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Estudo revela que a obesidade infantil passou para 45,2% em trinta anos

Segundo a pesquisa da Uerj, quase metade das crianças e dos adolescentes cariocas entre 10 e 15 anos está acima do peso - e muitos estão hipertensos

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 jul 2018, 12h05 - Publicado em 6 jul 2018, 08h00
O levantamento foi feito com 1 892 alunos de onze escolas públicas da cidade (Steve Puetzergetty/Divulgação)

A estudante Julia Forasteiro tinha 9 anos quando sentiu fortes dores no peito e na nuca durante uma aula de educação física. O incômodo foi atribuído a uma alta de pressão, problema que se agravou com o tempo. Aos 11, durante uma crise de bronquite, nova medição deu o alerta: a máxima e a mínima estavam batendo na perigosa casa dos 20 por 12. Após uma semana internada na UTI, ela ganhou alta e um sério dever de casa. Com 95 quilos e 1,70 metro de altura, Julia precisava emagrecer urgentemente — caso contrário, o quadro de hipertensão tinha tudo para piorar. A menina aboliu o sal das refeições, cortou os biscoitos ricos em sódio do dia a dia e aderiu a uma dieta com baixa ingestão de carboidratos. Incentivada pela mãe, a professora Vanessa Forasteiro, de 36 anos, que também passou por um processo de reeducação alimentar nesse período, a garota eliminou quase 9 quilos em um ano e viu sua pressão se estabilizar. “É uma luta diária controlar a alimentação dela, em meio a tanta oferta de comida calórica e gordurosa, mas a gente não desiste”, conta Vanessa. “Hoje, ela está mais consciente da sua condição e sabe que precisa andar na linha”, completa.

Infelizmente, a situação da pré-adolescente Julia está longe de ser um episódio isolado. Um estudo comparativo feito por uma dezena de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) com 1 892 alunos entre 10 e 15 anos matriculados em onze escolas públicas do Rio mostrou que o índice de sobrepeso e obesidade nessa faixa etária saltou de 31,9% para 45,2% em trinta anos. Quando se fala em obesidade grave, então, o número pula de 6,7%, em 1987, para 17%, atualmente. Outra razão para preocupação: a elevação da pressão arterial está diretamente associada ao excesso de peso. O problema que acomete Julia atinge 29,1% dos gordinhos, e sua frequência é ainda maior entre os mais rechonchudos. “A obesidade é reconhecidamente uma condição que traz um conjunto de fatores que apontam numa direção muito ruim e preocupante para o futuro das crianças”, alerta a médica Andréa Araujo Brandão, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) e uma das autoras do levantamento. “Hoje, a doença cardiovascular, representada pelo infarto e pelo derrame, é a principal causa de morte no nosso país. Daí a importância de identificar essas alterações e corrigir esses hábitos ainda na infância e na adolescência, senão haverá cada vez mais adultos jovens com problemas no coração numa fase extremamente precoce da vida”, reforça.

A nutricionista Cynthia Howlett: conscientização dos alunos na Escola Parque (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Os dados das organizações internacionais de saúde mostram que tem morrido mais gente no mundo em decorrência da obesidade do que da desnutrição. Não à toa, governantes e autoridades de vários países, entre eles o Brasil, preocupam-se com o assunto. No início do ano foi sancionada uma lei estadual que determina a presença do nutricionista em tempo integral nas escolas, para analisar os alimentos comercializados e elaborar o plano de refeições dos alunos. Outro projeto de lei, aprovado no Senado em meados de abril, determina a inclusão de educação alimentar e nutricional no currículo dos ensinos fundamental e médio, nas disciplinas de ciências e biologia, respectivamente. De olho nas mudanças, a Escola Parque, com unidades na Gávea e na Barra, implementou no começo deste ano uma medida com o objetivo de conscientizar a garotada. Comandada por duas nutricionistas — entre elas Cynthia Howlett —, a iniciativa abarca procedimentos como a sinalização dos itens da cantina com as cores do semáforo e a realização de palestras, oficinas, degustações e aulas sobre conservantes e leitura de rótulos. “Até os 7 anos, a criança tem o paladar neutro, que pode ser lapidado, se educado corretamente”, alerta Cynthia. É como diz o ditado: melhor prevenir do que remediar.

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(Estudos do Rio de Janeiro I e II/Divulgação)

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