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Concorrência virtual

Aplicativo para chamar táxi ganha a adesão de clientes e motoristas que estão atrás de conforto e segurança

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 13h20 - Publicado em 16 out 2013, 18h25
Selmy Yassuda
Selmy Yassuda ()

Pegar um táxi no Rio muitas vezes pode ser um calvário, que começa pela dificuldade de encontrar um veículo disponível. Até pouco tempo atrás havia duas opções para dar esse primeiro passo. A pessoa podia ir para a rua e esticar o braço em direção ao asfalto, à espera de que algum amarelinho parasse, contando com a sorte de que o condutor fosse um profissional correto. A outra alternativa, habitual para os mais precavidos ou para quem estivesse em local ermo, era pegar o telefone e chamar um veículo de cooperativa. Mesmo nesse caso, o usuário não estava imune a aborrecimentos, como deixa claro o relato da advogada Fernanda Oliveira, moradora de Laranjeiras, que trabalha até altas horas em uma área considerada perigosa do Centro, nas adjacências da Praça da Cruz Vermelha. “As cooperativas são como um telefone sem fio”, desabafa ela. “Quando retornam a ligação, muitas vezes é para informar que não localizaram um veículo próximo. Sem contar as inúmeras situações em que fiquei na mão mesmo após a confirmação da viagem.” Na era dos smartphones, a via-crúcis da advogada ficou para trás. Ela tornou-se freguesa de um aplicativo para chamar táxi, que atrai, numa ponta, passageiros em busca de um serviço seguro e eficiente e, na outra, motoristas atrás de clientela e agilidade.

Esse tipo de dispositivo tem se espalhado em diversas metrópoles mundiais. Surgida há pelo menos dois anos, a ferramenta tem entre seus pioneiros o GetTaxi, criado em Israel, e o myTaxi, da Alemanha. A novidade ganhou força neste ano no Rio, onde vem se difundindo rapidamente, com modelos em operação que já reúnem um cadastro de mais de 20?000 motoristas (veja o quadro acima). Para usá-los, a prerrogativa é ter um smartphone com acesso à internet e o sistema operacional Android ou iOS. O funcionamento não tem mistério. Após rápido cadastro do usuário, o aplicativo é capaz de localizar, via GPS, o carro mais próximo. De imediato, o cliente recebe informações como o nome, a foto e o telefone do condutor, além das características do veículo. Em seguida, ele pode acompanhar em um mapa o deslocamento em tempo real, com uma previsão de chegada. Entre outras facilidades, é possível selecionar um carro adaptado para transportar deficientes físicos ou equipado com bagageiro.

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Além da agilidade no processo, outra vantagem do recurso diz respeito à segurança. Antes de cadastrarem o motorista, as empresas de aplicativos checam toda a documentação do requerente e fazem um minucioso levantamento de seu histórico profissional. No Taxibeat, o cliente ainda tem acesso na tela do celular a uma avaliação do condutor feita por quem já usou seu serviço. “Como os taxistas sabem que podem ser avaliados, eles ficam mais atenciosos, dirigem com mais cuidado e mantêm o carro limpo”, observa a estudante de engenharia Paula Diamante, adepta da novidade. Há outro mecanismo de controle de qualidade. Como ocorre nas cooperativas, os dispositivos geralmente têm regras rígidas de conduta, com punição aos infratores. É o caso da Easy Taxi, que prevê a suspensão do motorista que recusar uma corrida. Trata-se de oportuna iniciativa numa cidade em que o serviço deixa a desejar, como mostrou uma pesquisa feita por VEJA RIO em maio. Durante 150 viagens nos amarelinhos, a equipe de reportagem flagrou diversos absurdos: condutores fazendo o caminho mais longo, discutindo no trânsito e recusando trajetos.

Apesar das vantagens evidentes e de ser algo aparentemente irreversível, o dispositivo tem provocado polêmica, figurando como o estopim de mudanças nas cooperativas, que, diante da concorrência da engenhoca, procuram cortar os custos operacionais, muitas vezes recorrendo à fusão com antigas empresas rivais. A expansão causou também um debate sobre regulamentação. Em São Paulo, representantes dos sindicatos de taxistas e das empresas donas de frota entraram com um pedido na Secretaria Municipal de Transportes para que os aplicativos sejam submetidos ao crivo do poder público, como já acontece com elas. “Temos regimento interno com firmes normas de conduta, além de um fundo para a recuperação de veículos e outros benefícios”, diz Eduardo Amaral, diretor comercial da Central Coop, com 652 veículos, 800 motoristas e 110?000 corridas realizadas por mês no Rio, onde os ânimos estão menos exaltados. “Mas a tecnologia é o futuro e precisamos trabalhar juntos. Por isso, liberamos o uso dos aplicativos nos horários ociosos.” A despeito do afrouxamento, já há profissionais preferindo abandonar a cooperativa para trabalhar por conta própria, munidos apenas de smartphone. “Pagava uma quantia fixa para a firma e me sentia explorado”, diz o taxista Rogério Homem. Agora, ele paga 2 reais por corrida realizada à fornecedora do aplicativo. Um bom negócio para ele, um ótimo negócio para o passageiro.

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