Carioca Nota 10: Bruna Mauro
A executiva Bruna Mauro criou um projeto que arrecada doações para crianças com câncer
As lágrimas nem haviam secado direito, e ela já se via com disposição para transformar a dor em amor. Na sua cabeça, isso era mais que uma rima. Queria realizar algo de concreto. É o que está fazendo. Em maio de 2012, Bruna Mauro perdeu sua filha, Alicia, que morreu de câncer antes de completar 2 anos de idade. No mês seguinte, ela já estava atrás de patrocinadores para sua causa. A menina havia sido vítima de um neuroblastoma, tumor maligno na glândula suprarrenal. Mas não apenas disso. Também penou por falta de vagas em hospitais — da rede particular — e teve de enfrentar quinze horas esperando uma ambulância. “Todo o stress, somado ao fato de não terem me deixado entrar no centro cirúrgico para acalmá-la, com certeza foi determinante para o fim de sua vida. Aquela cena, ela sendo arrancada dos meus braços, dilacera meu coração todos os dias”, conta Bruna, hoje com 34 anos, executiva de contas de um site de e-commerce. Ela é a criadora do Dia de Alicia, que tem como objetivo recolher doações para cerca de 150 crianças em tratamento de quimioterapia no Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro e na Clínica de Oncologia Pediátrica de Botafogo.
“Pode existir cura através do amor. Eu perdi uma filha, mas ganhei 150”
Este é o segundo ano do projeto, que já começa a arrecadar as contribuições para o Natal dos garotos e das garotas. Se em 2012 algo em torno de 100 colaboradores haviam sido conquistados, hoje o número de “anjos” (como Bruna Mauro chama seus parceiros) mais que triplicou. É gente como o jogador de futebol Neymar, o comentarista esportivo Roger Flores e os atores Malvino Salvador e Rodrigo Santoro. Vale doar camisas autografadas, bicicletas, livros e brinquedos, muitos brinquedos, que ela vai acumulando em sua casa, no bairro do Grajaú. Até cupcakes já foram oferecidos. No Facebook, cada vez mais gente conhecida adere à iniciativa, posando para fotos com a camisa da campanha. Em 2014 será a hora de institucionalizar a ideia: o Dia de Alicia vai se transformar, oficialmente, em uma organização não governamental (ONG). “Minha pequena foi um veículo para mostrar que há cura através do amor”, afirma. “Perdi uma filha, mas ganhei outras 150.”