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Em busca da escola ideal

Especialistas apontam as questões fundamentais que os pais devem levar em conta no momento de definir o colégio dos filhos

Por Camila Neves Camilo
Atualizado em 2 jun 2017, 12h59 - Publicado em 27 set 2014, 01h00

 

Com a aproximação do período de matrícula para mais um ano letivo, os pais que pretendem trocar o colégio dos filhos iniciam uma maratona pelas ofertas disponíveis. A tarefa não é fácil, pois o universo é vasto: há mais de 4 500 escolas no Rio. E os modelos pedagógicos variam bastante. Há unidades tradicionais, bilíngues, religiosas, construtivistas, focadas em preparar para o vestibular e as que oferecem uma ampla opção de atividades extracurriculares, como empreendedorismo e robótica. Geralmente, a praticidade é o item número 1 entre os critérios de escolha. A proximidade de casa ou do trabalho também facilita os deslocamentos, especialmente levando-se em consideração o caótico trânsito da cidade. É evidente que o valor da mensalidade e os custos agregados (uniforme e material, por exemplo) também entram na conta. Mas, além dessas duas questões óbvias, outras, mais relacionadas à formação e ao bem-estar da criança ou do adolescente, devem ser incluídas na operação.

Um erro comum é dar valor excessivo à posição das escolas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ou no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ambos são importantes, mas não fundamentais. As avaliações são realizadas apenas no fim de cada ciclo (fundamental e médio) e nem sempre revelam a qualidade de ensino em outras séries. Além disso, entre as escolas líderes, a variação do desempenho tende a ser pequena.

Segundo especialistas, é preciso ser curioso e realizar um trabalho prévio de investigação para não errar o alvo. A dica é pesquisar informações sobre o colégio em redes sociais, analisar comentários de alunos e conversar com outros pais. “A maioria das escolas conta com equipes de marketing, e todas acabam adotando discursos muito parecidos”, alerta a orientadora educacional Catarina Iavelberg. “Quem já tem filhos matriculados pode dizer se esse discurso condiz com a prática”, ela afirma. Outra sugestão é marcar uma reunião com a coordenação pedagógica durante o horário de aula. O objetivo é observar o tratamento entre funcionários e a postura dos estudantes. Uma boa ideia é procurar por trabalhos escolares expostos nas paredes. “Dar destaque a esse material indica que, ali, os alunos são os protagonistas”, afirma a coordenadora pedagógica Débora Rana. Aliás, durante essa visita, é importante levar um acompanhante essencial: o futuro aluno. A opinião dele, com certeza, não é uma bobagem; afinal, se estiver adaptado à nova vida social, terá melhores condições para aprender. Nas próximas páginas, alguns itens básicos para compor o check-list na hora de escolher a melhor opção.

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Pedagogia
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Valores e pedagogia

Mais que se importarem com o tamanho do prédio ou a fama da instituição, os pais precisam verificar se a escola está alinhada com os valores cultivados pela família. “Muitas vezes, a melhor opção é uma escola menor que não está incluída entre as tradicionais, mas oferece o que os pais acreditam ser essencial”, afirma a orientadora educacional Catarina Iavelberg. Por outro lado, também é legítimo que os pais possam optar por instituições que tenham foco na formação voltada especificamente para o vestibular. A funcionária pública Paula Massena, de Laranjeiras, estudou no tradicional Colégio Santo Inácio, em Botafogo, e ali matriculou o filho Miguel, de 5 anos. “Optei pela qualidade, que eu já conhecia. Dá orgulho ser vista no trabalho como alguém que escreve bem. Português foi uma matéria que não precisei estudar para concursos, pois tive uma boa base desde pequena”, diz ela, apostando ainda no rigor e no foco da escola em relação ao vestibular. “Acompanho o ranking do Santo Inácio desde que o meu filho nasceu. Daqui a uma década o Miguel vai tirar de letra”, ela diz, ressaltando que o colégio aparece com frequência na lista dos mais bem colocados do Enem, ao lado de outras escolas religiosas do Rio, como o São Bento e o Santo Agostinho.

