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Lição para o anfitrião

VEJA RIO testa quiosques turísticos e constata que, apesar de simpático, o serviço poderia ser bem melhor

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 2 jun 2017, 13h15 - Publicado em 8 jan 2014, 12h28

Eleito pelo jornalão The New York Times e pelo conceituado guia de viagens Lonely Planet o melhor destino turístico de 2013, o Rio se vê impelido a aprimorar seus dotes de anfitrião. Finalmente, está em andamento uma série de medidas que visam a melhorar a vida do visitante, entre elas a ampliação do Aeroporto do Galeão e a reforma de hotéis da orla. Do pacote fazem parte também os oito novos postos de informações turísticas, inaugurados ao longo do ano pela Riotur. Distribuídos em pontos estratégicos da capital, eles se somaram a outros seis mais antigos. Durante três dias, VEJA RIO percorreu esses quiosques para testar a qualidade do serviço e avaliar os atendentes. Para aferir o domínio de outros idiomas por parte dos funcionários, a repórter conversou sempre em inglês. Em todos os endereços foram feitas cinco perguntas-padrão: Onde está sendo construído o novo Museu da Imagem e do Som? Qual o preço do táxi até o Galeão? Como se faz para chegar à Vista Chinesa? Onde fica a sede do bloco Cacique de Ramos? Que programa cultural indica? De maneira geral, os funcionários foram atenciosos, mas a boa vontade não conseguiu encobrir o fato de que o serviço ainda carece de vários ajustes (veja o quadro).

O pior resultado se deu no Aeroporto Santos Dumont. Durante o teste, a atendente se assustou diante da pergunta feita em outra língua e reagiu com um sotaque que era um atentado contra o idioma de Cervantes: “Hablas es­pa­ñol?”. Ao notar que não era compreendida, ela então aconselhou, em bom português, que a repórter procurasse o balcão da Infraero, “onde as funcionárias falam inglês”. Não foi a única manifestação de despreparo. A um casal recém-desembarcado que quis saber quanto custava um táxi até a Barra, a mesma moça respondeu: “Muito caro. Uns 200 reais”. Detalhe: bem à frente dela havia uma tabela que mostrava o valor de 75 reais para uma corrida nesse trajeto. Na véspera, na unidade de Ipanema, que fica na Praça Nossa Senhora da Paz, diante do pedido de sugestão de um programa cultural, a funcionária se ofereceu para fazer o serviço fora do expediente, uma vez que era “guia” também. Em uma outra visita, feita num fim de tarde, o quiosque estava fechado, embora seu funcionamento devesse se estender até as 8 da noite. Na Lapa, conhecido reduto boêmio da cidade, o ponto fica aberto só até as 10 da noite.

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O mau humor é exceção. Em linhas gerais, os funcionários são amigáveis e se esforçam, naquele jeito meio improvisado, para que o turista fique satisfeito. Como não contam com computador conectado à internet, chegam a usar o próprio smartphone para suprir as demandas solicitadas. “Gostei do atendimento. E ainda recebemos uma ótima dica para não irmos sozinhos a favelas, programa que não é totalmente seguro para quem não conhece a cidade”, conta a farmacêutica portuguesa Marta, que passou no pavilhão de Ipanema acompanhada do marido, o médico João Marques. No total há um quadro de 74 atendentes autodeclarados bilíngues. Eles recebem um treinamento que pode durar até dez dias, no qual estão incluídas aulas práticas. Uma vez por mês há uma reunião de avaliação em algum ponto de destaque. Já foi realizada no Museu de Arte do Rio (Mar), no Forte do Leme e no Museu da República. “A ideia é que eles adquiram mais vivência e ampliem os horizontes”, diz Paulo Villela, diretor de marketing da Riotur.

Investir em iniciativas que visem ao bem-estar do turista é algo inadiável em um país que neste ano superou pela primeira vez a marca de 6 milhões de visitantes internacionais e, em especial, na nossa cidade, que vai receber uma multidão de pessoas nos próximos anos em razão das competições esportivas que vai sediar. Ao lado da sujeira, da má sinalização e do sistema de transporte, a péssima qualidade das informações turísticas há muito encabeça a lista de reclamações de quem vem ao Rio. Até 2009, a cidade só contava com três postos voltados aos visitantes, sendo dois deles no Galeão e o outro em Copacabana. A primeira vez em que o serviço figurou como um fator positivo foi após a Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho, quando os novos quiosques já estavam em funcionamento. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Embratur, oito de cada dez turistas elogiaram a novidade. “O Rio é uma cidade turística há mais de cinquenta anos. O que estamos fazendo é acabar com uma deficiência antiga”, afirma o presidente da Riotur e secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello. Mais do que nunca, é hora de arrumar a casa. As visitas já estão a caminho.

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