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Welcome to Rio, bem-vindos ao Rio

Gafes, despreparo, mau humor e outros perrengues enfrentados pela equipe de VEJA Rio nos centros de informação turística da cidade

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 dez 2016, 15h46 - Publicado em 30 jan 2012, 15h51

Não é novidade que a maré do turismo no Rio está alta. “Não existe mais baixa temporada na cidade, ainda mais com atrativos como Copa do Mundo, Olimpíada, UFC Rio e Rock in Rio”, afirma o Secretário Municipal de Turismo e presidente da Riotur, Antônio Pedro Figueira de Mello. Apesar do quadro extremamente favorável, a situação nos centros cariocas de informações turísticas é preocupante. VEJA Rio visitou dois deles – o da praia de Copacabana e outro da Rodoviária Novo Rio – e testou ainda a central telefônica Alô Rio. Despreparo, gafes e até mesmo má vontade foi o que encontramos em uma cidade que se prepara para sediar grandes eventos e já está sob os holofotes do mundo inteiro.

O material distribuído pela Riotur nos postos de informações turísticas e em mais de 300 localidades, como redes de hotelaria, albergues, agências de viagem e pontos turísticos, é rico e farto (veja aqui), mas fomos insistentes: para testar os conhecimentos dos funcionários da Riotur, bolamos perguntas que qualquer turista poderia fazer. O objetivo era também colocar em cheque a paciência dos atendentes. Onde é possível encontrar uma ararinha azul como a da animação Rio na cidade? Qual é um bom lugar para tomar vinho? Quanto custa o táxi do aeroporto internacional até a Zona Sul? O Pelé mora no Rio? Essas foram algumas das questões.

TRANSPORTE

QUANTO CUSTA O TÁXI DO AEROPORTO INTERNACIONAL DO GALEÃO PARA A ZONA SUL?

Posto da Riotur na Rodoviária Novo Rio: o atendente afirmou que todos os táxis do Galeão são tabelados, e não soube informar quanto custa a bandeirada na cidade. “Não costumo pegar táxi”, justificou. A sugestão foi ligar para as companhias listadas na brochura informativa da Riotur e combinar o preço.

Quiosque da Riotur em Copacabana: não soube informar o valor exato da bandeirada dos táxis na cidade. A sugestão foi pegar o frescão, um ônibus da Real Autobus, com bagageiro, que funciona no terminal de desembarque do aeroporto até às 22h30 e cobre itinerário da Zona Sul à Barra. O preço: 9 reais por pessoa. Uma boa opção para quem quer economizar.

Alô Rio (0800 285 0555): a sugestão também foi pegar o ônibus da Real, mas insistimos no valor do táxi. “A brochura informativa da Riotur estima em 54 reais a corrida do Galeão para Copacabana”. Mas a central telefônica, assim como os postos físicos, não soube informar o valor da bandeirada na cidade. “Só sei dizer que os táxis especiais do aeroporto, que não são amarelos, trabalham com valores fixos”.

GASTRONOMIA

QUE LUGARES SÃO BACANAS PARA TOMAR CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇAR, FAZER UM LANCHE GOSTOSO E TOMAR UM BOM VINHO?

Novo Rio: nenhuma informação foi provida em relação ao café da manhã. A dica foi folhear a brochura da Riotur com conteúdo sobre gastronomia. Para saborear uma boa massa em um restaurante bacana, a indicação foi a rede Spoleto, na própria rodoviária. Perguntamos sobre alguma casa genuinamente carioca, de preferência na Zona Sul. “Desculpe, não sei informar. Moro longe e não conheço muito bem a região”, lamentou o funcionário. Para o lanche, a sugestão foi Subway e, para tomar um bom vinho à noite, o atendente sugeriu um passeio pela orla de Copacabana.

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Quiosque Copacabana: “Minha filha, como eu vou saber quais são os seus gostos ou o que você quer comer? Procura na nossa brochura, está tudo lá”, disparou o funcionário visivelmente mau humorado.

