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Leticia Muhana, a cabeça por trás do sucesso do canal Viva

Com iniciativas arrojadas como o remake de <em>Escolinha do Professor Raimundo</em>, a diretora transformou reprises em um bom negócio

Por Pedro Moraes
Atualizado em 2 jun 2017, 12h21 - Publicado em 20 nov 2015, 00h00

Toda sexta-feira é dia de roupa branca no canal Viva. Graças à diretora Leticia Muhana, o hábito, comum a praticantes do candomblé, virou rotina entre os trinta funcionários de sua equipe. A jornalista convenceu até seu chefe de que a alvura da indumentária poderia trazer bons fluidos. “Se mal não faz, por que não apostar que vai dar certo?”, brinca, sem disfarçar uma ponta de ceticismo, Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat. A religiosidade é uma das peculiaridades dessa carioca, que viveu por duas décadas na Bahia e foi responsável por alguns dos maiores sucessos na grade de programação dos canais pagos. Não à toa, em 45 anos de carreira, ela tornou-se um dos tipos lendários que povoam as histórias da televisão, seja pela qualidade de seu trabalho, seja pelo temperamento forte e pelo rigor com que lidera equipes. Seu mais recente projeto é a reedição da Escolinha do Professor Raimundo, que estreia na segunda (23) no Viva, com cinco episódios inéditos. Outros dois foram feitos para a TV Globo, que veiculará o especial completo em dezembro. Tudo ideia da equipe comandada por ela. “O desafio de inventar algo e ver aquilo se materializar é que me dá prazer. Tenho a inquietação dentro de mim”, afirma Leticia.

O humorístico, criado por Chico Anysio (1931-2012), volta ao ar com Bruno Mazzeo no lugar do pai e novos intérpretes para os lendários alunos: Marcos Caruso fará o papel de Seu Peru, Mateus Solano será Zé Bonitinho, Betty Gofman encarnará Dona Bela e a comediante Fabiana Karla aparecerá como Dona Cacilda. “Estou homenageando meu pai publicamente para todo o país. Foi uma ideia muito feliz”, entusiasma-se Mazzeo. A Escolinha é um novo capítulo numa série de reedições bem-sucedidas do Viva. Lançado em 2010, o canal foi concebido como uma atração despretensiosa para as donas de casa, com novelas antigas, mas acertou em cheio ao recorrer à memória afetiva dos telespectadores. Desde o princípio, os índices de audiência foram acima do esperado e, hoje, a emissora está em nono lugar entre as TVs pagas, segundo o Ibope. Com o crescente interesse do público e a chegada dos anunciantes, logo se decidiu produzir conteúdo, basicamente remakes de programas de sucesso. A primeira aposta foi no Sai de Baixo. Gravaram-se quatro episódios inéditos com o elenco original, e tal foi sua repercussão que  a TV Globo os exibiu. 

Infográfico VIVA
Infográfico VIVA ()

Ex-editora do Jornal Nacional, Leticia foi convidada, em 1991, para compor a primeira equipe executiva da Globosat. Com a experiência acumulada no noticioso da Globo, onde trabalhava desde 1984, ela recebeu como missão estruturar o GNT, que dirigiu por mais de vinte anos. Lá, participou da concepção do Manhattan Connection e do Saia Justa. “Programas de debate e opinião só funcionam quando se dá a eles liberdade e defende-se o modelo. E esse é o caso de Leticia”, comenta Mônica Waldvogel, integrante da primeira formação do Saia Justa. Ao longo do tempo, além do trabalho no GNT, a diretora passou a integrar a equipe de criação da GloboNews, do SportTV e do Gloob. Por ser uma das poucas mulheres a concentrar tamanho poder na televisão, aprendeu a se impor em um meio predominantemente masculino. “Ouvi coisas que eu não gostaria de ter ouvido, mas sempre tive personalidade forte”, garante ela. “O rigor era necessário, mas me custou muitas horas de trabalho e inimizades.”

A rotina profissional sempre foi prioridade para Leticia, que se acostumou a acumular funções gerenciais e noites maldormidas. Adepta da astrologia, ela nasceu sob o signo de Leão e é devota de Iansã, seu orixá no candomblé. Essa forte combinação, segundo ela, ajuda a explicar o estilo durão com que lidera suas equipes. Aos 62 anos, Leticia diz que já se casou várias vezes, mas evita entrar em detalhes. “Desde os 15 anos faço isso”, brinca. Há poucos meses, porém, realizou um sonho antigo: adotou um filho, Gabriel, de 5 anos. O desejo da maternidade surgiu há seis anos, quando ela resolveu preparar um quarto em seu apartamento na Gávea. “Depois que me tornei mãe, passei a cuidar muito mais de mim, a fazer exames e praticar exercícios, como caminhar”, revela. Com a nova vida, Leticia está reformando a casa que tem em Salvador e planeja uma grande comemoração para a família no fim do ano. “Sempre gestei ideias, sempre fui uma espécie de mãe no trabalho. Agora, quero cuidar do meu filho”, diz. Levando-se em conta seu estilo workaholic, o temperamento forte e a paixão pela TV, trata-se de um desafio e tanto.

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