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Em tom de crítica e reflexão, São Clemente aborda a história do palhaço

Sob comando da carnavalesca Rosa Magalhães, escola apresenta o enredo <em>Mais de Mil Palhaços no Salão</em>

Por Agência Brasil
Atualizado em 5 dez 2016, 11h31 - Publicado em 3 fev 2016, 13h21

O que tem a ver uma padaria com um palhaço? Pois esta história faz parte do enredo Mais de Mil Palhaços no Salão, que a São Clemente vai levar para a Marquês de Sapucaí em 2016. A carnavalesca Rosa Magalhães, pelo segundo ano seguido à frente da escola, disse que a explicação vem de longe. Um padeiro francês trabalhava à noite como cômico, um dia ele chegou atrasado e não conseguiu lavar o rosto que estava sujo de farinha. Ao entrar em cena provocou risos, e os palhaços começaram a jogar farinha uns nos outros e passaram a usar o rosto branco. “A cara branca fez tanto sucesso com os enfarinhados, que até hoje eles usam”, contou ela.

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Na alegoria, que tem prateleiras com diversos tipos de pães, há também uma referência às representações folclóricas do Brasil. “As festas e manifestações folclóricas brasileiras todas têm palhaços. Festa do divino, bumba meu boi, Mateus e Catirina. É uma parte do enredo com esta palhaçaria ingênua e popular das festas que vem desde o século 17”, explicou a carnavalesca.

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E como diz o enredo, a escola amarelo e preto de Botafogo, zona sul do Rio, vai mostrar diversas representações dos palhaços. Para Rosa Magalhães, muita gente não tem uma visão clara do que é o palhaço. “Diz-se que palhaço é bobagem, mas não é bobagem. Tem um lado que é de crítica, de reflexão. Não se pode dizer que os filmes do Chaplin são bobagem. O Felini tem um filme maravilhoso chamado I Clowns [Os Palhaços, no Brasil], que é também umas reflexões em torno do palhaço. Tem até desfile de moda de palhaço, então, é um tema que acho que é universal todo mundo ri e todo mundo chora.”

Rosa destacou que na Europa os palhaços não falam muito, mas no Brasil é o contrário. Além de falarem muito, cantam, dançam e, até na gravação de Pelo Telefone, primeiro samba da história do ritmo, havia palhaços no coro. Para ela, o enredo pode ser usado em qualquer ocasião, especialmente em situações de crítica. “Ele não tem data marcada, porque sempre tem alguma coisa que anda fora dos eixos”, completou.

Crítica e reflexão

Por isso, a parte final do desfile será marcada pela crítica, por reflexões. Ela lembrou que no movimento estudantil dos jovens caras pintadas, em 1992, muitos deles usavam chapéu de bobo da corte. Nessa mesma parte do enredo haverá a carnavalesca vai usar panelas de diferentes cores e tamanhos, em uma referência a um panelaço. “Por acaso, a cor do bobo da corte na idade média era verde e amarelo, olha que absurdo, eram as cores que eles usavam. As cores dos bufões. Os meninos [caras pintadas] que usaram, aqui, [no Brasil] estavam em um revival da idade média”, lembrou.

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Otimismo

Quem também está otimista para o desfile é o ritmista e auxiliar de serviços gerais do barracão Rodrigo Borges da Costa, o Queixada. Ele é contratado pela escola para ficar na entrada recebendo quem chega e impedindo a passagem de quem não está autorizado. Além disso, ele está há 30 anos na bateria da escola.

 “Comecei na ala das crianças e depois fui para a bateria. Comecei tocando repique e passei para o surdo de terceira. É emocionante ver que tudo correu bem no final da avenida”, disse. “É muita emoção trabalhar aqui no barracão e depois ver na avenida”, acrescentou, ao destacar que a bateria da escola é a única em que o mestre que a comanda não usa apito para fazer as marcações e paradinhas no ritmo. “A diferença nossa é essa. É tudo por sinal.”

Queixada disse que a emoção de quem é integrante da bateria já começa quando entra na passarela do samba e é recebido com animação pelo público da arquibancada do Setor 1, que é a de ingressos populares. “Aquele é um momento especial. É como um jogador de futebol no Maracanã, com a torcida gritando o nome dele. É a mesma coisa para mim.”

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