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Lanterna que dá choques elétricos vira ‘mania’ no Rio

Preocupados com a segurança, cariocas procuram equipamento para afastar assaltantes

Por Agência Estado
Atualizado em 5 dez 2016, 12h03 - Publicado em 22 jul 2015, 16h10

A semana de operações da Polícia Civil no camelódromo da Rua Uruguaiana, no centro do Rio, seguida da vistoria da Secretaria de Ordem Pública da prefeitura, tirou dos boxes uma mercadoria muito procurada pelos fregueses: a lanterna que dá choques elétricos, usada para afastar os assaltantes que atuam naquela região da cidade.

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Apesar de a lanterna não constar da portaria do Ministério da Defesa que regulamenta os armamentos não letais, os vendedores, com medo dos fiscais, têm evitado expô-la e vendê-la.

Nos dois últimos dias, a lanterna foi encontrada pelo Estado em apenas quatro dos 1.584 boxes do camelódromo, mercado informal de produtos pirateados e tradicional ponto de receptação de telefones e joias roubados no Rio. Há duas semanas, por ordem judicial, o camelódromo foi interditado pela Polícia Civil, que recolheu ao menos 3 toneladas de produtos cujos proprietários não apresentaram comprovantes fiscais.

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Os vendedores contam que a lanterna é muito procurada por clientes apavorados com a onda de assaltos que atinge avenidas movimentadas, como a Rio Branco e a Presidente Vargas – a última fica próxima do camelódromo. Cada equipamento custa R$ 70 nas barracas. “Isso aqui é o que mais sai”, disse um vendedor, atribuindo a procura aos ladrões, que atacam em bandos, quase sempre com facões e armamentos semelhantes.

Emprego restrito

Há comerciantes que dizem ter deixado de vender o produto, mesmo com o lucro garantido, por considerar que é proibido por lei. Para eles, a lanterna que de choque tem uso restrito a policiais, guardas municipais e profissionais do setor de vigilância. Apesar da ausência de dados sobre a intensidade da corrente elétrica emitida pela lanterna, cuja embalagem traz a frase “Made in China”, comum a mercadorias do camelódromo, a lanterna não é proibida. A polícia diz que a única apreensão foi feita em 18 de junho.

“Encaminhei a lanterna para a perícia”, disse a delegada Valéria Aragão, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Material, responsável pela ação na Uruguaiana. De acordo com ela, nenhum vendedor a procurou para perguntar sobre a possibilidade de comercializar a lanterna, chamada de Lantaser quando surgiu em São Paulo, em 2012.

O Exército informou que o Decreto 3.665 (de 2000) determina que controle e fiscalize as “armas de pressão que utilizam eletrodos energizados, pois este produto faz uso de gás comprimido para impulsionar o projétil”. Os aparelhos de choque que não lançam esses eletrodos, como a lanterna, não são controlados. A Secretaria Municipal de Ordem Pública informou que nenhum material semelhante foi apreendido e que não regula sua venda.

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Descarga elétrica

O manual de instruções não informa a amperagem (intensidade) da descarga elétrica, que determina a força do choque, afirma o médico Nabil Ghorayeb, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “O que sabemos em relação a essas armas é que, teoricamente, não causariam danos. Mas, se a pessoa tiver arritmia cardíaca, ou se usa dispositivo como marca-passo, pode ter risco. Ela pode ter uma parada cardíaca, que, se não for recuperada, leva à morte”, afirmou o cardiologista.

Segundo o engenheiro elétrico Sérgio Luiz Pereira, professor da PUC-SP, a tensão que consta no manual, 1 milhão de volts, é bem maior do que os 12 mil volts normalmente presentes em fios de alta tensão. “Quando os fios caem sobre um carro, o incendeiam.”  Para ele, a informação do manual pode estar errada.

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