Calle Río de Janeiro: onde o Chile e o Rio se encontram
Uma pausa nas ruas exclusivamente cariocas para conhecer a Calle Rio de Janeiro, em Santiago do Chile Pequeno armazém na Calle Río de Janeiro, em Santiago do Chile: o blog interrompe excepcionalmente sua programação para mostrar ruas tão cariocas quanto as nossas só que lá fora por Pedro Paulo Bastos Um dos meus entretenimentos mais particulares […]
Uma pausa nas ruas exclusivamente cariocas para conhecer a Calle Rio de Janeiro, em Santiago do Chile
Pequeno armazém na Calle Río de Janeiro, em Santiago do Chile: o blog interrompe excepcionalmente sua programação para mostrar ruas tão cariocas quanto as nossas só que lá fora
por Pedro Paulo Bastos
Um dos meus entretenimentos mais particulares quando viajo para o exterior é procurar referências brasileiras no lugar de visita. Da mesma forma que deve ser divertido para um peruano se deparar com a Rua República do Peru, em Copacabana, acho excitante a ideia de estar passeando pela Little Brazil Street, em Nova Iorque, por exemplo. Rola uma identificação evidente, boba e inexplicável. No caso dos nossos hermanos da América Latina, é facilíssimo encontrar bairros com o nome do nosso Brasilzão e até mesmo ruas ou praças com o nome da nossa cidade, Rio de Janeiro. Já encontrei uma vez a Plaza Río de Janeiro, na Cidade do México, e após uns diazinhos em Santiago do Chile, semana passada, fiz um registro da Calle Río de Janeiro, no Barrio Patronato. Quem curte as ruas “do Rio” independente da sua localização geográfica, convido-o para que me acompanhe até o final desta crônica de caráter excepcional.
O Barrio Patronato fica próximo ao centro de Santiago e às margens do Rio Mapocho. Apesar de estar no eixo turístico, se difere um pouco dos bairros ajardinados da capital, como Providencia e Las Condes, dando espaço às suas ruas a uma predominância de lojas de roupas e confecções. O clima é de Rua da Alfândega mesclado à ambiência alternativa de Bellavista, bairro vizinho onde há a famosa casa de Pablo Neruda, no sopé do Cerro San Cristóbal, e mais um bando de bares e cafés da moda que reúnem muitos universitários e turistas. Na Calle Río de Janeiro, os bares são mais tímidos, mas ainda assim é possível avistar algumas mesas e cadeiras customizadas sobre as calçadas. É possível até mesmo encontrar alguma ou outra padaria-bistrô perdida entre depósitos moveleiros e gráficas.
Um dos aspectos mais marcantes da Calle Río de Janeiro são suas paredes e muros. A má preservação em que estão foi paralelamente substituída por pinturas e grafites para lá de criativos, graças a artistas que intervêm diretamente no espaço urbano com as suas propostas. O jogo de cores passa longe do Caminito, de Buenos Aires, mas contribui em muito para resgatar o charme perdido do Barrio Patronato, hoje loteado de calçadas quebradas e de vendedores ambulantes. O interessante de lá foi ver a circulação, por suas calçadas, de estudantes impecavelmente uniformizados. É quase um padrão para todas as escolas – gravata, uma espécie de paletó azul-marinho e calça cinza. Até os pequenininhos aderem às gravatas. Suo só de pensar se tivéssemos de seguir essa regra aqui pelo Rio. Precisa nem de explicações, não é?
Em meio a certa desordem, a Calle Río de Janeiro se parece um pouco com ruas antigas de Botafogo, aquelas próximas do cemitério São João Batista. Sabe o tipo de rua que não tem nenhum atrativo mas que, do nada, você consegue avistar o Corcovado ou algum morro verdinho e a graça do passeio volta num piscar de olhos? Pois bem, na rua chilena, o “Corcovado” de lá fica sob a responsabilidade do Cerro San Cristóbal, parte de um conjunto de montanhas que formam parte do Parque Metropolitano de Santiago, onde, no seu topo, há um monumento da Virgem Maria. Em outras palavras, a Virgem está para eles assim como o Cristo Redentor está para as ruelas de Botafogo. Apesar de estar no Chile, a Calle Río de Janeiro não poderia ser mais carioca.
Curta a página do As Ruas do Rio no Facebook!
Para contato direto | asruasdorio.contato@gmail.com