Com pseudônimo de Joe, João do Rio analisava as reformas urbanas
Paulo Barreto assinava a coluna intitulada Cinematographo na Gazeta de Notícias entre 1907 e 1909
O Rio do início do século XX, comumente retratado por uma Avenida Central de prédios-palácios — hoje Avenida Rio Branco, repleta de espigões —, era o assunto de dez entre dez textos assinados por um certo Joe, assim mesmo, sem sobrenome, e publicados numa coluna intitulada Cinematographo, na Gazeta de Notícias. Afinado com o entusiasmo dos que viviam a “belle époque carioca”, dizia ele, em 1907, sobre o ex-prefeito da cidade: “Devemos insistir nessa ruidosa admiração por nós mesmos. E é necessário continuar a obra encetada pelo extraordinário Pereira Passos”. Quem estava por trás do pseudônimo era João Paulo Alberto Coelho Barreto, ou Paulo Barreto, ou simplesmente João do Rio, seu apelido mais conhecido. Sua verve é agora analisada pela pesquisadora Aline Novaes em João do Rio e Seus Cinematographos. O livro, desdobramento de tese de doutorado na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e publicado pela Mauad X, será lançado na terça (15) na Blooks Livraria, em Botafogo. A autora destaca que Joe não era só elogios, e perturbava as autoridades públicas com denúncias de que as reformas urbanas seriam destinadas mais às elites do que ao cidadão comum.