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Startup Estante Mágica transforma crianças em jovens autores

Editora mirim já publicou mais de 200 mil autores em quatro anos de existência

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 27 out 2017, 13h43 - Publicado em 27 out 2017, 07h00
Concy com um grupo de estudantes: paixão pela leitura (Anna Fischer/Veja Rio)

Oitavo país do mundo em número de adultos analfabetos, o Brasil ainda tem apenas 8% da população com pleno domínio do português e capacidade de se expressar. Desafiando essa dura realidade, a pequena Evie Porfírio lançou, no ano passado, aos 7 anos, o seu primeiro livro. A obra, uma reinterpretação de Chapeuzinho Vermelho, traz ilustrações coloridas da própria autora. Na história, o Lobo Mau leva um tiro do caçador, com direito a desenho retratando a cena. “É um reflexo da violência à qual estamos expostos na cidade. Evito quanto posso que ela assista ao noticiário”, explica a mãe de Evie, a designer Bernardete Porfírio. O lançamento da obra, uma versão mais dramática e aterrorizante do conto de Charles Perrault, teve até manhã de autógrafos junto com outros amigos escritores. O evento foi organizado pela escola Notre Dame, onde Evie estuda, em parceria com a startup Estante Mágica, responsável pela metodologia e pela publicação do livro.

Criada em 2013, a Estante Mágica é uma plataforma digital que já transformou mais de 200 000 crianças em jovens autores. Nesses quatro anos, foi adotada em 2 000 colégios privados e públicos em 630 cidades de todo o país e conta com uma equipe multidisciplinar de cinquenta funcionários, entre psicólogos e pedagogos. “Nosso objetivo é contribuir para o desenvolvimento de habilidades que ajudem na formação de cidadãos mais conscientes e preparados”, afirma Pedro Concy, de 30 anos, um dos fundadores da empresa. Voltada para crianças de 3 a 10 anos, a companhia opera com custo zero para as escolas. Toda a receita vem da produção e venda dos livros elaborados pelas crianças a seus familiares. Em linhas gerais, funciona assim: o colégio parceiro ganha acesso ao site da empresa, no qual há propostas de conteúdos a ser desenvolvidos em sala de aula. O professor sugere então o tema que servirá de base para que os alunos criem — e ilustrem — suas histórias. Na etapa seguinte, os pais recebem o convite para escrever uma pequena biografia dos filhos, que será incluída na publicação. Concluídos, os textos e desenhos são digitalizados em formato de e-book. Os pais que desejarem poderão encomendar a impressão, a partir de 36 reais a unidade. A sessão de autógrafos, o encerramento da atividade, é um dos momentos mais emocionantes do processo. “Nessa era de computador e internet, já vi crianças com os olhinhos marejados ao deparar com o trabalho impresso. Tem pai que encomenda logo dez”, afirma Elisabeth João, coordenadora do CEL, na Lagoa, que realiza o programa no 1º ano do ensino fundamental.

Ao lado do sócio Robson Melo, Concy criou um modelo sólido que chamou a atenção de nomes respeitados da educação como a Fundação Lemann, organização sem fins lucrativos fundada em 2002 pelo empresário Jorge Paulo Lemann, dono de uma das maiores fortunas do mundo e o principal investidor do grupo educacional Eleva e do fundo Gera, também voltado para o setor. Concy foi aprovado no processo seletivo da entidade para integrar o programa Talentos da Educação. O objetivo é formar uma rede com alto potencial de liderança na área, suscitar a troca de experiências e discutir o futuro do sistema educacional. “O Pedro promove um processo de aprendizagem engajador e de alto impacto social. Seu negócio ajuda os alunos a ter mais confiança na própria capacidade de aprender”, atesta Anna Laura Schmidt, gerente de projetos da fundação. O próximo passo da Estante Mágica é a expansão para o exterior, onde já subsidia um projeto escolar no Quênia. De fato, para a leitura não há fronteiras.

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