Reinado melancólico
Interditado desde terça (26) por problemas estruturais na cobertura, o Engenhão pode estar vivendo seu ocaso como palco dos mais nobres jogos e das mais emocionantes finais. A partir do início das obras de reforma do Maracanã, em setembro de 2010, coube ao Engenhão, oficialmente Estádio Olímpico Municipal João Havelange, uma espécie de monopólio das principais disputas dos times do Rio (foi lá, por exemplo, que o Flu se sagrou campeão brasileiro naquele mesmo ano). Também serviu como palco de shows memoráveis, como os de Paul McCartney e de Roger Waters. Seu reinado como o maior da cidade durou exatos 915 dias, de um 2 X 2 entre Botafogo e Vasco até a semana passada — o último jogo foi um sonolento empate sem gols entre Flamengo e Boavista, no sábado (23). Desde a sua inauguração, em 30 de junho de 2007, nunca foi unanimidade entre os cariocas, que o apelidaram de ?Vazião?, ?Enche Não? e outros nomes impublicáveis. Acanhado, difícil de chegar, péssimo para estacionar, o estádio do Engenho de Dentro bem que podia brilhar em seus últimos momentos como protagonista (já que o Maracanã reabre apenas em abril), mas vai enfrentando uma licença forçada e melancólica. Fica a torcida para que volte a seus melhores dias quanto antes ou pelo menos em 2016, como sede do atletismo da Olimpíada.
Memória da cidade
O bondinho do Pão de Açúcar festejou 100 anos em outubro de 2012, mas as comemorações de aniversário aparentemente não têm fim. Chegou neste mês às livrarias Morro da Urca: Estação da Música (Editora Lacre, pesquisa e texto de Monique Sochaczewski e Antonio Carlos Miguel), dando destaque aos shows e eventos realizados ali entre os anos 60 e 80, a exemplo dos projetos Quem Sabe Sobe e Noites Cariocas. Há centenas de fotos, como a do festeiro Guilherme Araújo com rapazes de sunga, inusitada peça de promoção de um dos bailes de Carnaval que promoveu lá em cima, nos quais costumava barrar equipes de TV, para garantir a privacidade dos foliões.
O som que vem de baixo
Pesquisa realizada pela consultoria Troiano, cujos resultados acabam de ser divulgados, mostra que o passageiro do metrô, pelo menos em relação ao que escuta na viagem, está feliz. O som ambiente (canto de pássaros da Floresta da Tijuca), o tema musical e até a locutora que anuncia as estações foram objeto de entrevistas com 250 usuários. Quase 70% disseram ter percebido, ao longo de 2012, significativas mudanças no que diz respeito ao que se ouve nos trens e nas plataformas. Oitenta por cento aprovaram a voz — mais carioca, menos fria que o padrão — de Zanna Lopes, empresária e mezzo-soprano. E o samba-jazz tocado por instrumentistas de Milton Nascimento, Maria Bethânia e Moraes Moreira também mereceu elogios.
Filmes para tijucano ver
Desprovido de orla e com poucas casas de espetáculos no bairro, o tijucano costuma eleger o cinema como sua principal opção de lazer. Números de um levantamento feito recentemente pelo conglomerado Kinoplex comprovam essa preferência: a média de público nas seis salas do Shopping Tijuca é a maior não só do Rio, como de todo o país, entre os estabelecimentos da rede. Na cidade não tem para ninguém, e no estado só o Top Nova Iguaçu chega perto, com média de 160 000 espectadores por ano em cada uma das salas.
Um brinde aos Beatles
Como não falta inventar mais nada, criou-se o Rock de Mesa. Trata-se de um movimento inspirado nas rodas de samba, mas com violões no lugar de pandeiro e tantã. Destaca-se o grupo liderado pelo guitarrista Diogo Silva, que vem se apresentando no complexo de boliche Striker Barra (no BarraShopping) e em bares do Downtown. Tal qual sambistas, eles fazem improvisos, brincam e repetem refrões ao infinito. Agora bolaram o Desafio Beatles: quem pedir alguma canção dos garotos de Liverpool (e são mais de 200) que a banda carioca não saiba tocar ganha uma rodada de chope.