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Backstreet Boys ainda mobilizam hordas de fãs apaixonadas

Catorze anos depois de show histórico no Maracanã, boyband volta ao Rio e terá público mais velho na plateia

Por Cibele Reschke
Atualizado em 2 jan 2017, 15h55 - Publicado em 5 jun 2015, 01h00

Os Backstreet Boys ainda nem haviam feito seu primeiro show no Brasil quando, em 1999, a vendedora Isabelle Bastos, então uma adolescente fanática pela boy band americana, começou a escrever uma carta com a qual desejava presentear o quinteto, à época um fenômeno da música pop. O sonho poderia ter evanescido, mas, ao longo de dezesseis anos, a missiva foi ganhando mais páginas, e chegou a 350 metros de comprimento. Tal é o regalo que a moça pretende entregar a AJ McLean, Howie Dorough, Brian Littrell, Nick Carter e Kevin Richardson na segunda (8), quando eles voltam a se apresentar no Rio, no Citibank Hall, depois de quatro anos. Para isso, além dos 550 reais desembolsados pelo ingresso, Isabelle torrou 891 reais para participar de um encontro com a banda, pouco antes do show. Atualmente com 29 anos, casada há dez e com um filho pequeno, ela faz parte de uma legião de admiradoras cuja paixão não arrefeceu em nada desde o auge da carreira do grupo, no fim dos anos 90.

As loucuras em nome dos Backstreet Boys, de fato, não conhecem limites. Para garantir um lugar na fila do gargarejo, Isabelle resolveu acampar na porta da casa de espetáculos com dias de antecedência. Além disso, já tem entradas compradas para a apresentação dos rapazes (na verdade, senhores com idade entre 35 e 43 anos) em Belo Horizonte, na terça (9), e para o segundo show carioca, na quinta (11). Total da brincadeira: cerca de 3 000 reais. Detalhe: a moça está desempregada. “Eu estava procurando trabalho, mas, conforme as datas das apresentações foram se aproximando, parei. Nenhum patrão iria entender que eu precisaria ficar uma semana fora por causa dos Backstreet Boys”, reconhece. Quando o assunto é idolatria, dinheiro realmente não é empecilho. Fundadora, junto com uma amiga, do maior fã-clube da banda no Rio, com mais de 4 000 membros, Renata Oliveira, de 37 anos, já esteve em dois cruzeiros temáticos do grupo nas Bahamas, com os cantores também a bordo — cada viagem dessas não sai por menos de 8 000 reais.

Com a indústria da música cada vez mais pulverizada, lançando ídolos na mesma velocidade com que eles são esquecidos, não deixa de ser surpreendente a, vá lá, perenidade do Backstreet Boys. Com mais de 130 milhões de discos vendidos, o quinteto se valeu de uma fórmula visual e musical que já tinha representantes como o New Kids on the Block e o Take That, elevando-a a um novo patamar. Depois deles, surgiram diversos conjuntos semelhantes, entre eles o One Direction, boy band sensação da atualidade. O caso do show de segunda (8) é uma prova eloquente de como uma paixão do passado pode se manter viva com o passar dos anos: em menos de cinco horas, evaporaram todos os 8 500 ingressos postos à venda, levando a produção a anunciar uma apresentação extra, também esgotada. Nada comparável à turnê de 2001, quando o grupo estava no auge e lotou o Maracanã.

Devoção e histeria para com um ídolo da música não são exatamente novidade. O primeiro caso documentado, na década de 40 do século XIX, talvez seja o do pianista húngaro Franz Liszt (1811-1886): em seus concertos, as notas do instrumento costumavam ser obscurecidas pelos gritos de jovens admiradoras. Embevecidas pela beleza do músico, as moças disputavam seus lenços e luvas — o que levou o escritor Heinrich Heine, em 1844, a cunhar o termo lisztomania. Na música popular do século XX, não faltam exemplos, de Elvis Presley aos Beatles, talvez a primeira boy band, no sentido mais amplo do termo, a despertar um furor planetário. “Esses fãs se identificam com seus ídolos de tal maneira que desenvolvem uma relação afetiva de absoluta devoção”, analisa Ligia Lana, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing, especialista na cultura de celebridades. No caso dos Backstreet Boys, impõe-se uma questão particular: boa parte dos admiradores, mesmo já tendo passado dos 30 anos, assume comportamentos associados à adolescência. Para Jacqueline Hummel, mestre em teoria psicanalítica pela UFRJ, há uma possível explicação vinculada ao perfil dessa geração, nascida nos anos 80. “É uma geração mais hedonista, que adia situações típicas da vida adulta. Enquanto for possível alongar a juventude, melhor.” Os garotos da rua de trás, pelo visto, mesmo trintões e quarentões, continuarão jovens para sempre.

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