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Projeto de revitalização da Marina da Glória foi aprovado

O espaço ganha finalmente um projeto de revitalização digno de sua localização e relevância para a cidade

Por Cibele Reschke
Atualizado em 2 jun 2017, 12h53 - Publicado em 22 nov 2014, 00h00

 

Aos olhos da maioria sem barco, a Marina da Glória é uma ilha cercada de grades e tapumes. O complexo náutico inaugurado em 1979, patinho feio no cenário de cartão-postal do Parque do Flamengo, ainda é ameaçado de tempos em tempos por tentativas de revitalização de gosto duvidoso, para dizer o mínimo. Essa triste sina tem data para acabar: na semana passada foi aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a proposta da atual concessionária do espaço, a BR Marinas, que visa a deixar o lugar nos trinques até fevereiro de 2016 — pronto, portanto, para sediar competições dos Jogos Olímpicos, que devem acontecer em agosto do mesmo ano. Orçado em 60 milhões de reais e totalmente custeado pela empresa, responsável por outras oito estruturas do gênero no país, o projeto é assinado pelo arquiteto Eduardo Mondolfo, que já trabalhou com Oscar Niemeyer (1907-2012) e é autor de prédios conhecidos, como o do Shopping Leblon e o do Hotel Fasano.

O plano aprovado, e já em execução, parte do óbvio — o que é um avanço em relação a ideias mirabolantes anteriores, a exemplo da construção de um centro de convenções no local, sugerida pelo empresário Eike Batista (veja o quadro na pág. ao lado). “Queremos fazer com que as pessoas se lembrem  de que a finalidade principal do lugar não é ser palco para grandes eventos”, afirma Gabriela Lobato, presidente da BR Marinas. Para favorecer a circulação de pedestres e ciclistas, sejam donos de barcos guardados por lá ou não, grades serão derrubadas e as 510 vagas de automóveis ficarão concentradas em um estacionamento único, em parte no subsolo. No prédio principal, a chamativa cobertura de lona pontuda será subs-ti-tuí-da por um jardim sobre a laje. O projeto paisagístico é do escritório fundado por Burle Marx (1909-1994), responsável pelo desenho do Parque do Flamengo. Com vista para a enseada, será construído um restaurante em forma de peixe. Inspirado pelo desenho que criou, à moda das curvas voluptuosas de Niemeyer, Mondolfo já apelidou o lugar de “badejão”. Nas construções da área, o acabamento será feito com madeira, com colunas inclinadas e embaralhadas, reproduzindo a concentração de mastros das embarcações.

Marina da Glória
Marina da Glória ()

Na configuração atual, há espaço para 167 barcos dentro da água e 73 em vagas secas. Depois da reforma, a capacidade vai aumentar para 415 e 240, respectivamente. O número de lojas será reduzido de quarenta para 24. “Não queremos transformar a Marina em shopping”, diz Gabriela Lobato. Nas contas da concessionária, os serviços náuticos por si sós podem viabilizar o negócio. Segundo dados da Associação Brasileira de Construtores de Barcos e Seus Implementos (Acobar), o Rio tem uma demanda de 1 000 vagas para barcos — ou seja, a procura tende a ser grande. Para a população em geral, a promessa é que o Rio ganhe mais um belo espaço público em 2016.

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No ano passado, quando o empresário Eike Batista, em crise, passou a concessão do lugar para a BR Marinas, a prefeitura montou a Comissão Especial da Marina da Glória. “Historicamente, tivemos propostas muito exageradas e confusas, então percebemos que precisávamos definir princípios”, afirma Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e um dos integrantes do grupo formado. Os parâmetros sugeridos buscam resgatar o bo-m–senso ao determinar que a planta não ofusque a paisagem do entorno, onde se veem o Parque do Flamengo, o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara. Também se recomendou evitar o confronto com o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Monumento aos Pracinhas, construções históricas na vizinhança. A obediência a conceitos do projeto original, do arquiteto Amaro Machado, de 1979, tornou-se obrigatória. Seguidas as recomendações, e devido à urgência nos preparativos para a Olimpíada, o Iphan deu o sinal verde. “Um erro comum de iniciativas anteriores foi a proposta de mudanças radicais em uma paisagem naturalmente perfeita”, diz Mondolfo. “Querer chamar mais atenção para uma obra arquitetônica, nesse caso, é brigar com Deus.” Os cariocas, com e sem barco, agradecem e torcem pelo sucesso da empreitada.

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