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Roteiros turísticos alternativos mostram histórias antigas do Rio

Versões de tradicionais passeios guiados pela cidade fazem sucesso ao revelar lugares e personagens do passado sob novos ângulos

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 set 2017, 21h01

No último dia 28, um domingo de sol, mais de 100 pessoas pegaram o trem na Central do Brasil com destino a Bangu. Os participantes do tour promovido pelo professor Rodrigo Rainha, do projeto Rolé Carioca, eram tantos que o habitual megafone teve de ser substituído por equipamento de som mais potente. A gente reunida naquela manhã de passeio pela Zona Oeste estava interessada em informar-se sobre a influência inglesa no bairro, sua importância para a introdução do futebol no Brasil e outros episódios marcantes. Mais tarde, um grupo menor, mas não menos curioso, acompanhou o professor de história da arte Paulo Debom e o guia turístico Marcelo Ferreira Spohn, da Gestto Cultural, em visita mediada pelas galerias do Museu Nacional de Belas Artes. Através das obras expostas, Debom deu uma aula sobre os caminhos da moda. Esses são dois exemplos recentes de um programa que, típico para turistas em férias, vem atraindo cada vez mais cariocas. Roteiros fora do usual abordam segredos encantadores da cidade. Pelo menos duas dezenas deles devem acontecer nos próximos dias, com grande variedade de temas e períodos históricos.

Moda e Arte – uma viagem pela coleção do MNBA (Selmy Yassuda/Divulgação)

Em 1710, o francês François Du Clerc comandou seis navios rumo ao Rio de Janeiro, sinceramente interessado em saquear as riquezas da colônia. A notícia vazou (tinha disso, já naquela época), houve resistência e Du Clerc deu-se mal: viria a ser assassinado na prisão, no ano seguinte, o que levou seu conterrâneo René Duguay-Trouin a repetir a missão, ainda em 1711. Com esquadra mais poderosa, o segundo assalto foi bem-sucedido e rendeu polpudo resgate. Capítulos das invasões francesas serão tema da próxima expedição organizada pelo projeto O Corsário Carioca. No dia 17, a bordo de uma escuna, o público percorrerá praias da Baía de Guanabara, fortalezas e outros cenários das batalhas. Além de atores caracterizados, o passeio conta com cartógrafos, biólogos e o pesquisador e memorialista André Luis Mansur — autor do livro A Invasão Francesa do Brasil (Edital, 112 págs., R$ 30,00), que será distribuído aos participantes. “Na invasão de Du Clerc, imagine a cena de quase 1 000 homens desembarcando em Guaratiba. Eles levaram oito dias para atravessar as montanhas de Jacarepaguá e da Barra a pé até chegar ao Centro, onde foram combatidos com a ajuda dos moradores”, ensina Mansur.

Outra viagem marítima, o programa Encantos da Baía de Guanabara, com onze horas de duração, tem como ponto alto a parada na Ilha do Sol, na rota para Paquetá, onde viveu a dançarina Luz Del Fuego (1917-1967). O paraíso perdido da diva do teatro de revista, que costumava se apresentar nua, coberta por cobras — Cornélio e Castorina, suas jiboias amestradas —, ganhou fama como reduto de naturistas e acolheu estrelas de Hollywood, a exemplo de Ava Gardner, Errol Flynn e Steve McQueen. Nessa nova modalidade de lazer que ensina também se aprende um bocado em terra firme. Na programação da feira ArtRio, que começa no dia 14, o terraço do Instituto de Resseguros do Brasil, pérola modernista desenhada pelo paisagista Roberto Burle Marx e pelo artista Paulo Werneck, vai virar roteiro de visita guiada. Bares e cafés antigos, o rastro esquecido de grandes nomes da música e pérolas arquitetônicas pouco conhecidas estão entre as atrações disponíveis para quem estiver disposto a bater perna pela cidade (leia o quadro).

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Luis Teixeira Mendes, fotógrafo, 48 anos, fez a visita ao Museu Nacional de Belas Artes no dia 28 e a recomenda. “O programa oferece uma nova forma de encarar a própria ida ao museu, temos de estimular esse tipo de iniciativa”, diz. A concorrência no setor é grande, para felicidade dos interessados. Um pioneiro nesse ramo, o geógrafo João Baptista Ferreira de Mello costuma organizar, além de roteiros convencionais, idas aos cemitérios do Catumbi e São João Batista. Fãs de arquitetura e urbanismo devem ficar atentos à programação idealizada pelo pesquisador Rafael Bokor, que percorre diferentes bairros em busca de casas e prédios emblemáticos, como a Casa das Laranjeiras, exemplar art déco meticulosamente restaurado, sob consultoria do Instituto Art Déco Brasil, para sediar a empresa Sergio Castro Imóveis. Entre tantas opções, uma dica para não perder o bloco dos turistas da história é acompanhar, nas redes sociais, as páginas das empresas organizadoras. Novidades sobre o passado não param de surgir.

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