No Rio, 71% dos transplantes não seguiram protocolo de transporte

Procedimentos ocorreram no Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, segundo relatório do Denasus

Por Da Redação
29 jan 2025, 15h38
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PCS Lab Saleme: laboratório onde foram cometidos erros que culminaram no transplante de órgãos infectados com HIV, no ano passado. (Rafael-Campos/Governo do Estado do Rio/Divulgação)
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Técnicos do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) encontraram uma série de irregularidades no Programa de Transplantes do Rio. Em relatório divulgado pela Globonews, eles detalham o que no Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, Zona Norte, no primeiro semestre de 2024, foram realizados 144 transplantes, sendo 71,6% dos casos feitos com órgãos recebidos com inconformidades em relação às normas sanitárias. Entre elas estão “irregularidades no processo de etiquetagem” e no “acondicionamento e transporte dos órgãos a serem transplantados, tais como: inconformidades no saco estéril, insegurança da caixa isotérmica, quantidade de gelo inadequada e documentação inadequada”.

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Segundo o Denasus, o hospital teria informado à Central de Transplantes sobre os problemas. Apesar disso, as cirurgias foram realizadas. Segundo o hospital, todos os órgãos “são avaliados pelas equipes do serviço de transplantes e apenas aqueles considerados seguros e próprios para o procedimento são transplantados, assegurando-se a qualidade e eficiência no procedimento”. Além das falhas em seguir os protocolos sanitários no transporte dos órgãos, o relatório também aponta um suposto direcionamento na contratação do laboratório PCS Lab Saleme — onde foram cometidos os erros que culminaram no transplante de órgãos infectados com HIV, no ano passado. O laboratório realizava exames em 11 unidades estaduais. Ao todo, seis pessoas foram infectadas com HIV após os exames do laboratório PCS indicarem erroneamente que dois doadores não tinham o vírus.

“Consideramos como graves (as irregularidades) porque elas podem, de alguma maneira, comprometer todo o processo. Faltou fiscalização ao contrato, e há problemas que indicam favorecimento de parentes. São indícios que devem agora ser investigados por outras instâncias como o próprio governo estadual, já que não temos essa competência”, disse ao jornal O Globo Alexandre Alves Rodrigues, diretor do Denasus. Desde a última semana, os técnicos do Ministério da Saúde e da Secretaria estadual de Saúde já se reuniram duas vezes para discutir os problemas apontados pelo relatório. “Já foram sanadas inúmeras não conformidades. Hoje, os etiquetamentos, a testagem, já estão sendo feitos de maneira adequada, por exemplo. Vamos continuar acompanhando com visitas e ações ao longo do ano, pensando na melhoria contínua”, acrescentou.

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Órgãos de controle, como o Ministério Público, investigam se houve algum favorecimento na contratação do PCS Lab Saleme pela Fundação Saúde, vinculada à Secretaria estadual de Saúde. Os sócios do laboratório são parentes do ex-secretário de Saúde e deputado federal Dr. Luizinho, que sempre negou envolvimento na contratação e afirma que não estava mais à frente da pasta na época da contatação. A Secretaria Estadual de Sáude diz que a licitação “foi feita por processo eletrônico, por menor preço, sem qualquer possibilidade de direcionamento”. O laboratório também nega que tenha havido direcionamento. Em nota, a Secretaria estadual de Saúde diz aonda que os fluxos do programa de transplantes foram revistos e que houve reforço no treinamento das equipes que atuam em hospitais públicos e privados.

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