A cantora da periferia de Belém está na estrada há quinze anos, mas foi em 2011 que seu hit, Xirley Xarque, estourou, com versos como “Ela vai preparar coado na calcinha só pra te enfeitiçar”. Além de carregar o rótulo de porta-voz do tecnobrega, gênero musical de sua terra natal, Gaby Amarantos passou a ser conhecida como Beyoncé do Pará depois de criar uma paródia para All the Single Ladies, música da colega americana. Ao lado de sua conterrânea Lia Sophia e de Nina Becker, Gaby se apresenta no festival Sonoridades, no Oi Futuro Ipanema, na sexta (23) e no sábado (24).
Por que o brega virou cult?
É um momento histórico, porque há muitos anos grandes nomes como Fernando Mendes, Waldick Soriano, Odair José e Diana cantam sobre o amor, a dor da traição. A aceitação do brega tem a ver com a evolução da sociedade, com a ascensão da classe C e com o fato de o público moderninho estar mais aberto. As pessoas passaram a entender que brega é um estilo de vida que engloba música, comportamento e, principalmente, liberdade. Vivemos e nos expressamos sem ligar para o que os outros pensam. Somos mais despreocupados e espontâneos, e as pessoas começaram a admirar esse modo de viver.
Que dicas você deu para Taís Araújo, Leandra Leal e Cláudia Abreu, que vão interpretar cantoras populares em Cheias de Charme, a próxima novela das 7 da Globo?
O mais importante era que elas entendessem o figurino e o comportamento. O artista da periferia não está preocupado com peso, com a raiz do cabelo, mas se importa com a liberdade, com o fazer música para se divertir, e se aceita do jeito que é. Dei dicas também sobre o vestuário exagerado: usamos isso porque gostamos e somos felizes dessa forma.
Onde é que entra a parte “tecno” no show?
Faço uma mistura de música tradicional paraense com recursos tecnológicos. Usaremos os tambores e a percussão ao lado de equipamentos de som supermodernos e projeções. Vai ser uma piração! Temas como o índio high-tech e a Amazônia dance vão ganhar o palco.