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Ninguém segura a Barra

No momento em que você lê estas linhas, 100 prédios estão sendo erguidos no bairro, entre eles um centro comercial com 4 milhões de metros quadrados

Por Lula Branco Martins
Atualizado em 5 dez 2016, 15h54 - Publicado em 21 nov 2011, 16h12

Osinal fecha na Avenida das Américas. Em passo acelerado, grupos de moças uniformizadas, geralmente muito simpáticas, disputam a atenção dos motoristas. Seu objetivo é que eles abram a janela do carro para elas oferecerem fôlderes de propaganda de lançamentos imobiliários. A cena, comum nas principais ruas da região, é reveladora de um processo que caracteriza o bairro: a Barra não para. Ali a cidade ainda tem espaço para crescer, ali bons negócios podem ser fechados ? a um preço baixo em relação às áreas nobres da Zona Sul ? e, enfim, é para ali que parecem estar voltados os holofotes que apontam o futuro.

E não se está falando de décadas ainda distantes, séculos além.O futuro da Barra é agora mesmo, depois de amanhã. Cálculos de empresários do mercado de imóveis mostram que cerca de 100 prédios estejam subindo dentro dos limites do bairro. As instalações olímpicas, por exemplo, já vão saindo do papel e até 2016 têm de estar prontas ? incluída a vila que após os Jogos vai virar moradia, como aconteceu com os edifícios que abrigaram atletas do Pan, em 2007. Além do esporte, a área de entretenimento também se faz presente: no início deste mês foi inaugurado, com um show de Jorge Ben Jor, o Barra Music. Plantada entre a Cidade de Deus e a Avenida Ayrton Senna, a casa tem capacidade para 6?500 espectadores e o maior palco da América Latina.

Na Barra costuma ser assim: tudo é construído em escala abusada. A mais nova grandiosidade do bairro atende pelo nome, aliás pouco modesto, de Centro Metropolitano, em um terreno de 4 milhões de metros quadrados. Trata-se de um complexo de shoppings e unidades corporativas a ser erguido na Avenida Embaixador Abelardo Bueno ? que é para onde a região vai se esticando (veja o mapa). Tem a pretensão de fazer circular 140?000 pessoas a cada dia, com âncoras como a Renner (de roupas), o Ponto Frio (eletrônicos) e a rede Cinemark.

A área que vem sendo ocupada por torres (as do condomínio Rio 2 foram pioneiras nos anos 90), hospitais como o Centro de Reabilitação Sarah e colégios como o tradicional São José já era, no fim dos anos 60, tema de especulação do arquiteto Lucio Costa. Ao traçar o plano urbanístico para o bairro, ele dizia: “Onde se prevê a construção do Centro Metropolitano, região que não será ocupada tão cedo, deixe-se a várzea tal como está, com o gado solto, pastando”. Se vivo fosse, o mestre veria que o tempo passou e que não há mais um boi sequer por ali.

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Empreiteiros e donos de imobiliárias não tiram o olho desse novo eixo de crescimento. Rogério Zylbersztajn, da RJZ Cyrela, é um deles. Mantém na parede do escritório um mapa da vizinhança, de quase 6 metros quadrados. Na carta, ele colore de vermelho os negócios que já realizou na região, desde os anos 80. Faz contas, traça um xis imaginário no ar, compara distâncias, força um pouco a barra e frisa: “É na Abelardo Bueno que fica o centro geográfico perfeito da cidade”.

Depois da confirmação do Rio de Janeiro como sede olímpica, em outubro de 2009, quadruplicou o número de visitas aos estandes de venda de prédios naquele trecho da Barra, próximo do complexo de quadras que será erguido no terreno que hoje pertence ao Autódromo Nelson Piquet. Outro dado impressiona ainda mais: se, antes, 100 compradores em potencial conversavam com o corretor e apenas três fechavam o negócio, bastaram dois anos para a taxa atingir um número cinco vezes maior: hoje em dia, quinze em cada 100 assinam contrato. “A Barra está confiável”, atesta Marcelo Conde, da STX, empresa que também aposta suas fichas para os lados da falida pista de corrida. Exatamente ali, mas do outro lado da rua, em breve ele erguerá um hotel com a bandeira americana Hilton, cinco estrelas e 300 suítes. Marcelo (filho do ex-prefeito Luiz Paulo Conde) investe pesado, mas com os pés calçados: apurou, uma a uma, quais são as empresas que abriram recentemente escritórios no bairro, preparou slides e mandou para investidores. Mapa pronto, revelou-se a tendência de expansão para a Abelardo Bueno. E ninguém precisa de cursos avançados de matemática financeira para entender o motivo desse movimento: o metro quadrado na Abelardo custa menos da metade do mesmo espaço à beira-mar.

“Em relação ao mercado imobiliário, nunca houve um boom tão intenso”, afirma Rogério, da RJZ. Outdoors e faixas estendidas a cada quilômetro confirmam sua tese, chamando atenção para lançamentos como Link Office, Uptown, Corporate Executive Offices (o CEO, colado ao moderno minibairro Península) e, entre tantos nomes em inglês, aquele que vem sendo divulgado como o mais luxuoso dos novos empreendimentos: o VillageMall, nas Américas, dos mesmos donos do BarraShopping, buscando conquistar a classe AAA da região. Vai reunir marcas exclusivas de moda, gastronomia e cultura, com corredores mais largos que os da concorrência, pé-direito bem acima do habitual e 8?000 metros quadrados de vidros em claraboias e átrios. São números e iniciativas que só reforçam: essa é a hora de fazer negócios na Barra ? enquanto é tempo e enquanto ainda há espaço.

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