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Barbara Burgos

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Rio de Janeiro e os Astros, uma Cidade que clama pela sua identidade

O baile que Netuno vem dando nos últimos anos em planetas importantes do Mapa da Cidade corroboram a sensação de estarmos à deriva e sem identidade

Por Barbara Burgos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 dez 2022, 13h36
O movimento celeste frisa a necessidade de resgatarmos nosso compromisso com a cidade que é parte d nossa identidade
O movimento celeste frisa a necessidade de resgatarmos nosso compromisso com a cidade que é parte da nossa identidade (Solar Fire Gold/pixabay)
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A regra é clara: o ponto mais alto de um mapa astral é o setor mais público, mais visível, impossível de esconder. Uma pessoa com o Sol lá em cima não passa despercebida, independentemente do que faça. Agora digamos que esta pessoa seja o Rio de Janeiro, cuja lanterna solar brilha tão forte que não deixa a cidade fora do noticiário mundial nem que ela queira? Pois é, cariocas da gema e cariocas de moradia sabem bem que, para o bem ou para o “não-bem”, estamos sempre em evidência.

Outro ponto interessante de notar é a presença de Plutão encostado na linha do Meio do Céu (onde está a seta). Plutão é, na minha opinião, o planeta mais poderoso do zodíaco. Relacionado a Hades, deus do submundo na mitologia, desconhece o caminho do meio. Com ele tudo é oito ou oitenta, céu ou inferno, caos ou glória. Símbolo de poder ao se encontrar conjunto ao Meio do Céu, não à toa fez a cidade capital do país. Hoje pode ser capital de muitas outras coisas, inclusive a do lado de Plutão que não gostamos de ver. Se antes existia o apogeu, agora vemos o outro lado da moeda, sem meio termo. E por conta disso o Rio sempre será assim, oscilando de um lado para outro, ora nos holofotes da riqueza, ora na escuridão e na perda de força.

O Sol pisciano ajuda a explicar a mística criativa que a cidade inspira. Palco dos maiores carnavais do planeta, dos movimentos coletivos iniciados muitas vezes por gestos simples, como os apitos no posto 9 nos anos 90, a cultura e o potencial que aqui borbulham arrastam um cardume que fascina, encanta e influencia não só o resto do país, mas também o exterior.

Mas, noves fora as belezas naturais, paisagens inebriantes e uma certa hipnose que toma conta de quem visita o famoso “Hell de Janeiro”, fato é que a última década vem nos dando mais motivos para preocupação do que alegria propriamente dita. Estamos vivendo sob as lentes de Netuno, que tanto pode nos alçar a patamares inatingíveis, quanto nos causar decepções tremendas. Explico:

Netuno é o planeta que rege a energia sutil, a criatividade e o contato com o divino. Rege Peixes, signo solar do Rio de Janeiro (e por isso o magnetismo que a cidade tem) e os rios, mares, tudo aquilo que flui. Mas, quando em aspecto aflito, turva a visão do observador, não raro causando enganos sérios, nos obrigando a encarar a realidade que antes estávamos cegos demais para ver. Netuno vem dando um baile na casa X da cidade, aquele setor onde disse que tudo é público. Começou ao passar pela Lua da cidade, que simboliza o povo, em 2015. Em 2018, encostou em Plutão, nos forçando a encarar buracos já sabidos, mas ainda não vistos com tamanha profundidade. Em 2020, encostou no Sol, o cerne da nossa essência carioca e tudo o que nos representa. Em 2023, encosta em Mercúrio, que não só representa os transportes, deslocamentos, e no mapa do Rio representa os nossos recursos naturais, como também rege o seu Ascendente, Gêmeos. O Ascendente é a “cara” que a cidade mostra. E sendo Gêmeos o planeta também da comunicação, fala muito de como somos vistos: ora amigáveis, brincalhões, ora malandros e os reis do jeitinho, também atributos Geminianos. Ou seja, com Netuno nos cegando, chegamos a um ponto em que estamos em séria crise de identidade.

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O Sol progredido, umas das técnicas de previsão comumente utilizado por astrólogos, encontra-se em Gêmeos nos últimos doze anos e, no ano de 2023, faz aspecto tenso ao Sol pisciano, aquele sob o qual viu nascer a cidade. O aspecto tenso faz um convite à essência do que é ser não só governante, mas também cidadão. É como mostrar um espelho para um rei que está nu, posição onde ele não pode negar a sua dura realidade. Ilumina tudo aquilo que nos é precioso, mas também o que mora debaixo do tapete. E ir embora da cidade, tentador para muitos, resolve apenas em parte o vazio existente não só na alma de quem habita, mas também na própria cidade, como se fosse um órgão humano. E nós, como células que dão vida a este órgão, precisamos de coragem para não só cobrar de forma austera, mas também olharmos para dentro de nós, para como nos conduzimos como cidadãos, afim de resgatar o orgulho de simplesmente ser carioca, esta parte que tanto nos falta. Sempre falo da importância de sermos agentes da nossa estória, e não reagir a ela como meros espectadores. Ainda que esta seja uma previsão, é antes de tudo uma necessidade. Encaremos com força e presença de espirito a tarefa de trazer fôlego de volta a Cidade Maravilhosa. Sorte e sabedoria para nós!

 

 

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