No tempo do gogó
A vida e a obra dos cantores dos anos 40, quando ter extensão vocal era o que valia
Ainda hoje funcionando no prédio do jornal A Noite, que já foi o mais alto da cidade, na Praça Mauá, a Rádio Nacional, seu ambiente e suas histórias permeiam as 367 páginas do livro Os Reis da Voz, de Ronaldo Conde Aguiar, recém-lançado pela Casa da Palavra. O autor traça o perfil de quinze nomes da era do vozeirão, que brilharam nos estúdios da emissora carioca especialmente nas décadas de 30 e 40, entre eles Francisco Alves (conhecido como o Rei da Voz) e Orlando Silva (o Cantor das Multidões). Com fotos da época, o trabalho revela bastidores de programas da emissora, como o comandado por Paulo Gracindo. Vem com CD na contracapa, mas há uma ausência importante: a gravadora de Nelson Gonçalves não liberou a inclusão de faixas dele no disco. Mesmo assim, podem ser ouvidas, entre outras, Fascinação, com Carlos Galhardo, e Chão de Estrelas, na interpretação de Silvio Caldas. São memórias de um tempo em que os ídolos tinham gogó afinado e grande extensão vocal. Essa geração aos poucos se despediu do sucesso, a partir da expansão da TV e das mudanças do gosto do público.