O sorvete derreteu
Para superarem a crise do mercado carioca de frozen yogurt, as redes ampliam o leque de produtos oferecidos aos clientes
Tudo começou no verão de 2007. No fim desse ano, a primeira loja de frozen yogurt no Rio foi inaugurada. Inicialmente, aquele sorvete azedinho causou estranheza, mas a promessa do prazer sem culpa (há apenas 80 calorias em 100 gramas) fez com que ele caísse no gosto dos cariocas e os endereços especializados proliferassem por toda parte. Em 2010, só em Ipanema, já havia uma iogurteria para cada 4?000 habitantes do bairro. Passado o êxtase em torno da novidade, o mercado entrou numa fria: as filas minguaram, os espaços se esvaziaram e começaram a fechar as portas um atrás do outro. Das 35 filiais da Yogoberry, a pioneira do setor, por exemplo, hoje restam apenas 22 na cidade. “Desde abril, o faturamento da rede já caiu cerca de 30% e nos últimos dois anos registramos uma queda de 50% no número de interessados em adquirir uma loja nossa”, confirma a proprietária da marca, a coreana Un Ae.
Baseado em franquias, o modelo de expansão adotado pelas redes de frozen yogurt foi justamente um dos grandes vilões da história. A estrutura simples de ser montada, o baixo custo do investimento e a promessa de ganhos estimados em 70?000 reais mensais fizeram com que muita gente achasse que estava fazendo um verdadeiro negócio da china ? inclusive empresários de outros setores, que nunca haviam trabalhado na área de alimentação. “Qualquer atividade nesse ramo é um pouco mais complexa, porque há uma legislação específica e muitas exigências da Anvisa que precisam ser cumpridas. Isso pode ser uma armadilha para os franqueadores”, conta Fátima Rocha, presidente da Associação Brasileira de Franchising, seccional Rio. Para quem investe, os modismos são sempre perigosos.
Depois que o entusiasmo inicial passa, só existem dois caminhos: inovar ou desaparecer. Quando o apetite pelos cones de peixe cru arrefeceu, por exemplo, as temakerias ampliaram a oferta no cardápio. Foram bem-sucedidas. Caminho semelhante começa a ser desbravado pelas iogurterias. “Quem não for criativo vai acabar morrendo”, acredita Alexandre Tenenbaum, diretor da Yoggi, criada em 2008 e comprada no início deste ano pela Brazil Fast Food Corporation (BFFC), dona da cadeia Bob?s. Além dos sabores tradicionais, as nove lojas da rede (eram quinze até 2010) oferecem agora açaí e salada de frutas. A Yogofresh também aderiu à onda e incluiu milk-shake e doces como cupcake. Já na Yoforia, a gama é ainda mais vasta. Inclui brownie, smoothies, drinques à base de café e, claro, sorvete de iogurte.