Ensaio sobre a cegueira
Prestes a completar 100 anos, Tomie Ohtake exibe no MAR parte de uma série de obras feitas de olhos vendados
Nascida em Kyoto, no Japão, e radicada no Brasil desde os anos 30, Tomie Ohtake tornou-se um dos mais importantes nomes do abstracionismo no país. Entre o fim dos anos 50 e o início da década seguinte, sua oposição à arte figurativa assumiu contornos, digamos, ainda mais radicais: atendendo a uma sugestão do crítico Mário Pedrosa (1900-1981), ela criou uma série de aproximadamente quarenta obras com os olhos tampados quase o tempo todo ? em alguns momentos da execução, a artista retirava a venda, olhava o que estava fazendo e, novamente sem enxergar, voltava à tela. Uma expressiva fatia dessa produção ocupa a individual apropriadamente batizada como Pinturas Cegas, que ocupa o Museu de Arte do Rio a partir de terça (19), dois dias antes do aniversário de 100 anos de Tomie. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, a mostra reúne 24 trabalhos, criados entre 1959 e 1962, hoje pertencentes a várias instituições e colecionadores particulares. Na seleção das criações, todas sem título, predomina uma evanescente e bela mistura de sombras e luz.
Museu de Arte do Rio. Praça Mauá, s/nº, Zona Portuária, ☎☎2203-1235. → Terça a domingo, 10h às 18h. R$ 8,00. Grátis às terças. Meia-entrada para estudantes de escolas particulares e universitários. De quarta a domingo, grátis para alunos e professores da rede pública, crianças de até 5 anos e pessoas com mais de 60 anos. Até 2 de fevereiro de 2014. A partir de terça (19).