Para José Wilker
Na comédia Giovanni Improtta, já em cartaz, o ator volta a interpretar o bicheiro da novela Senhora do Destino, além de encarar um novo desafio: dirigir o filme
Por que voltar a um personagem tão conhecido? O que me atraiu foi a possibilidade de usar o Giovanni como espelho para um país novo, que tem surgido nos últimos anos. No filme, a aristocracia não aceita essa nova classe social que é representada pelo personagem. Usei o humor porque, para fazer certas denúncias, você não precisa ser sisudo.
O filme vai da comédia ao policial. A ideia era surpreender o público? Eu não estava interessado em seguir um caminho realista. Tentei partir para uma estética diferente, entre o thriller policial e a comédia, que tem apelo popular e faz pensar. Não é o extremo do filme-cabeça nem o humor escrachado. Está ali no meio. Durante as filmagens, eu pensava muito em dois longas: Pulp Fiction (de Quentin Tarantino) e Fargo (dos irmãos Coen). Quero que o público se pergunte: para onde essa história vai? É como um desfile de escola de samba, com suas diferentes alas.
Depois dessa experiência, você dirigiria um filme novamente? Sim, sem dúvida alguma. Tenho dois projetos, aliás. Mas, dirigir e atuar, não sei… É muito difícil. Mentalmente fico até leve, mas fisicamente é complicado. Para essas próximas histórias, não existe papel para mim. Trabalhar neste filme foi uma grande alegria. Eu me diverti muito e continuo me divertindo. Há quem diga que fazer cinema é algo muito sofrido, mas não foi o que eu senti.