Tempestade do fim de semana no Rio registrou cinco raios por minuto
2023 nem acabou, mais já se iguala a 2013 como o ano com o maior número de mortes por descarga elétrica: três; guia foi fulminado por um no domingo (19)
O ano de 2023 ainda nem acabou, mais já se iguala a 2013 como o ano com o maior número de mortes por raio no Rio: três. Parece pouco, mas a probabilidade estimada de uma pessoa morrer vítima de uma descarga elétrica é de menos que 1 para 1 milhão. E o último fim de semana registrou um número extraordinariamente alto de raios. Das 17h às 21h do sábado (18), por exemplo, uma tempestade despejou 1.255 deles na cidade, o equivalente a cinco por minuto. O número considera apenas o pico do temporal e foi calculado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora oficialmente os raios no Brasil, a pedido do jornal O Globo.
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O total do dia ainda está em análise, mas o coordenador do Elat, Osmar Pinto Júnior, diz que é maior e pode constituir, possivelmente, um recorde para o mês e mais uma das anomalias de um ano de clima extremo. Segundo ele, os meses de maior ocorrência de raios na cidade são janeiro, fevereiro e março, mais úmidos e, por isso, sujeitos a temporais do que novembro. O recorde por aqui é de 4.003 descargas elétricas em 15 de fevereiro de 2015.
A tempestade de sábado (18) não teve muita chuva — o sistema de alta pressão que gerou a onda de calor da semana passada sugou muito de sua umidade. Mas o calor acumulado na atmosfera gerou ventos fortes e uma colossal tempestade elétrica. A tempestade elétrica prosseguiu pelo domingo (19), quando um homem morreu fulminado por um raio na Pedra da Gávea. Era o guia de turismo Leilson Souza, de 36 anos, que estava na localidade da Cadeirinha quando foi atingido, por volta das 11h. Ele acompanhava um grupo até o alto da Pedra da Gávea — uma das trilhas mais difíceis do Rio — quando a chuva veio antes do previsto. A turista Karlla Conceição Araújo da Silva, de Rondonópolis, no Mato Grosso, gravou o momento em que a descarga elétrica atingiu Leilson. Karlla mostrava a paisagem da região. Nas imagens gravadas, é possível ver Leilson (com mochila verde e boné preto) se afastando do grupo. Segundos depois, um raio o atinge.
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A Pedra da Gávea tem 842 metros de altura e é altamente exposta a chuvas e tempestades. O Elat verificou que sete raios atingiram a Pedra da Gávea entre 11h e 12h da manhã de domingo (19). “Nunca devemos ir a lugares expostos em dias de mau tempo e, quando formos pegos de surpresa na rua, é preciso procurar logo abrigo“, recomenda Osmar. Ele acrescenta que nem é preciso estar no alto de uma montanha. Estádios como o Engenhão, por exemplo, têm para-raios e eles protegem quem está na arquibancada, mas não quem está no meio do gramado. “Esses são tempos extremos e precisamos mudar hábitos. Espetáculos ao livre, passeios, tudo isso precisa ser revisto em função da previsão do tempo. Vimos que podem custar vidas”, acrescenta.