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Tia Maria do Jongo mantém viva no Rio a tradição do ritmo africano

Aos 95 anos, ela cuida de um grupo cultural e um espaço de preservação e difusão do jongo no Morro da Serrinha

Por Thaís Meinicke
Atualizado em 5 dez 2016, 11h35 - Publicado em 1 jan 2016, 00h00

Aos 95 anos, Maria de Lourdes Mendes é uma das figuras mais famosas do Morro da Serrinha, em Madureira. Conhecida como Tia Maria do Jongo, ela é uma das principais responsáveis por manter vivos e transmitir às novas gerações os ensinamentos do ritmo trazido à cidade no século XIX por escravos bantos e que teve influência na criação do samba. Filha de músicos vindos de Minas Gerais para a favela da Zona Norte carioca, ela cresceu em meio às festas que o pai dava no quintal de casa. “Ele adorava um baile. Já minha mãe sempre cantava jongo para a gente. Já nasci jongueira!”, brinca. Quando criança, porém, ela não podia participar das rodas, já que, por tradição, o jongo deve ser dançado somente por idosos. Ao ver que, por causa dessa restrição, a batucada corria o risco de desaparecer, uma vizinha, Vovó Maria Joana (1902-1986), incumbiu o filho, Mestre Darcy do Jongo (1932-2001), de mantê-la viva. Ele chamou outras jongueiras e surgiu, então, o Jongo da Serrinha. Tia Maria foi uma das fundadoras do grupo e hoje, meio século depois, segue em plena atividade. 

“É uma satisfação saber que vou deixar uma rica herança cultural para as novas gerações”

Há treze anos, o Jongo da Serrinha tornou-se oficialmente uma associação sem fins lucrativos e, desde então, vem atuando em parceria com instituições públicas e privadas para a promoção do ritmo musical, tombado pelo Iphan como patrimônio imaterial em 2005. Em novembro do ano passado, o grupo inaugurou sua sede, em um espaço doado pela prefeitura. Batizado de Casa do Jongo, o local mantém viva a memória dessa tradição africana, além de oferecer uma série de atividades gratuitas — entre elas, aulas de canto, cavaquinho, teoria musical, cultura popular, percussão, artes e horticultura — às crianças de quatro escolas e duas creches da região. Também estão nos planos a implementação de atividades de geração de renda, como a venda de roupas e artigos feitos pelos moradores, e um projeto de economia solidária, arte e educação, que produzirá eventos comunitários como mostras de cinema, festas e semanas de leitura. “É muito bom termos um espaço que possa ser totalmente dedicado ao jongo. Principalmente para mim, é uma satisfação saber que vou deixar uma rica herança cultural para as novas gerações”, afirma Tia Maria. 

+ Nilcemar Nogueira coordena um projeto que preserva a memória do samba na Mangueira

 

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