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Troca de secretário de direitos humanos do Rio provoca críticas

Atual secretária, a economista Teresa Cosentino, vai para o gabinete do governador Luiz Fernando Pezão e em seu lugar entrou o deputado pastor evangélico Ezequiel Teixeira

Por Agência Brasil
Atualizado em 5 dez 2016, 11h36 - Publicado em 16 dez 2015, 13h54

A troca no comando da Secretaria de Direitos Humanos e Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro foi criticada por entidades da sociedade civil. A atual secretária, a economista Teresa Cosentino, vai para o gabinete do governador Luiz Fernando Pezão e em seu lugar entrou o deputado pastor evangélico Ezequiel Teixeira, que integra o recém-criado Partido da Mulher Brasileira (PMB) – formado por 20 homens e duas mulheres.

A troca foi uma decisão política do governador para reforçar o apoio de uma ala do PMDB à presidenta Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Isso porque o deputado que vai substituir o pastor Ezequiel é Wilson Beserra (PMDB), mais alinhado ao ex-líder do PMDB na Câmara deputado Leonardo Picciani, que tenta recuperar o apoio.

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As entidades lembram que o pastor Ezequiel votou a favor da redução da maioridade penal, contrariando o Estatuto da Criança e Adolescência (ECA), fez campanha eleitoral promovendo o preconceito contra homossexuais e confundiu eleitores em relação ao feminismo. Em panfletos, dizia que legalizar o aborto favorecia um “mercado de fetos” e listava até preços de órgãos do corpo humano “frescos ou congelados”. O deputado também responde a processo por crime eleitoral o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não contestou a autoria do material à época.

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“Já estamos sofrendo por causa dos cortes orçamentários da pasta [de Direitos Humanos] e a gora a gente teme muito esse novo secretário, o deputado Ezequiel Teixeira, que já tem um histórico de argumentos homofóbicos”, afirmou o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), Julio Moreira. Segundo ele, na “barganha política” “mais uma vez, os direitos humanos são usados como moeda de troca”.

A ativista feminista da organização Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Rogéria Peixinho, também cobrou que o governador reavalie troca no comando da secretaria. Para ela, as posições assumidas publicamente pelo pastor Ezequiel são uma afronta às mulheres: “Não é possível uma pessoa diretamente ligada a uma religião, contrária aos direitos sexuais e reprodutivos, contrária aos direitos dos LGBT, contrária a todas as bandeiras de defesa dos direitos humanos assuma uma pasta desta”.

Nesta terça (15), ao vistoriar obras da Linha 4 do metrô, na Barra da Tijuca, o governador Pezão confirmou que a substituição foi política, mas garantiu que o deputado “não fará nenhum tipo de discriminação”. “É uma pessoa que integrou minha coligação, que tem um grande trabalho nessa área”, disse sobre o pastor, cuja nomeação já consta do Diário Oficial.

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Pezão se referiu à atuação do pastor na Câmara dos Deputados, onde criou uma subcomissão para investigar a violência que vitima cidadãos e policiais, além de ter apresentado uma proposta que dá agilidade a Lei Maria da Penha, de combate à violência contra a mulher. Segundo a proposição, a autoridade policial deve enviar à Justiça denúncia de violência doméstica em até 48 horas, com ou sem consentimento da vítima.

Outra proposição do pastor é a criação de uma disciplina nos currículos escolares do ensino básico, sobre a Lei Maria da Penha e a prevenção da violência doméstica e familiar, principalmente.

Procurado pela reportagem desde terça (15), o pastor Ezequiel Teixeira não retornou aos pedidos de entrevista.

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