Dez perguntas para Zé Ricardo
Diretor artístico do Palco Sunset, ele fala sobre futuras apostas e o que mais o impressionou na edição de 2013
José Ricardo Santana de Farias, mais conhecido como Zé Ricardo, assumiu a direção do palco Sunset em 2008. Aos 43 anos, o cantor e compositor diz nunca ter imaginado comandar um palco no Rock in Rio, fazendo o barulho conquistado hoje. Mas apesar do sucesso, ele sonha com a renovação do público “quero que o pessoal novo descubra que gosta de compositores como Cartola e Pixinguinha no nosso festival”.
Uma aposta que deu certo?
George Benson e Ivan Lins. Eu banquei essa dupla e foi incrível a forma como o público consumiu. Ben Harper também- ele captou o espírito do palco e preferiu tocar lá.
Alguma decepção?
Algumas vezes, em 2011 para ser mais específico, mas não digo nomes (risos). Tem atrações que se deslumbram com a marca Rock in Rio, topam participar, mas não tem o espírito de compartilhamento do palco, são arrogantes. Só dá certo quando o artista é generoso, não está preocupado apenas em mostrar o seu trabalho.
Quais atrações gostaria de trazer ao Sunset?
A banda americana Santana e os cantores Seu Jorge e Gilberto Gil.
E quais repetiria?
Lorenzo Jovanotti, Living Colour e Angélique Kidjo .
O show que mais curtiu?
Fiquei arrepiado quando Maria Rita sugeriu um repertório em homenagem ao Gonzaguinha. Rock n? roll é atitude e ela foi impecável.
Algo te surpreendeu nessa edição?
A presença do Lenine. Sempre quis trazê-lo, mas ele negava, dizia não ver seu trabalho no Rock in Rio. Depois de assistir às apresentações na TV, confessou que a vontade de participar o tomou- o que me arrepiou bastante.
Mudaria algo?
Pretendo atualizar as coisas, renovar o público. Quero colocar a galera mais nova para ouvir grandes obras, como Charles Parker, Djavan, Cartola, Pixinguinha. Sabe como trouxe o Jorge Benson? Após conversar com uma brasileira de 25 anos, em Portugal, que me disse não conhecê-lo. Fiquei atônito.
Como saber se a mistura de ritmos vai dar liga?
Invisto forte no sentimento. Claro que tem que ter técnica, saber se o cara tem musicalidade, mas se vai dar certo ou não, vemos na hora. Davi Moraes ficou receoso em tocar o maracatu no palco (por ser só instrumental), o encorajei e foi um sucesso.
Já recebeu muitos nãos?
Alguns. A resistência vem do medo. Para subir no Sunset, tem que ser bom artista para sair da zona de conforto.
O que toca e não toca no seu som?
Escuto de tudo, mas prefiro blues, soul e jazz. Um artista que tenho muita admiração é o Emílio Santiago, choro quando escuto e fico triste por não ter tido a oportunidade de trabalhar com ele.