Beco do Rato comemora 21 anos com festival para 9 mil pessoas
Com 90% da equipe formada por mulheres, evento valorizou equidade e lideranças femininas nos bastidores

Em um setor historicamente dominado por homens, especialmente nos bastidores da cultura e do entretenimento, o Festival Beco do Rato promoveu uma entrega potente de transformação e equidade de gênero. Realizado no último domingo (20), no complexo multicultural NAU Cidades, no Porto Maravilha, o evento reuniu mais de 9 mil pessoas em uma maratona de 15 horas dedicadas ao samba — com um diferencial expressivo: 90% da equipe que trabalhou no evento foi composta por mulheres.
Esse número vai muito além da estatística. Representa uma escolha consciente da organização, que vê no protagonismo feminino uma força propulsora de inovação, sensibilidade e diversidade na produção cultural. De produtoras a atendentes, passando por curadoras, assessoras de imprensa, comunicadoras e gestoras de mídias sociais, as mulheres lideraram todas as frentes do festival.
“Essa presença maciça feminina transforma a forma como o evento é concebido, produzido e vivido pelo público. É um olhar mais plural, mais atento às transformações sociais e mais conectado com as demandas contemporâneas por equidade”, afirma Lúcio Pacheco, sócio e filho do fundador do Beco do Rato.
A valorização do trabalho feminino não é novidade na história da casa. Desde o bar original na Lapa até sua expansão para grandes eventos, o Beco do Rato vem construindo uma trajetória marcada pela inclusão. O apoio da família Pacheco, originária de Itabirito (MG), foi essencial para essa transformação, especialmente com a atuação de Lúcio, que mantém um compromisso ativo com a cultura popular e com a criação de espaços onde mulheres não apenas participam, mas lideram.
Mais do que uma celebração aos vinte um anos da casa bicampeã no prêmio Comer & Beber (categoria bar de roda de samba) o festival reafirmou que é possível fazer cultura de outra forma — com inclusão, representatividade e respeito. Em um cenário ainda desigual, o Festival Beco do Rato se impôs como uma referência inspiradora para o mercado cultural.
A comemoração foi marcada por uma programação extensa e de peso. Dois palcos receberam grandes nomes do samba, como Jorge Aragão, Marquinhos Sathan, Toninho Geraes, Moacyr Luz, Samba do Trabalhador, Délcio Luiz, Arlindinho, Moyseis Marques, João Martins, Encontro Casuais (com Mosquito e Inácio Rios), grupo Arruda, Galocantô, Terreiro de Crioulo, Samba Que Elas Querem, Samba do Xoxó e Banda do Beco.
Um dos destaques da noite foi a mega roda de samba “Encontros de Bamba”, com direção musical do mestre Carlinhos Sete Cordas. A roda uniu gerações ao reunir talentos como Casuarina, Marina Íris, Vinny Santa Fé, Baú (Nossa Roda), Leonardo Bessa, Caffé, Gigi, Joana Nascimento, Fernando Procópio, Aos Novos Compositores e Nó na Madeira. Nos intervalos, os DJs Júlio e Cris Pantoja mantiveram o público animado.
Além da música, o festival contou com uma área gastronômica especial, reunindo oito bares icônicos do Rio: Bar da Portuguesa, Pescados na Brasa, Brewteco, Bufalos Burguer, Espetinho Carioca, Mureta da Lapa e Pão de Alho do Kiki. Entre os petiscos, o público pôde saborear bolinho de bacalhau, unha de caranguejo, buraco quente, cheddar dog, espetinhos, pão de alho de coração de galinha e choripan na baguete francesa.
“Foi uma honra contar com bares tão emblemáticos do Rio para celebrar esse momento especial. A participação dessas casas fortaleceu ainda mais o espírito boêmio e gastronômico do festival”, completou Lúcio.