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Novos ares no palácio

Com longa trajetória na gestão pública e boa de garfo e de copo, a primeira- dama do Rio dita o estilo do governador

Por Sofia Cerqueira
Atualizado em 2 jun 2017, 13h10 - Publicado em 9 abr 2014, 19h38

As circunstâncias em que foram feitas as fotos desta reportagem desvelam o estilo da nova primeira-­dama do Rio. Maria Lucia Cautiero Horta Jardim, 58 anos, dispensou os serviços de maquiador e cabeleireiro e preferiu ela própria cuidar do visual, como de praxe. Casada com o governador Luiz Fernando de Souza, o Pezão, que herdou na última sexta (4) o cargo de Sérgio Cabral, ela é tida como uma companheira dedicada e um trator quando o assunto é trabalho. Formada em direito, foi secretária de Fazenda de Piraí, terra natal do marido, em sete gestões. Até dois anos atrás, com Pezão já no posto de vice-governador e instalados na capital, ela se deslocava diariamente do Rio até a cidade, no Vale do Paraíba, para seu batente na prefeitura. Aposentada desde fevereiro, “Biluca”, como é chamada pela cara-metade, quer ter mais tempo para poder acompanhar o marido, em campanha para a próxima eleição, e também se lançar em novas missões profissionais. “Minha ideia não é ter só um título formal, é dar expediente mesmo”, afirma Maria Lucia. “Se deixar, ela trabalha mais que eu”, diz ele.

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Depois de tanto tempo como guardiã do cofre de Piraí, Maria Lucia abriu mão da carreira de gestora para tornar-se o braço-direito de Pezão. Devido à agenda sobrecarregada do “Sr. Jajá” ? sempre que ela liga à noite, ele diz que já está indo, daí o apelido ?, cabem à primeira-­dama as tarefas de ir ao banco, fazer compras e até cuidar do imposto de renda do governador. Fala com admiração de tudo o que diz respeito ao marido, com exceção do seu estilo, que, diga-se, já foi mais desleixado. Com mão de ferro, todos os dias ela coloca em um cabideiro as peças que ele usará, do blazer aos sapatos. Inclusive, livrou-o de um aperto. Como era impossível achar calçados de seu tamanho, 48, Pezão comprava sempre pares três números abaixo. A mulher teve então a ideia de mandar fazer sob medida os pisantes. “Ele brinca até hoje que, se o casamento não desse certo, pelo menos já teria servido para alguma coisa.”

A história do casal remete a mais de meio século, quando, aos 3 anos, Maria Lucia se transferiu de Belo Horizonte, onde nasceu, para a cidade do interior do estado. Eles viriam a se conhecer na pré-­adolescência, ao cursarem o ensino fundamental no mesmo colégio. Na época, o garoto desengonçado ? já próximo do 1,90 metro atual ? e a menina estudiosa eram apenas amigos. Aos 22 anos, ela se casou com um comerciante, foi morar num município vizinho e teve dois filhos, Eduardo, piloto, 35 anos, e Ro­berto, advogado, 33. Dezesseis anos depois, ela, separada, e ele, um solteirão convicto, voltaram a se encontrar e engataram o namoro ao som de Saigon (“Tantas palavras / Meias-­palavras/ Nosso apartamento / Um pedaço de Saigon”). Fazendo jus à fama de ansioso, Pezão logo propôs casamento, cerimônia que ocorreria seis meses depois, no Country de Piraí.

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Biluca e Pezão compartilham diversos gostos. Ambos são chegados a expedições por restaurantes e botecos, onde não dispensam chope e tira-gostos. Em Piraí, onde mantêm uma casa, ela encara o fogão para fazer receitas sem nenhuma restrição calórica, caso de sua especialidade, o leitão à pururuca. Com tais hábitos nada frugais, Pezão briga com a balança. Está agora com 130 quilos, enquanto ela se mantém nos 58, peso adequado para seu 1,60 metro. Maria Lucia tem tanta estima pela gastronomia que se empenha no projeto de erguer no Rio algo nos moldes do mercado madrilenho de São Miguel, que reuniria produtos selecionados do estado. Pensa ainda em construir um museu da cachaça.

Se o copo e o garfo unem o casal, eles diferem radicalmente em outros terrenos. A advogada adora conhecer outras culturas, enquanto Pezão é mais bicho do mato. Sua última viagem em dupla para o exterior foi há dois anos, e acabou mal. Tiveram de interromper o giro pela Itália ao receber a notícia de que seu apartamento, em um prédio sem elevador no Leblon, havia sido assaltado. Agora, o casal está de mudança para um dois-­quartos em Laranjeiras, mais perto do Palácio Guanabara. Quando a poeira baixar, ela planeja voltar a assumir uma função que lhe ocupe o dia inteiro. “Maria Lucia é muito qualificada”, elogia o prefeito Eduardo Paes, que, em 1997, foi seu colega em uma pós-graduação em políticas públicas na UFRJ. “Não sei qual cargo ocupará, mas com certeza será um bichinho no ouvido do Pezão.” Pelo jeito, ela não vai arredar pé.

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