Alô Rio: a opção para tomar café da manhã e lanchar foi o Boni?s, lanchonete entre a Avenida Copacabana e a Rua Siqueira Campos que a própria funcionária afirmou frequentar. Para almoçar, a sugestão foi escolher algum restaurante a quilo. Se o desejo fosse por um local mais sofisticado, duas boas opções seriam Carretão ou Forno à Lenha. Sobre um bom lugar para tomar vinho, nenhuma informação. A saída foi pela tangente: “Dá uma passada em um posto da Riotur. Lá eles oferecem um guia com várias informações sobre gastronomia na cidade, passeios e outras dicas”.

ROTEIRO TURÍSTICO

SÓ TENHO O FIM DE SEMANA PARA CONHECER A CIDADE. O QUE VOCÊ RECOMENDA?

Novo Rio: após mencionar o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, a sugestão foi procurar agências de turismo especializadas para agendar passeios. O atendente também recomendou uma caminhada à pé pelo centro da cidade. “Mas só se você gostar de museus, porque o centro é cheio deles”.

Quiosque Copacabana: curto e grosso, o funcionário da Riotur sugeriu uma ida ao Cristo, ao Pão de Açúcar e um passeio a pé pela orla de Ipanema e do Leblon, no sábado. Dali, a ideia era pegar um ônibus para conhecer a Lagoa e dar um pulinho a pé no Jardim Botânico, bem como no vizinho Parque Lage. Fechando o dia, compras no BarraShopping. Apesar da impaciência, o atendente mostrou tudo no mapa e anotou as linhas de ônibus rumo a cada um dos destinos citados. Para o domingo, a sugestão foi um passeio pelo centro da cidade, passando por Santa Teresa e terminando a noite na Lapa.

Alô Rio: Pão de Açúcar, Corcovado e Jardim Botânico foram indicados logo de cara. “Mas nesse final de semana a previsão é de chuva, então se programe levando isso em conta”, acrescentou a funcionária de plantão. Em caso de tempo ruim, a recomendação foi rumar para o Museu de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Centro Cultural Banco do Brasil ou Casa França Brasil. Sobre algum passeio guiado pelo centro da cidade, a atendente soube informar o que nenhum dos outros dois postos testados por VEJA Rio soube: faculdades como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Univercidade fazem este tipo de passeio. “Já fiz o tour com o pessoal da Univercidade e recomendo”. Indagada sobre como proceder para participar do passeio, a moça recomendou ligar para as universidades, mas não passou os telefones.

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FAVELA

COMO EU FAÇO PARA CONHECER UMA FAVELA? É SEGURO?

Novo Rio: o funcionário indicou agências que fazem passeios em morros cariocas, mas não soube informar se era seguro.

Quiosque Copacabana: “Minha querida, não acredito que você veio ao Rio para conhecer favela. Na sua terra não existe pobreza, é isso? Eles também têm TV de LCD, sabia? Que, aliás, nem eu tenho!”, esbravejou o atentende. Indagado sobre o perigo de fazer o passeio, a resposta foi: “Pague para ver”.

Alô Rio: “Existem empresas como a Jeep Tour e a Rio Adventures que levam os turistas em jipes. Confira os telefones na brochura informativa da Riotur em um dos postos físicos de atendimento ao turista”.

SEGURANÇA

POR ONDE NÃO DEVO ANDAR PARA EVITAR SER ASSALTADA?

Novo Rio: “No centro da cidade, especialmente à noite e no fim de semana”.

Quiosque Copacabana: “Turista tem mania de pensar que tudo no Rio é perigoso. Qualquer lugar do mundo é”.

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Alô Rio: “Não há restrição de local, basta apenas ter os cuidados que todo mundo precisa ter qualquer cidade grande, como não andar com câmera fotográfica à mostra, evitar andar com joias, levar a quantia de dinheiro suficiente para o dia e pegar táxi à noite”.