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Segurança

Pesquisas recentes realizadas por sindicatos de escolas particulares revelam que segurança já é o fator que os pais mais consideram para escolher o colégio. Colocá-la em primeiro lugar pode até ser exagero, mas sem dúvida a integridade física das crianças é ponto essencial. Câmeras e vigilantes que controlam a entrada e a saída tornaram-­se comuns, e várias instituições proporcionam segurança extra ao contar com áreas que permitem aos pais parar o carro dentro do próprio colégio.

Gestão de conflitos

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Aqui é importante ficar atento ao modo como a escola lida com problemas de relacionamento entre seus estudantes. “Assuntos como esse devem ser tratados por um orientador educacional, e não depender da postura individual de cada docente”, afirma a professora Telma Vinha, que costuma participar de grupos de estudo e pesquisa sobre educação. Em sua visão, as questões mais simples, que envolvem por exemplo dois ou três alunos, devem ser tratadas por um profissional com formação em mediação. Ele tem o dever de conversar com cada estudante, ouvir os vários ângulos do problema e, num segundo momento, juntar todos em busca de uma solução definitiva. Para conflitos com muitos alunos, como, por exemplo, quando os meninos não deixam que as meninas usem a quadra de esportes, a escola pode prever momentos de discussão conjunta, como assembleias ou rodas de conversa.

Gastos extras

Além da matrícula e da mensalidade ­— os sindicatos do setor estimam que o aumento para o ano que vem girará em torno de 12% ­­—, outros custos devem ser considerados, como os passeios de estudos. Geralmente, os ingressos e o transporte para essas visitas são pagos pelos pais. As escolas em período integral também oferecem atividades extras, como natação, judô ou idiomas, que podem ser cobradas à parte. Especialistas na área consideram que o total gasto com a escola não pode passar de 20% do orçamento mensal da família.

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Formação dos professores

Todos os educadores devem ter curso superior em pedagogia para os anos iniciais. A licenciatura é exigida para quem ministra aulas do 6º ano do ensino fundamental II ao fim do ensino médio. Além disso, é preciso haver um horário reservado na rotina para a atualização profissional, quando a equipe revisa sua prática. “O aluno só aprende de verdade se tem mestres bem preparados”, afirma Paulo Afonso Ronca, doutor em psicologia educacional. Outro aspecto importante é conferir se há muita rotatividade entre os docentes da instituição. Uma permanência mais longa ajuda a acompanhar com mais eficácia o desenvolvimento dos estudantes.

Bom uso da estrutura

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Não basta ter laboratório bem equipado, quadra para todas as modalidades esportivas e salas com lousa digital de última geração. O diferencial pode estar num detalhe. Um espaço bem aproveitado para o desenvolvimento dos bebês, com profissionais de saúde à disposição, foi um dos principais critérios da economista Renata Bayardino ao optar pelo Centro Educacional da Lagoa (CEL). Ela queria ter certeza de que a filha, de 1 ano, estaria em boas mãos enquanto estivesse trabalhando. “O fato de a escola ter uma pediatra nos dá segurança. Todo mês, ela envia um laudo com informações sobre a saúde da Joana”, conta Renata, moradora do Humaitá. A infraestrutura, com salas de chão emborrachado e pátio aberto para que as crianças peguem sol, também lhe agradou. “Até natação minha filha pode fazer no próprio colégio”, completa.

Participação dos pais

A escola precisa firmar boa comunicação com os pais. No caso dos menores, isso costuma ocorrer por meio da agenda. Para os maiores, o colégio deve reservar momentos para reuniões. “Infelizmente há instituições que convocam os responsáveis só quando surgem reclamações”, diz a orientadora Catarina Iavelberg. Outro aspecto interessante é conferir se a escola convida a família para conhecer os trabalhos produzidos pelos alunos e para os eventos, como feiras de profissões.

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