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As lições da Rio+20

Trânsito caótico, falta de transporte público, sinalização ruim e preços abusivos foram problemas recorrentes durante a conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Veja o que o Rio precisa mudar nos próximos eventos

Por Ernesto Neves
Atualizado em 5 dez 2016, 15h32 - Publicado em 22 jun 2012, 20h38

A conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, chegou ao fim nesta sexta (22) e deixou algumas lições para a cidade. Entre chefes de estado, diplomatas, líderes sociais e empresários, cerca de 70.000 pessoas de 188 países desembarcaram por aqui ao longo da última semana, evidênciando que problemas crônicos como os transportes públicos e, consequentemente o trânsito ainda tem longo caminho a percorrer para atingir a qualidade de outros centros urbanos. Com a Copa das Confederações marcada para o próximo ano, a Copa do Mundo em 2014 e a Olímpiada em 2016, a cidade precisa correr contra o tempo para não repetir o cenário caótico dos últimos dias, em que trens e barcas circularam abarrotados, o trânsito entre a Zona Sul, o Centro e a Barra deu um nó e os preços de hospedagem e serviços foram inflacionados a patamares abusivos.

Confira abaixo o que deixou a desejar durante o evento

Trânsito: Como qualquer carioca já imaginava, a cidade parou. O prefeito da cidade, Eduardo Paes, bem que tentou maquiar a realidade decretando feriado escolar e ponto facultativo para funcionários públicos, e, às pressas, ao governo municipal teve de anunciar mudanças no esquema especial de trânsito, com a criação de de uma faixa exclusiva para as autoridades na Linha Vermelha. Mesmo assim, quem tentou se deslocar nos últimos dias teve de enfrentar a lentidão e, para piorar, foram canceladas as pistas reversíveis da orla de Copacabana até o Leblon.

Transporte: Se os trens, ônibus, barcas e metrô estão sobrecarregados durante dias úteis normais, durante a conferência a situação ficou ainda mais complicada. Com os apelos para que o público utilizasse o metrô, a demanda aumentou de forma desproporcional e a superlotação fez com que passageiros passassem mal de calor. Uma grávida de 19 anos precisou ser atendida pela equipe do metrô na estação Central. Nas barcas, o panorama foi o mesmo. Com a piora do trânsito nas linhas expressas, especialmente na Linha Vermelha, moradores da Ilha do Governador tiveram de se espremer nas barcas para conseguir chegar ao Centro.

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Logística: No Forte de Copacabana, não estava previsto o aumento de público na proporção registrada. Para conferir a exposição Humanidade 2012, organizada pela cenógrafa Bia Lessa, havia uma fila de espera de até cinco horas. O resultado: filas iam de Copacabana até a Praia de Ipanema e a preferência para idosos, prevista em lei, acabou desrespeitada. Em apenas 11 dias, 210 000 pessoas estiveram no local. Em compensação, o Parque dos Atletas, na Zona Oeste, teve movimento tímido mesmo abrigando estandes de 50 países. Faltou transporte para levar o público até lá.

Sinalização. Causou confusão entre delegações estrangeiras. Na quarta (21), dois carros da comitiva japonesa que seguiam para a estação de tratamento de esgoto da Cedae no Caju se perderam. Os automóveis acabaram entrando por engano em uma favela da Zona Portuária e se depararam com traficantes armados. O incidente acabou com os veículos deixando o local, mas poderia ter terminado em tragédia.

Alimentação. Se o evento era sustentável, não se pode dizer o mesmo sobre a comida servida. No Parque dos Atletas, a praça de alimentação contava com opções nada saudáveis, como pizza e hambúrguer, e chegou a faltar água por lá. No Riocentro, as delegações tinham poucas opções de cardápio disponíveis, e os preços assustaram: um sanduíche custava, em média, 18 reais. Uma refeição completa não saía por menos de 30 reais. Na Cúpula dos Povos foi ainda pior: índios passaram mal após se alimentarem com comida estragada. “Isso mostra que ainda somos tratados como verdadeiros selvagens”, disse, indignado, Cristiano Santos, de 18 anos, integrante da aldeia Pakuru.

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