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Cariocas se mobilizam e usam a web como canal para propor projetos viáveis que visam a melhorar a vida na metrópole

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 dez 2016, 13h42 - Publicado em 30 abr 2014, 17h19

Se usada com bons propósitos, como convém, a internet é uma ferramenta poderosa de transformações. Ela pode, e deve, servir de atalho entre o cidadão e o poder público, fazendo com que o primeiro tenha um canal de expressão, ao mesmo tempo em que as autoridades tomam o pulso da cidade. Um exemplo saudável dessa utilização é o projeto Rio+, que chega a sua etapa derradeira. Ao longo de quase um ano, ele convocou os cariocas a dar ideias para melhorar a vida na metrópole. Nesse período, foram reunidas em um site 1?692 proposições de aproximadamente 700 pessoas. Após avaliação feita por uma banca com membros da Fundação Getúlio Vargas, a partir de critérios como viabilidade econômica e impacto social das medidas, chegou-se a uma lista de 26 finalistas. Em seguida, eles passaram por outro funil, o do voto popular, de onde saíram os treze projetos vencedores, anunciados pelo prefeito Eduardo Paes na terça-feira passada (22). São ideias simples e exequíveis, como a troca de lixo reciclável por descontos nos transportes urbanos e a instalação de peneiras nos bueiros para evitar enchentes (veja o quadro na pág. ao lado). “Dizem que os cariocas só pensam em se divertir, mas, ao facilitarmos seu envolvimento com questões políticas, eles se tornam engajados e são muito criativos”, afirma Murilo Farah, criador da plataforma on-line que promoveu o concurso, com o apoio da prefeitura e de uma empresa de cosméticos.

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Para facilitar a escolha, as sugestões foram agrupadas por assunto. Com 488 propostas, o tema mobilidade liderou o ranking, seguido por cidadania (396) e sustentabilidade (329). Não havia restrição aos inscritos, salvo que cada projeto deveria custar no máximo 100?000 reais para ser implantado, pois, embora ainda não haja um cronograma de execução, a ideia da prefeitura é levar a cabo todos eles até o fim do ano. Como deixa claro o arco de idade e profissão dos envolvidos, a diversidade foi a marca do concurso. Reuniu num extremo a estudante Victoria Silva, de 12 anos, e no outro o engenheiro Victor Koifman, de 78, recordista com 49 proposições. Um pouco mais parcimoniosa foi a dupla de designers Gabriela de Souza e Moisés Richard, com cinco projetos, um deles vitorioso, o que prevê a instalação de bibliotecas móveis em praças, parques e praias. “Vivemos em um país com baixo índice de leitura”, diz Richard.

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Segundo a Trend Watching.com, empresa de análise de tendências mundiais com escritórios em Londres, Nova York, Sydney, Lagos e São Paulo, o engajamento cívico está entre as cinco principais orientações na agenda de 2014 das Américas do Sul e Central. O boletim divulgado no início do ano chama atenção para a web como um eficiente veículo de reivindicações, algo que, aliás, já demonstraram as manifestações de rua do ano passado, germinadas nas redes sociais. Nesse contexto, a prefeitura busca criar um canal de diálogo direto com as pessoas. “O objetivo é transformar em melhorias palpáveis a energia que os indivíduos têm para protestar. O cidadão precisa ser parte da solução”, afirma Bruno Henrique, diretor da Coordenadoria Imagem Rio, da prefeitura. Sob sua alçada está um pacote de ações que prioriza a gestão participativa. Entre essas iniciativas estão chats com o prefeito e as chamadas hackathons, maratonas de programadores convidados a criar aplicativos para demandas urbanas.

No exterior não faltam exemplos de movimentos impulsionados pela internet que originaram bem-sucedidas metamorfoses urbanas. Foi graças à mobilização de dois moradores de Manhattan, Joshua David e Robert Hammond, que nasceu o High Line, parque construído sobre o elevado de uma desativada linha férrea de Nova York que virou atração concorrida. De quebra, revitalizou todo o entorno, com novos hotéis, lojas, galerias de arte e restaurantes. Semelhante ao Rio+, o movimento Improve San Francisco (ISF), nascido há dois anos em uma das cidades mais populosas da Califórnia, já envolveu mais de 20?000 cidadãos. Além da confiança e do diálogo travado com o poder local, a população obteve conquistas concretas através da discussão na web. “As pessoas estão sempre muito atarefadas. O segredo para atraí-las é propor desafios estimulantes, usando ferramentas digitais com grande poder de alcance”, diz Nick Bowden, CEO da MindMixer, mantenedora do ISF. É o caminho a seguir.

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