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Antes de melhorar, piora

Até 2016 o Rio terá um volume de obras inédito em 100 anos. É preciso paciência para encarar os transtornos de hoje e pensar nos benefícios futuros

Por Caio Barretto Briso
Atualizado em 5 jun 2017, 14h32 - Publicado em 30 Maio 2012, 18h37

Mesmo o carioca mais distraído já percebeu que a cidade passa por uma transformação radical. Os sinais da mudança, ao menos por enquanto, são desagradáveis, com desvios, interdições, máquinas pesadas e tapumes pelo caminho. Principalmente nas zonas Sul, Oeste e Portuária, há uma concentração de obras que atravancam todo o trânsito e desafiam a paciência de quem está dentro do veículo – ou inalando a fumaceira fora dele. Com uma pequena variação no grau de aborrecimento e nos pontos de transtorno, esse será o panorama nos próximos quatro anos, até que a pira olímpica seja acesa. Desde a reforma conduzida pelo prefeito Pereira Passos, há mais de um século, a cidade não reunia tantas intervenções de porte ao mesmo tempo. Estão em andamento a revitalização da Zona Portuária, a abertura de corredores exclusivos de ônibus e a expansão do metrô, com um total de investimentos na faixa de 12 bilhões de reais. Boa notícia: a primeira sensação de alívio já entrou em contagem regressiva. Daqui a duas semanas está prometida a inauguração da Transoeste, faixa expressa de 56 quilômetros que ligará a Barra da Tijuca a Santa Cruz e Campo Grande, destinada apenas aos coletivos. “Chego a demorar duas horas no meu trajeto. Mas sei que o problema tem data para acabar”, consola-se o representante comercial Marco Antônio Viana, que faz aquele percurso diariamente.

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O dilema é inevitável: antes de a situação melhorar, ela piora. Modificações estruturais, como as que estão em curso desde 2009 numa extensa área do Porto Maravilha, implicam muita dor da cabeça. Especialmente nas proximidades da Praça Mauá e da Rodoviária Novo Rio, há vários trechos fechados para trabalhos de infraestrutura e drenagem (veja o quadro na pág. 28). É o caso de vias de grande movimento, como Barão de Tefé, Sacadura Cabral e Avenida Venezuela. Com isso, tornou-se comum a mudança nos itinerários e nas paradas das 35 linhas de ônibus que passam pela região. No momento, está a pleno vapor a construção do novo sistema viário local, cujo ponto alto é a Via Binária, uma artéria paralela à Avenida Rodrigues Alves por toda a extensão do porto, com 3,5 quilômetros e três faixas em cada sentido. Em 2016, quando o pacote de intervenções deve estar concluído – com a derrubada da Perimetral, a transformação da Rodrigues Alves numa via expressa e a abertura de sua paralela -, a estimativa é que será ampliada em 50% a capacidade de circulação nesse trajeto, hoje em torno de 7?600 veículos por hora. Para amenizar o impacto das intervenções na cidade, a prefeitura aumentou o número de controladores de tráfego de 350 para 630 agentes. O que não falta para essa turma é trabalho.

clique na imagem abaixo, veja detalhes das obras e saiba como evitá-las

[—FI—]

O próximo verão se anuncia especialmente tumultuado, seja para quem ficar, seja para quem quiser deixar o Rio, uma vez que as zonas Oeste e Portuária, rotas de saída para a Costa Verde e a Região dos Lagos, respectivamente, estarão cheias de obstáculos. Na estação em que a capital recebe uma massa de 3 milhões de visitantes, a expansão do metrô decerto vai trazer inconvenientes. Para levar o sistema até a Barra da Tijuca, inicialmente dois trechos da Avenida Ataulfo de Paiva (entre a Afrânio de Melo Franco e o Jardim de Alah e da General Urquiza à Bartolomeu Mitre) serão totalmente fechados ao trânsito durante nove meses, a partir do ano que vem. Não será o único transtorno que moradores e banhistas de Ipanema e Leblon terão pela frente. Aberta no fim de 2009, a estação General Osório ficará oito meses fechada, também a partir do começo de 2013, para a construção de um túnel de ligação com a plataforma da Linha 4. A parada imediatamente anterior, no Cantagalo, ficará desativada pelo mesmo período.

Quem já enfrentou uma reforma em casa sabe bem o desgaste decorrente do quebra-quebra, com muita poeira e barulho. Há que ter em mente que a situação é transitória, mas os benefícios ficarão para sempre. Em Londres, onde dentro de dois meses serão realizados os Jogos Olímpicos, houve gritaria contra determinadas cirurgias urbanas realizadas com vistas à competição. Parte da população protestou contra o gasto de 50 milhões de reais para reformular a Leicester Square, praça famosa por receber grandes estreias do cinema. Reinaugurada há poucos dias e tinindo de nova, ela deixou as reclamações para trás. Se os cariocas darão a mesma acolhida às intervenções em andamento, dependerá da eficiência das autoridades em cumprir prazos, do planejamento para atenuar os transtornos e, acima de tudo, do resultado. Tudo indica, porém, que a cidade vai emergir ainda mais bonita quando esse período terminar.

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