Animação e “logo-bandeira”: Vila Isabel aposta em tradição para 2026
Inspirações vão do mito sobre Heitor dos Prazeres à estética do lendário abre-alas de "Kizomba, Festa da Raça"

A Unidos de Vila Isabel apostou na força simbólica do pavilhão para apresentar o enredo do Carnaval 2026. Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora criaram uma “logo-bandeira”, cartaz ilustrativo do tema em formato de estandarte, revelado pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane. A estreia aconteceu durante o evento de lançamento na Pedra do Sal, diante de cerca de cinco mil pessoas. A apresentação terminou em cortejo até o Largo de São Francisco da Prainha.
O pavilhão tem papel central — espacial e simbólico — dentro de uma escola de samba: é o ponto de união, o elo coletivo e espiritual da comunidade. “Queríamos revisitar a tradição das antigas bandeiras que ilustravam os enredos. Um símbolo para circular, ser beijado, girar em roda”, diz Leonardo Bora.

A arte foi criada em parceria com o estudante Pedro Padilha, que reinterpretou a obra “As três artes”, de Heitor dos Prazeres, misturando-a aos símbolos do brasão da escola. As letras foram desenhadas à mão, incluindo “Macumbembê” e “Samborembá”, inspiradas no clássico letreiro do abre-alas de Kizomba, Festa da Raça (1988).
Simultaneamente ao evento, a Vila lançou um vídeo animado nas redes. As pinturas de Heitor dos Prazeres ganharam vida com técnicas manuais, sem uso de inteligência artificial. “Os personagens dançam, tocam, giram. Preferimos animar a cena do que simular com atores. Nosso trabalho valoriza o artesanal”, afirma Bora.
A trilha traz a canção “Tia Chimba”, de Heitor e Paulo da Portela, interpretada por Dandara Ventapane e Tinga. Já Martinho da Vila, representando Heitor, empresta sua voz à narrativa do enredo.