem.

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