Roubo de carga: como comparsa de Beira-Mar autorizava crimes da cadeia
Cristiano Gregório de Lucena, o Zé Galinha, monitorava passos da quadrilha por grupo de mensagens chamado 'Família Ana Clara'
Nas investigações que levaram à operação contra uma quadrilha de roubos de carga comandada por Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, nesta terça (10), policiais identificaram diversas trocas de mensagens que mostram que Cristiano Gregório de Lucena, o Zé Galinha – preso na Penitenciária Moniz Sodré, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste – monitorava a atuação da facção por meio de um grupo de conversa. Da cadeia, ele também ordenava quando os roubos deveriam ou não ser realizados. O grupo de mensagens era chamado de “Família Ana Clara”.
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Com a quebra do sigilo telefônico, a polícia analisou as mensagens, em que Zé Galinha solicitava atualizações sobre a atuação do grupo fora da prisão. Segundo reportagem do jornal O Globo, em uma das trocas de mensagens, ele pergunta: “Bom dia, rapaziada, como estão as coisas por aí?”. Um dos denunciados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado Gaeco/MPRJ) responde enviando uma foto da comunidade. Segundo a polícia, Zé Galinha utiliza o grupo para monitorar de perto seu reduto e as movimentações das forças de segurança nas proximidades da favela.
Ainda segundo a reportagem, em outra troca de mensagens, Zé Galinha reclama que está faltando dinheiro para a facção porque não houve baile naquela semana. A mensagem é de maio de 2022. Em resposta, o comparsa conhecido como Cara de Mau comenta: “Não teve baile, aí deu uma quebradinha. Vê se bota uma atração essa semana, Zé, para arrumarmos um dinheiro”. No dia 13 de maio de 2022, por exemplo, ele não autorizou que um comparsa realizasse o roubo de um veículo com carga avaliada em R$ 213 mil porque o transporte teria escolta com quatro policiais.
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Nesta terça (10), agentes cumpriram 28 mandados de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho acusados de roubos de carga. Apontado como chefe da organização criminosa, Beira-Mar, preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, foi um dos alvos da ação. Ele ordenaria, da cadeia, os roubos.