Aos 80 anos, Carlos José lança CD com composições com nome de mulher
Repertório vai da década de 30 à de 70, passando pelo tempo em que fazia de sua casa em Santa Teresa uma espécie de centro cultural
Os paralelepípedos e o trilho de bonde da foto acima logo denunciam: o prédio fica no bairro de Santa Teresa, mais precisamente na Rua Mauá (hoje Rua Paschoal Carlos Magno). Era o ano de 1961 e na sacada estavam Carlos José e sua esposa, Maria d’Ajuda. O endereço funcionava como uma espécie de centro cultural, recebendo expoentes da música brasileira, como João Gilberto, Geraldo Vandré e Sylvinha Telles, para reuniões à beira do violão e do piano. Aliás, Vandré, que mais tarde ficaria conhecido como compositor de músicas de protesto, em seus primeiros trabalhos como artista se apresentava como Carlos Dias, justamente em homenagem ao ídolo Carlos José. Formado advogado, mas também um seresteiro de voz aveludada, ele entoou muitas canções ao estilo dor de cotovelo, incluindo o grande sucesso Esmeralda: “Vestida de noiva / com véu e grinalda / lá vai Esmeralda / casar na igreja / Deus queira que os anjos não cantem pra ela / e lá na capela seu vigário não esteja”. Quatro anos depois do registro acima, acabou deixando a bela casa de três andares, mudando-se para Ipanema, onde mora até hoje. Aos 80 anos, Carlos José está lançando pelo selo Manacá o CD Musa das Canções (vendido na Arlequim, no Paço Imperial, ou pelo site da loja), ao lado do irmão, o violonista Luiz Cláudio Ramos, da banda de Chico Buarque e diretor musical de seus shows. Só há composições com nome de mulher, grande parte delas inspirada em figuras cariocas, com canja de Chico em Odete.