PROGRAMAÇÃO CULTURAL

ESTÁ ACONTECENDO ALGUM EVENTO LEGAL NA CIDADE? TEM ALGUMA PEÇA DE TEATRO BACANA EM CARTAZ?

Novo Rio: não soube informar. Uma turista que havia se aproximado do balcão de informações sugeriu dar uma olhada no jornal. O funcionário assinou embaixo e apontou o jornaleiro.

Quiosque Copacabana: o atendente ofereceu o livreto Rio Mapa Cultural, da Secretaria Municipal de Cultura, com a programação do mês na cidade. No entanto, não soube dar nenhuma indicação mais específica. “Não tenho tempo de ir ao teatro”, justificou.

Alô Rio: consultando o jornal, a atendente leu em voz alta opções de peças teatrais no Shopping da Gávea, no Teatro Ipanema, no Teatro Clara Machado e no Oi Futuro e também indicou o jornal para guiar a escolha.

CELEBRIDADES

A CASA DO PELÉ FICA NO RIO? ONDE MORA O ROBERTO CARLOS? COMO FAÇO PARA CONHECER O PROJAC?

Novo Rio: “Vou ter que olhar no Google”.

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Quiosque Copacabana: o atendente explicou que o Projac era muito longe, em Jacarepaguá, e emendou: “Não acredito que você veio ao Rio para correr atrás de artista”. Impaciente com a insistência, sugeriu o Posto 9, no Leblon, para quem quisesse ter a chance de encontrar celebridades. O segurança do quiosque interferiu na conversa com uma dica mais precisa: “Estão gravando uma novela no Leme”. Sobre o Pelé, não souberam informar se o jogador mora no Rio. Já sobre o cantor a informação foi correta: Roberto Carlos mora na Urca.

Alô Rio: “Os turistas costumam pensar que podem visitar o Projac, mas trata-se de uma empresa. Ou seja, só os funcionários têm acesso”, avisou a atendente. A funcionária sugeriu então um passeio pelas praias e livrarias de Ipanema e Leblon para ter a chance de esbarrar em alguma celebridade. Sobre Pelé e Roberto Carlos, ponto para a central telefônica da Riotur: “o ex-jogador não mora no Rio e o rei tem apartamento na Urca”.

CINEMA

ONDE EU CONSIGO VER UMA ARARINHA AZUL COMO A DO FILME RIO?

Novo Rio: “no zoológico”. Lá, no entanto, não há nenhum exemplar da espécie, apenas araras-azuis, de outra família. A ararinha azul mais próxima vive no zoológico de São Paulo.

Quiosque Copacabana: “Você foi enganada, porque esse pássaro não é uma espécie nativa do Rio, mas no zoológico deve ter”. De fato, antes de ser extinta, a ararinha-azul era encontrada apenas do extremo Norte da Bahia ao Sul do Rio São Francisco. No zoo do Rio, no entanto, não existe nenhuma.

Alô Rio: “Não sei se existe no zoológico do Rio, mas você pode dar uma ligada e checar”. Depois de passar o número do telefone, a funcionária anuniou: “Chegou um casal de tigres de bengala lindos no zoo. Por que você não dá um pulinho lá no final de semana? A entrada custa 6 reais e criança de até um metro de altura não paga”.

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De acordo com Figueira de Mello, Secretário de Turismo do Rio e presidente da Riotur, a diretoria de marketing do órgão é a responsável por treinar os atendentes dos pontos de informações turísticas espalhados pela cidade. O treinamento acontece em três dias não consecutivos, apenas. Resultado: quem chega aos guichês esperando uma indicação mais personalizada, como uma boa churrascaria entre as mil e uma da cidade, não encontra. Os folhetos, mapas, brochuras e o site da Riotur – além de uma boa dose de sorte – parecem ser os melhores amigos do turista.

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