Três perguntas para Victor Leal
Ele é um dos seis fundadores da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo, que estreia temporada de repertório no Oi Casa Grande na quinta (21)

Com algum ensaio e o figurino apropriado, o ator carioca radicado em Brasília costuma provocar boas gargalhadas. Victor Leal é um dos seis fundadores da Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo, criada e sediada no Distrito Federal, um sucesso sempre que passa pelo Rio. De volta à cidade, a trupe ocupa o Teatro Oi Casa Grande com uma mostra de repertório. Misticismo, a segunda peça da programação, estreia na quinta (21).
A mesma piada pode funcionar com plateias de diversas cidades do Brasil? O grupo existe há dezessete anos com a mesma formação. Nem sempre tivemos essa receptividade toda. Estouramos no Brasil pela internet, em 2006, quando começou a circular um vídeo com o esquete Joseph Klimber, do espetáculo Notícias Populares. No ano seguinte, gravamos no Canecão o DVD da peça, com mais de 30000 cópias vendidas. Mas, na nossa primeira temporada com a comédia, no Teatro Ipanema, em 1996, tinha noites em que não aparecia plateia. Na Casa da Gávea, em 1999, ainda não tínhamos público. Quando não chegava ninguém, descíamos para tomar chope na Praça Santos Dumont.
Hermanoteu na Terra de Godá, um dos maiores sucessos da trupe, já foi montada várias vezes no Rio. O público não cansa? Sempre nos perguntamos como ainda tem gente que não enjoou. A peça é um dos nossos carros-chefes, é muito pedida pelos produtores locais de teatro. Temos uma rede de contatos com esses profissionais em quase todas as capitais e cidades do interior. Entre as capitais, só não fizemos Macapá e Boa Vista. É uma sátira com personagens bíblicos, como Moisés, mas no contexto do besteirol. De repente, o imperador Júlio Cesar fala no Crivella. Outro ponto importante: nesse espetáculo temos 38 inserções no texto específicas para cada cidade. Quando vamos a Taubaté, Jundiaí, Marília e outros lugares, colocamos nas piadas os nomes dos prefeitos, dos prostíbulos e situações características. Uma vez, em São Luís, no Maranhão, fizemos uma piada sobre Sarney, o público se levantou e aplaudiu em cena aberta.
A peça vai virar um longa produzido pelo Bruno Mazzeo. Misticismo vai pela mesma linha? Sim, também tem inspiração religiosa. Em um dos quadros, chamado Missa Redonda, padres reunidos em volta de uma mesa debatem temas como pedofilia, a proliferação das igrejas evangélicas e rituais de umbanda.